sábado, 30 de abril de 2016

"O Cristo propôs ....."




Matheus-Anacleto
Benjamin Teixeira de Aguiar

Abençoa e Passa


Abençoa e Passa


Não basta recear a violência.

É preciso algo fazer para erradicá-la.

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Indubitavelmente, as medidas de repressão, mantidas pelos dispositivos legais do mundo, são recursos que a limitam, entretanto, nós todos, – os espíritos encarnados e desencarnados, – com vínculos na Terra, podemos colaborar na solução do problema.

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Compadeçamo-nos dos irmãos envolvidos nas sombras da delinquência, a fim de que se nos inclinem os sentimentos para a indulgência e para a compreensão.

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Tanto quanto puderes, não participes de boatos ou de julgamentos precipitados, em torno de situações e pessoas.

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Silencia ante quaisquer palavras agressivas que te forem dirigidas, onde estejas, e segue adiante, buscando o endereço das próprias obrigações.

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Não eleves o tom de voz, entremostrando superioridade, à frente dos outros.

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Não te entregues à manifestações de azedume e revolta, mesmo quando sintas, por dentro da própria alma, o gosto amargo dessa ou daquela desilusão.

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Respeita a carência alheia e não provoques os irmãos ignorantes ou infelizes com a exibição das disponibilidades que os Desígnios Divinos te confiaram para determinadas aplicações louváveis e justas.

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Ao invés de criticar, procura o lado melhor das criaturas e das ocorrências, de modo a construíres o bem, onde estiveres.

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Auxilia para a efevação, abençoando sempre.

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Lembra-te:- o morrão aceso é capaz de gerar incêndios calamitosos e, às vezes, num gesto infeliz de nossa parte, pode suscitar nos outros as piores reações de vandalismo e destruição.

 Atenção
Editora IDE
Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 29 de abril de 2016

A Vida ....


André Luiz 
Francisco Cândido Xavier

Como conseguir Auxílio


Como conseguir Auxílio 

Em seu Auxílio

Conserve a própria Fé, por tal modo, que você não possa se afligir, excessivamente, em nenhuma dificuldade.


Guarde Otimismo, com tamanha elevação que os contratempos da vida não lhe venham a ferir.


Habitue-se à Tolerância com tanta fidelidade, que consiga se ver sempre na posição da pessoa menos simpática, evitando ressentimento ou a censura.


Cultive o Amor ao Próximo, com tanto empenho que você não consiga fixar-se em qualquer aversão.


Creia na Influência e na Vitória do Bem, com tanta convicção, que não possa prender-se a qualquer ideia do mal.


Sustente a própria Compreensão, de tal maneira que não disponha de meios para ver inimigos e sim amigos e instrutores, em toda parte.


Resguarde-se no trabalho, com tanta dedicação ao bem, que não conte com qualquer ensejo de atrapalhar aos outros.


Faça o melhor que puder, em qualquer situação, com tamanho devotamento à felicidade alheia que não sofra arrependimento ou remorso, em tempos de crise.


Atenda à Harmonia, aonde estiver, com tanta pontualidade que não encontre motivos para perder a própria segurança.


Consagre-se a descobrir o "lado bom" das criaturas e das situações, com tanta pertinácia, que não ache oportunidade de criticar a ninguém.


Se fizermos isso, estejamos certos de que assim venceremos.

*****
André Luiz
Francisco Cândido Xavier
 

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Espíritos de Crianças no Mundo Espíritual ! Como é isso ?


Espíritos de Crianças na Erraticidade

O tema do presente artigo adveio do questionamento feito por um leitor do Blog Um Olhar Espírita, quando indagou se seria possível a existência de crianças na erraticidade, posto que, no grupo espírita que frequenta muito comumente elas se apresentam nas reuniões mediúnicas desenhando flores.
Para alcançarmos o entendimento do assunto em pauta, precisamos pontuar e analisar alguns aspectos propostos em O Livro dos Espíritos

 Inicialmente trataremos de “períspirito”. 

Asseveram os Mestres da Espiritualidade, que o Espírito é envolvido por uma substância vaporosa, denominada por Kardec de “períspirito”, que é retirado do “fluido universal de cada globo”.
Pode-se atribuir ao períspirito duas finalidades. Lembrando que ainda estamos longe de conhecer todos os seus atributos. 

Dizem-nos os Espíritos da Codificação, que na condição de encarnado, ele serve de liame entre o Espírito e o corpo material.
Já para o desencarnado, o períspirito funciona como o envoltório semimaterial, que toma a forma ao “arbítrio” do Espírito. 

