Posted: 15 Aug 2013 03:56 AM PDT
Doutor
Bezerra de Menezes visita uma prisão com o intuito de encontrar pessoas
que carreguem o sincero sentimento de areependimento…
- Nosso primeiro destino será um dos
cárceres de nossa cidade.
Não há melhor lugar para entendermos o peso da
culpa e a ação do arrependimento do que esse, no qual os homens têm de
enfrentar o peso dos equívocos na própria carne, recordando que não
importa se a Justiça terrena cometa erros ao aprisionar inocentes.
O
importante é que nos lembremos que a cada pessoa só acontece aquilo que
está dentro de suas necessidades evolutivas, inclusive as injustiças
decorrentes dos equívocos legais, fazendo cada um suportar os males que,
um dia, tenham igualmente provocado.
Poderia não merecer o cárcere
segundo a exatidão dos cânones jurídicos, mas, em realidade, estava em
débito com os Códigos Divinos, que o conduziram ao ambiente onde
permaneceria com a finalidade pedagógica e expiatória.
Impulsionados pela vontade firme do
condutor do grupo que os organizou, Ribeiro, Jerônimo e Adelino, nos
vértices de um quadrado, Bezerra localizou os outros no seu centro,
criando um campo de forças que os circundava, protegendo os que eram
menos experientes, ajudando-os nos processos de volitação até o destino.
Vista do alto, a cadeia era uma grande
mancha escura na qual a revolta, violência, ódio e conflito davam o tom,
não importando se observassem o local das celas onde ficavam os presos
ou o lugar onde se localizavam os escritórios administrativos.
Soldados, agentes, funcionários, tanto
quanto os detentos, todos pareciam prisioneiros de inferioridades morais
e mentiras que os mantinham jungidos ao sistema repressivo para os
aprendizados evolutivos indispensáveis.
Fosse como cumpridores da sentença dentro
dos cárceres ou como seus guardadores, todos estavam lá para que
aprendessem que as quedas geram consequências para os que se projetam
nos delitos.
Os primeiros precisariam arrepender-se e procurar melhorar
ao contato com o isolamento enquanto que os guardas, funcionários,
autoridades deveriam ocupar o lugar de auxiliares do reerguimento moral
de seus semelhantes infratores, servindo-os com o desejo de ajudá-los na
retomada da dignidade aviltada.
No entanto, os condenados se perdiam na
escola de crimes e violências enquanto que os não condenados se
esmeravam na conduta promíscua, no explorar as necessidades dos
encarcerados, através da concessão de favores ou facilidades mediante o
comércio espúrio e vil de vantagens materiais ou outras, facilitando ou
dificultando a vida dos apenados, segundo os ganhos conseguidos ao
contato com os familiares que os visitavam.
Extorsões e ameaças eram
práticas consideradas normais naquele meio, fosse entre os presos, fosse
entre os que deveriam fiscalizá-los.
- Não se incomodem na observação dos
equivocados.
Eles já assinaram a dupla condenação, que lhes garante,
além da permanência neste ambiente infeliz, a partida para a outra
penitenciária mais distante.
Nosso foco será encontrarmos os que
estiverem tocados pelo ARREPENDIMENTO – advertiu Bezerra.
Caminharam por pavilhões escuros, onde só
se observava o conjunto de emanações pestilentas como moldura escura e
densa revelando a natureza espiritual de seus ocupantes.
No amontoado de
corpos em sistema de promiscuidade, não havia como encontrar, segundo
os critérios aprendidos, onde pulsassem as ondas do mais ínfimo
arrependimento.
Foi então que, ampliando a sua capacidade de penetração,
Bezerra exclamou:-
- Vamos ao outro lado.
Lá ao fundo, diviso a emissão de um campo de energias luminosas compatível com o que buscamos.
Chegaram ao fundo onde, em cárcere
abarrotado, homens se amontoavam na tentativa de dormir, enquanto outros
não conciliavam o sono, ainda que a noite já fosse alta.
Sem se prenderem na observância dos que
se entregavam às necessidades do sexo animalesco em ambiente tão
impróprio, fosse com a anuência de seus companheiros ou através da
violência do mais forte sobre o mais fraco, o grupo pôde encontrar um
homem infeliz, entregue à oração.
Tratava-se de um rapaz que ali se achava
já havia alguns meses e se entregara ao furto pelo desejo de obter
ganhos mais rápidos para sustentar os filhos.
