segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Buscando o arrependimento sincero: a visita a um presídio


 
Posted: 15 Aug 2013 03:56 AM PDT

Doutor Bezerra de Menezes visita uma prisão com o intuito de encontrar pessoas que carreguem o sincero sentimento de areependimento…

-    Nosso primeiro destino será um dos cárceres de nossa cidade. 

Não há melhor lugar para entendermos o peso da culpa e a ação do arrependimento do que esse, no qual os homens têm de enfrentar o peso dos equívocos na própria carne, recordando que não importa se a Justiça terrena cometa erros ao aprisionar inocentes. 

O importante é que nos lembremos que a cada pessoa só acontece aquilo que está dentro de suas necessidades evolutivas, inclusive as injustiças decorrentes dos equívocos legais, fazendo cada um suportar os males que, um dia, tenham igualmente provocado. 

Poderia não merecer o cárcere segundo a exatidão dos cânones jurídicos, mas, em realidade, estava em débito com os Códigos Divinos, que o conduziram ao ambiente onde permaneceria com a finalidade pedagógica e expiatória.

Impulsionados pela vontade firme do condutor do grupo que os organizou, Ribeiro, Jerônimo e Adelino, nos vértices de um quadrado, Bezerra localizou os outros no seu centro, criando um campo de forças que os circundava, protegendo os que eram menos experientes, ajudando-os nos processos de volitação até o destino.

Vista do alto, a cadeia era uma grande mancha escura na qual a revolta, violência, ódio e conflito davam o tom, não importando se observassem o local das celas onde ficavam os presos ou o lugar onde se localizavam os escritórios administrativos.

Soldados, agentes, funcionários, tanto quanto os detentos, todos pareciam prisioneiros de inferioridades morais e mentiras que os mantinham jungidos ao sistema repressivo para os aprendizados evolutivos indispensáveis.

Fosse como cumpridores da sentença dentro dos cárceres ou como seus guardadores, todos estavam lá para que aprendessem que as quedas geram consequências para os que se projetam nos delitos. 

Os primeiros precisariam arrepender-se e procurar melhorar ao contato com o isolamento enquanto que os guardas, funcionários, autoridades deveriam ocupar o lugar de auxiliares do reerguimento moral de seus semelhantes infratores, servindo-os com o desejo de ajudá-los na retomada da dignidade aviltada.

No entanto, os condenados se perdiam na escola de crimes e violências enquanto que os não condenados se esmeravam na conduta promíscua, no explorar as necessidades dos encarcerados, através da concessão de favores ou facilidades mediante o comércio espúrio e vil de vantagens materiais ou outras, facilitando ou dificultando a vida dos apenados, segundo os ganhos conseguidos ao contato com os familiares que os visitavam. 

Extorsões e ameaças eram práticas consideradas normais naquele meio, fosse entre os presos, fosse entre os que deveriam fiscalizá-los.

-    Não se incomodem na observação dos equivocados. 

Eles já assinaram a dupla condenação, que lhes garante, além da permanência neste ambiente infeliz, a partida para a outra penitenciária mais distante. 

Nosso foco será encontrarmos os que estiverem tocados pelo ARREPENDIMENTO – advertiu Bezerra.

Caminharam por pavilhões escuros, onde só se observava o conjunto de emanações pestilentas como moldura escura e densa revelando a natureza espiritual de seus ocupantes. 

No amontoado de corpos em sistema de promiscuidade, não havia como encontrar, segundo os critérios aprendidos, onde pulsassem as ondas do mais ínfimo arrependimento. 

Foi então que, ampliando a sua capacidade de penetração, Bezerra exclamou:-
-    Vamos ao outro lado. 

Lá ao fundo, diviso a emissão de um campo de energias luminosas compatível com o que buscamos.

Chegaram ao fundo onde, em cárcere abarrotado, homens se amontoavam na tentativa de dormir, enquanto outros não conciliavam o sono, ainda que a noite já fosse alta.

Sem se prenderem na observância dos que se entregavam às necessidades do sexo animalesco em ambiente tão impróprio, fosse com a anuência de seus companheiros ou através da violência do mais forte sobre o mais fraco, o grupo pôde encontrar um homem infeliz, entregue à oração.

Tratava-se de um rapaz que ali se achava já havia alguns meses e se entregara ao furto pelo desejo de obter ganhos mais rápidos para sustentar os filhos. 