Portanto, afirmam os Mestres Espirituais que é através do períspirito que aquele “aparece algumas vezes, seja nos sonhos, seja no estado de vigília, podendo tomar uma forma visível e mesmo palpável”. 
(O Livro dos Espíritos, questão 95)
Importante tais elucidações, para clarificar que o Espírito se apresentará tomando a forma a seu alvedrio, objetivando ser reconhecido por aqueles que o conheceram sob tal roupagem, ou para atender outras questões de seu interesse. 

Entretanto, comumente será visto sob a forma e identidade de sua última encarnação.
Senão vejamos o questionamento feito por Kardec a respeito:-
 - “Como a alma constata a sua individualidade, se não tem mais o corpo material”. 

Respondem os Espíritos que através do períspirito representará a aparência da sua última encarnação. 
(O Livro dos Espíritos, pergunta 150-a) (grifos nosso)
No que tange a volta ao mundo espiritual, oportuno ressaltar que a consciência de si mesmo e de sua condição espiritual não se faz de pronto. 

Daí, grande parte dos Espíritos vivenciam o chamado “estado de perturbação”. 

Asseveram os Espíritos da Codificação, que tal estado varia de acordo com o grau evolutivo do desencarnado. 

“Aquele que já está depurado se reconhece quase imediatamente, porque se desprendeu da matéria durante a vida corpórea enquanto o homem carnal, cuja consciência não é pura, conserva por muito tempo mais a impressão da matéria”. 
(O Livro dos Espíritos, p.164)
Pode-se inferir de tal assertiva, que as pessoas mais espiritualizadas, esclarecidas, moralizadas, se desvincularão mais rapidamente do corpo físico e das questões próprias da vida material, tomando consciência de si mesmas, e da realidade espiritual que as envolve.
Em contrapartida, a grande parte dos que vivem às voltas apenas com as questões próprias da vida material, levará um tempo considerável para se libertar das sensações e impressões do corpo físico, como das questões cotidianas que dizem respeito ao mundo dos encarnados.
Ao tratar do “retorno à vida espiritual”, Kardec indaga na questão 149 de O Livro dos Espíritos, em que se transforma a alma no instante da morte. 

Respondem os Espíritos Superiores que “volta a ser Espírito, ou seja, retorna ao mundo dos Espíritos que ela havia deixado temporariamente”. 

 Argui então o Codificador na questão 150 da referida obra, se “a alma conserva a sua individualidade após a morte”, ao que os Mestres respondem que o Espírito não a perde jamais.
Portanto, pelo desenvolver das ideias, fica claro que é através do períspirito que o Espírito tomará a forma que lhe convém, buscando retratar a sua individualidade.

Entretanto, a consciência de si mesmo e de sua condição de desencarnado vai depender do tempo de duração do seu estado de perturbação, que por sua vez dependerá de uma maior ou menor ligação com a vida material. 

Esse é um preceito geral aplicável a todos os Espíritos que desencarnam no planeta Terra.
Depois da regra geral apresentada, vamos adequá-la aos indivíduos que desencarnam na infância. 

A esse respeito, vale ressaltar que tais crianças poderão ser Espíritos com muito mais experiência do que os adultos que ficaram no plano físico.
Aliás, asseveram os Mestres da Espiritualidade que tal evento é bastante comum, e que “a duração da vida da criança pode ser, para o seu Espírito, o complemento de uma vida interrompida antes do tempo devido, e sua morte é frequentemente uma prova ou uma expiação para os pais”. (O Livro dos Espíritos, perguntas 197/199)
Faz-se por oportuno observar que o Espírito que desencarna criança, não é um “Espírito criança”. 

Já tem uma longa bagagem de experiências a ponto de já encarnar em um corpo de grande complexidade, que é o caso do corpo humano. 

Portanto, como dito anteriormente, pode até ser um Espírito muito mais experiente e evoluído do que os pais.
Adiante questiona Kardec em que se transforma o Espírito de uma criança morta em tenra idade. 

Aliás, particularmente nos países subdesenvolvidos, é grande número de crianças que vivem poucas horas, dias, meses ou alguns anos, vindo precocemente a desencarnar pelas mais diversas causas. 

Ao que respondem os Espíritos:-
 - “Recomeçar uma nova existência”. 

Ou seja, serão preparados para uma nova encarnação. (O Livro dos Espíritos, pergunta 199-a)
Por fim, o Codificador indaga:-
 - “Com a morte da criança o Espírito retoma imediatamente o seu vigor primitivo”? 