Prejudicara o
estabelecimento onde trabalhava e, depois de longos furtos, levantou a
suspeita do proprietário que, cansado dos inúmeros prejuízos, flagrara o
ladrão em pleno ato, surpreendendo-se ao constatar que se tratava do
próprio funcionário.
O benfeitor, que lhe garantira o emprego, era a sua
vítima.
Levado ao cárcere pela prisão em flagrante, não conseguiu
liberdade por já ostentar a situação de reincidente.
Naquele dia, o
pobre havia recebido uma cartinha escrita pelos filhos, sob a guarda da
esposa.
O papel vinha grafado desordenadamente,
já que cada filho queria fazer um desenho mais bonito do que o outro,
como um presente ao genitor.
Espalhadas pelas linhas, frases puras que
diziam:-
- “papai, eu te amo”… “tamo cum saudades”… “volte logo”… “um
beijão… pai”.
A mãe lhes havia contado que o pai precisara viajar a
trabalho e que demoraria a voltar, mas que iria colocar a cartinha deles
no correio para que ele a recebesse.
Naquele dia de visitas, então, a
mulher havia ido à cadeia ao encontro do marido e colocara em suas mãos o
pequeno documento junto com amorosa carta escrita por ela mesma e que,
apesar da precariedade de seus conhecimentos, vinha cheia do verdadeiro
afeto, dizendo:-
-“Meu bem… ti amo.
Quiero que saiba que as
coisa tá tudo bem.
Os menino tá bão… só a Michele qui chora pidino o
pai.
Eu sei que ocê é um home bão i qui si feiz isso é pruque quiria dá
coisas boa pra nóis.
Mais quero ti dizê qui a gente prefere passá fome
cum ocê do nosso lado do que tê coisas boa cocê longe de casa.
Fui
prucura um devorgado do estado pra vê se ele fais as coisa andá mais
rápido.
Num fais ninhuma bestera aí drento não, hein?
Nossos fio tão
esperano a vorta do pai e eu a do meu cumpanhero.
Ti quero… to cum
sodade.
Bejo, Juana.”
A lembrança dos filhos, o carinho de seus
pequenos, o amor e o sacrifício de Joana eram alimento para o espírito
de Benedito, o preso envergonhado que, naquele momento, segurando os
pedaços de papel que lhe valiam mais que pepitas de ouro, chorava
silenciosamente, improvisando uma prece a Deus, na qual pedia perdão por
seus erros.
Lembrava-se de seu ex-patrão a quem vinha furtando
sistematicamente e a vergonha aumentava ainda mais o seu pranto.
No
entanto, a recordação do lar distante, do carinho dos filhos e da
simplicidade ingênua e amorosa da esposa aprofundavam em sua alma o
arrependimento por tudo o que já havia feito de errado na vida.
E a
oração que sua alma elevava ao Criador, do interior medonho daquele
antro, era a marca pura do como um presente ao genitor.
Espalhadas pelas
linhas, frases puras que diziam:-
- “papai, eu te amo”… “tamo cum
saudades”… “volte logo”… “um beijão… pai”.
A mãe lhes havia contado que o
pai precisara viajar a trabalho e que demoraria a voltar, mas que iria
colocar a cartinha deles no correio para que ele a recebesse.
Naquele
dia de visitas, então, a mulher havia ido à cadeia ao encontro do marido
e colocara em suas mãos o pequeno documento junto com amorosa carta
escrita por ela mesma e que, apesar da precariedade de seus
conhecimentos, vinha cheia do verdadeiro afeto, dizendo:-
- “Meu bem… ti amo.
Quiero que saiba que as
coisa tá tudo bem.
Os menino tá bão… só a Michele qui chora pidino o
pai.
Eu sei que ocê é um home bão i qui si feiz isso é pruque quiria dá
coisas boa pra nóis.
Mais quero ti dizê qui a gente prefere passá fome
cum ocê do nosso lado do que tê coisas boa cocê longe de casa.
Fui
prucura um devorgado do estado pra vê se ele fais as coisa andá mais
rápido.
Num fais ninhuma bestera aí drento não, hein?
Nossos fio tão
esperano a vorta do pai e eu a do meu cumpanhero.
Ti quero… to cum
sodade. Bejo, Juana.”
A lembrança dos filhos, o carinho de seus
pequenos, o amor e o sacrifício de Joana eram alimento para o espírito
de Benedito, o preso envergonhado que, naquele momento, segurando os
pedaços de papel que lhe valiam mais que pepitas de ouro, chorava
silenciosamente, improvisando uma prece a Deus, na qual pedia perdão por
seus erros.