Prejudicara o estabelecimento onde trabalhava e, depois de longos furtos, levantou a suspeita do proprietário que, cansado dos inúmeros prejuízos, flagrara o ladrão em pleno ato, surpreendendo-se ao constatar que se tratava do próprio funcionário. 

O benfeitor, que lhe garantira o emprego, era a sua vítima. 

Levado ao cárcere pela prisão em flagrante, não conseguiu liberdade por já ostentar a situação de reincidente. 

Naquele dia, o pobre havia recebido uma cartinha escrita pelos filhos, sob a guarda da esposa.

O papel vinha grafado desordenadamente, já que cada filho queria fazer um desenho mais bonito do que o outro, como um presente ao genitor. 

Espalhadas pelas linhas, frases puras que diziam:-
- “papai, eu te amo”… “tamo cum saudades”… “volte logo”… “um beijão… pai”. 

A mãe lhes havia contado que o pai precisara viajar a trabalho e que demoraria a voltar, mas que iria colocar a cartinha deles no correio para que ele a recebesse. 

Naquele dia de visitas, então, a mulher havia ido à cadeia ao encontro do marido e colocara em suas mãos o pequeno documento junto com amorosa carta escrita por ela mesma e que, apesar da precariedade de seus conhecimentos, vinha cheia do verdadeiro afeto, dizendo:-
-“Meu bem… ti amo. 

Quiero que saiba que as coisa tá tudo bem. 

Os menino tá bão… só a Michele qui chora pidino o pai. 

Eu sei que ocê é um home bão i qui si feiz isso é pruque quiria dá coisas boa pra nóis. 

Mais quero ti dizê qui a gente prefere passá fome cum ocê do nosso lado do que tê coisas boa cocê longe de casa. 

Fui prucura um devorgado do estado pra vê se ele fais as coisa andá mais rápido. 

Num fais ninhuma bestera aí drento não, hein? 

Nossos fio tão esperano a vorta do pai e eu a do meu cumpanhero. 

Ti quero… to cum sodade. 

Bejo, Juana.”

A lembrança dos filhos, o carinho de seus pequenos, o amor e o sacrifício de Joana eram alimento para o espírito de Benedito, o preso envergonhado que, naquele momento, segurando os pedaços de papel que lhe valiam mais que pepitas de ouro, chorava silenciosamente, improvisando uma prece a Deus, na qual pedia perdão por seus erros.

 Lembrava-se de seu ex-patrão a quem vinha furtando sistematicamente e a vergonha aumentava ainda mais o seu pranto. 

No entanto, a recordação do lar distante, do carinho dos filhos e da simplicidade ingênua e amorosa da esposa aprofundavam em sua alma o arrependimento por tudo o que já havia feito de errado na vida. 

E a oração que sua alma elevava ao Criador, do interior medonho daquele antro, era a marca pura do como um presente ao genitor. 

Espalhadas pelas linhas, frases puras que diziam:-
- “papai, eu te amo”… “tamo cum saudades”… “volte logo”… “um beijão… pai”. 

A mãe lhes havia contado que o pai precisara viajar a trabalho e que demoraria a voltar, mas que iria colocar a cartinha deles no correio para que ele a recebesse.

 Naquele dia de visitas, então, a mulher havia ido à cadeia ao encontro do marido e colocara em suas mãos o pequeno documento junto com amorosa carta escrita por ela mesma e que, apesar da precariedade de seus conhecimentos, vinha cheia do verdadeiro afeto, dizendo:-
- “Meu bem… ti amo. 

Quiero que saiba que as coisa tá tudo bem. 

Os menino tá bão… só a Michele qui chora pidino o pai. 

Eu sei que ocê é um home bão i qui si feiz isso é pruque quiria dá coisas boa pra nóis. 

Mais quero ti dizê qui a gente prefere passá fome cum ocê do nosso lado do que tê coisas boa cocê longe de casa. 

Fui prucura um devorgado do estado pra vê se ele fais as coisa andá mais rápido. 

Num fais ninhuma bestera aí drento não, hein? 

Nossos fio tão esperano a vorta do pai e eu a do meu cumpanhero. 

Ti quero… to cum sodade. Bejo, Juana.”

A lembrança dos filhos, o carinho de seus pequenos, o amor e o sacrifício de Joana eram alimento para o espírito de Benedito, o preso envergonhado que, naquele momento, segurando os pedaços de papel que lhe valiam mais que pepitas de ouro, chorava silenciosamente, improvisando uma prece a Deus, na qual pedia perdão por seus erros. 

Lembrava-se de seu ex-patrão a quem vinha furtando sistematicamente e a vergonha aumentava ainda mais o seu pranto. 

No entanto, a recordação do lar distante, do carinho dos filhos e da simplicidade ingênua e amorosa da esposa aprofundavam em sua alma o arrependimento por tudo o que já havia feito de errado na vida. 

E a oração que sua alma elevava ao Criador, do interior medonho daquele antro, era a marca pura do ARREPENDIMENTO verdadeiro. 

Nunca mais, jurava ele, iria realizar qualquer ato que prejudicasse os outros. 

Havia se iludido com o sucesso dos primeiros furtos, conseguindo bens sem esforço e se sentindo um bom pai por trazer para casa o que os filhos lhe pediam. 

Comprometia-se a suportar a cadeia além de jurar que, quando saísse, procuraria pelo ex-patrão e lhe pediria perdão pela atitude infeliz, pela fraqueza de caráter. 

Não sabia quanto tempo ainda permaneceria naquela situação tão dolorosa, mas, pela saúde dos próprios filhos, jurava que se emendaria, que superaria qualquer dificuldade através do trabalho honesto, ainda que fosse pedindo esmola. 

Lembrava-se da primeira vez que fora preso, em uma época na qual não era pai, nem tinha família para criar. 

Era um irresponsável, que queria fazer as coisas da sua maneira e pensava que poderia afrontar a vida sem consequências. 

Todavia, agora que sentia o amor dos que contavam com seus exemplos, que se fizera responsável por outras criaturas e era querido com carinho verdadeiro, sentia que estava perdendo muito mais do que poderia ter ganho com as práticas delituosas.

-    Estão vendo, meus filhos. 

Benedito está se abrindo para uma conscientização completa sobre os deveres de um chefe de família. 

As vibrações luminosas que partem da sua mente e do seu coração são tão intensas, que vencem a atmosfera densa deste cárcere e podem ser captadas por espíritos amigos, que estarão se empenhando em ajudar o esforço de Joana para apressar-lhe a libertação, liberdade esta que deverá vir no tempo justo, visando a cristalização dos ensinamentos, marcando seu espírito para sempre com o selo do dever, depurando-o no cadinho do sofrimento.

Benedito é um doente que está em processo de tratamento eficaz, aceitando a medicação representada pela restrição dos direitos como alguém que aproveita a dificuldade para crescer com ela. 

Se, quando deixar esta cadeia, cumprir com estas palavras tão sinceras, se não se Permitir voltar à desonestidade, se procurar o irmão lesado para desculpar-se, certamente contará com merecimento que o autorize a permanecer neste mundo.

Todos os espíritos do grupo identificaram as emanações luminescentes que brotavam do pobre preso e, unindo-se às expressões de sinceridade que emitia, juntaram à dele as próprias orações, avalizando a solicitação de socorro e amparo aos Céus, que certamente responderia em favor de um Benedito melhorado, graças à aceitação de suas culpas, ao remorso pelos atos praticados e ao ARREPENDIMENTO a que chegara, propiciado pelo carinho semeado pelos seus entes mais queridos em um pobre pedaço de papel.

Ao redor, a escuridão física e moral campeava, inalterada. 

Mas no coração do pobre Benedito luzia a esperança de uma nova vida, como um possível integrante da Nova Humanidade, que seria composta não de seres purificados, mas, ao contrário, de espíritos desejosos de melhoria, a partir do reconhecimento dos próprios equívocos e do esforço na reedificação da existência.

Naquele lugar não havia mais ninguém em cujo coração este tipo de reação se encontrasse tão patente e verdadeiro. 

Somente Benedito poderia ser enquadrado no conceito de arrependimento efetivo a lhe permitir o direito de aqui permanecer, como um aluno preparado para as lições que a Terra forneceria aos que haviam-se empenhado na mudança e que, por isso, conseguido a própria SALVAÇÃO.

Deixando aquele ambiente de dor e aprendizado, Bezerra alçou voo com o grupo, agora levando-os à outra parte da cidade onde, segundo suas palavras, poderiam encontrar outros exemplos de ARREPENDIDOS VERDADEIROS. 

Iam na direção de um dos Hospitais existentes na comunidade.


Livro:- Herdeiros do Novo Mundo
Cap. 32
Espírito Lúcius  
Psicografia de André Luiz Ruiz.


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