Lembrava-se de seu ex-patrão a quem vinha furtando
sistematicamente e a vergonha aumentava ainda mais o seu pranto.
No
entanto, a recordação do lar distante, do carinho dos filhos e da
simplicidade ingênua e amorosa da esposa aprofundavam em sua alma o
arrependimento por tudo o que já havia feito de errado na vida.
E a
oração que sua alma elevava ao Criador, do interior medonho daquele
antro, era a marca pura do ARREPENDIMENTO verdadeiro.
Nunca mais, jurava
ele, iria realizar qualquer ato que prejudicasse os outros.
Havia se
iludido com o sucesso dos primeiros furtos, conseguindo bens sem esforço
e se sentindo um bom pai por trazer para casa o que os filhos lhe
pediam.
Comprometia-se a suportar a cadeia além de jurar que, quando
saísse, procuraria pelo ex-patrão e lhe pediria perdão pela atitude
infeliz, pela fraqueza de caráter.
Não sabia quanto tempo ainda
permaneceria naquela situação tão dolorosa, mas, pela saúde dos próprios
filhos, jurava que se emendaria, que superaria qualquer dificuldade
através do trabalho honesto, ainda que fosse pedindo esmola.
Lembrava-se
da primeira vez que fora preso, em uma época na qual não era pai, nem
tinha família para criar.
Era um irresponsável, que queria fazer as
coisas da sua maneira e pensava que poderia afrontar a vida sem
consequências.
Todavia, agora que sentia o amor dos que contavam com
seus exemplos, que se fizera responsável por outras criaturas e era
querido com carinho verdadeiro, sentia que estava perdendo muito mais do
que poderia ter ganho com as práticas delituosas.
- Estão vendo, meus filhos.
Benedito
está se abrindo para uma conscientização completa sobre os deveres de um
chefe de família.
As vibrações luminosas que partem da sua mente e do
seu coração são tão intensas, que vencem a atmosfera densa deste cárcere
e podem ser captadas por espíritos amigos, que estarão se empenhando em
ajudar o esforço de Joana para apressar-lhe a libertação, liberdade
esta que deverá vir no tempo justo, visando a cristalização dos
ensinamentos, marcando seu espírito para sempre com o selo do dever,
depurando-o no cadinho do sofrimento.
Benedito é um doente que está em
processo de tratamento eficaz, aceitando a medicação representada pela
restrição dos direitos como alguém que aproveita a dificuldade para
crescer com ela.
Se, quando deixar esta cadeia, cumprir com estas
palavras tão sinceras, se não se Permitir voltar à desonestidade, se
procurar o irmão lesado para desculpar-se, certamente contará com
merecimento que o autorize a permanecer neste mundo.
Todos os espíritos do grupo identificaram
as emanações luminescentes que brotavam do pobre preso e, unindo-se às
expressões de sinceridade que emitia, juntaram à dele as próprias
orações, avalizando a solicitação de socorro e amparo aos Céus, que
certamente responderia em favor de um Benedito melhorado, graças à
aceitação de suas culpas, ao remorso pelos atos praticados e ao
ARREPENDIMENTO a que chegara, propiciado pelo carinho semeado pelos seus
entes mais queridos em um pobre pedaço de papel.
Ao redor, a escuridão física e moral
campeava, inalterada.
Mas no coração do pobre Benedito luzia a esperança
de uma nova vida, como um possível integrante da Nova Humanidade, que
seria composta não de seres purificados, mas, ao contrário, de espíritos
desejosos de melhoria, a partir do reconhecimento dos próprios
equívocos e do esforço na reedificação da existência.
Naquele lugar não havia mais ninguém em
cujo coração este tipo de reação se encontrasse tão patente e
verdadeiro.
Somente Benedito poderia ser enquadrado no conceito de
arrependimento efetivo a lhe permitir o direito de aqui permanecer, como
um aluno preparado para as lições que a Terra forneceria aos que
haviam-se empenhado na mudança e que, por isso, conseguido a própria
SALVAÇÃO.
Deixando aquele ambiente de dor e
aprendizado, Bezerra alçou voo com o grupo, agora levando-os à outra
parte da cidade onde, segundo suas palavras, poderiam encontrar outros
exemplos de ARREPENDIDOS VERDADEIROS.
Iam na direção de um dos Hospitais
existentes na comunidade.
Livro:- Herdeiros do Novo Mundo
Cap. 32
Espírito Lúcius
Psicografia de André Luiz Ruiz.
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