Respondem os Mestres Espirituais:-
 – “Assim deve ser, pois que está desembaraçado do seu envoltório carnal; entretanto, ele não retorna a sua lucidez primitiva enquanto a separação não estiver completa, ou seja, enquanto não desaparecer toda a ligação entre o Espírito e o corpo”. 
(O Livro dos Espíritos, pergunta 381) (grifos nosso)

Observa-se, portanto, que a forma infantil de se apresentar, se deve ao estado de perturbação. 

Ou seja, é a forte ligação com o corpo material, que não permite ao Espírito identificar-se no “vigor primitivo” como dizia Kardec.  
Diante do exposto, pode-se concluir que passado o estado de perturbação, onde o Espírito tomará consciência de si mesmo e de sua condição espiritual, não haverá porque se fazer representar tomando a forma infantil.
Não obstante, vale pontuar algumas hipóteses. 

Um Espírito evoluído que passou por um breve período de perturbação ao desencarnar, poderá tomar a forma de criança para confortar e ser reconhecido pelos pais, familiares ou amigos encarnados que sofrem a saudade de sua partida precoce.
Muito comumente, pais que perderam filhos a mais de vinte, trinta anos, relatam que viram, sonharam, falaram com suas crianças que se mostravam com a mesma aparência que tinham ao desencarnar. 

Nesse caso, pode-se entender que tais Espíritos, caso não mais estejam em estado de perturbação, procurassem retratar a forma infantil para serem reconhecidos por genitores e/ou familiares.
Mas, e as crianças que comparecem às reuniões mediúnicas espíritas, ou são vistas transitando por casas, ruas, hospitais, templos, etc ...? Já sabemos a resposta. 

São Espíritos em estado de perturbação, ainda fortemente ligados ao corpo material, sem consciência de si e de sua condição de desencarnado.
Não obstante, pode-se considerar uma nova hipótese. 

Somos sabedores que em razão da plasticidade do períspirito, e da capacidade que tem o Espírito de moldá-lo ao seu arbítrio, Espíritos inferiores, não mais em estado de perturbação, poderão apresentar-se como crianças, objetivando outros interesses. 

Por que não? 

É outra possibilidade a se aventar.
E então o que fazer? 

Orar por todos, conversar mentalmente, e buscar ajudá-los a se perceberem como Espíritos que são. 

Afinal não existem “Espíritos crianças”, pois o período de infância, adolescência, maturidade e envelhecimento, é uma condição do corpo físico, que obedece a esse processo orgânico de maturação, próprio dos nativos do planeta Terra.
No que concerne ao Espírito, este tem a sua infância espiritual dimensionada pelo grau de inexperiência diante das Leis Universais. 

A infância espiritual se faz identificar pelo estado de ignorância. 

Como dizem os Mestres Espirituais todos os Espíritos são criados simples e ignorantes.
Pode-se asseverar que será mediante o processo de evolução moral e intelectual que o Espírito alcançará a maturidade.

O corpo físico é apenas um instrumento necessário para o aprendizado no planeta Terra. 

Morre o corpo infantil, e sobrevive o Espírito imortal e eterno, com toda uma bagagem de aquisições intelectuais e morais, advindas das múltiplas experiências reencarnatórias, e que integram a sua individualidade.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
O Livro dos Espíritos
Allan Kardec
Editora Lake
62ª Edição
2001
São Paulo/SP

 Maria das Graças Cabral

Renovação do Mundo



Renovação do Mundo


Imaginemo-nos transportados no tempo, a épocas e lugares distantes.
Situados nas vastas planícies do oriente, a época do grande líder mongol Gengis Khan, observamos seus milhares de homens montados em corcéis magníficos, levando o terror para inúmeros povos, dizimando aldeias, sem nenhum traço de piedade.
Se estivéssemos ali, contemplando estas cenas dantescas, poderíamos pensar:-
 “-É o fim do mundo, o ocaso da civilização, não existindo condições de suplantar tudo isso!”.
Nossa viagem, agora, nos situa na Europa Medieval.


Imperava no seio da Igreja Católica o imperialismo dos papas, a tal ponto afastados do pensamento do Cristo, que estabeleceram em Seu nome a fatídica inquisição, com especial projeção na Espanha e Portugal, embora com atuação em inúmeros países.
As mais bárbaras torturas foram realizadas em nome da cristandade, dando vazão aos impulsos sádicos dos seus líderes e de muitos da população.
Na condição de observadores, diríamos:-
 “– O inferno se estabeleceu na Terra, com ferro e fogo, tendo na tortura sua expressão rotineira”.
Nova epopeia, e caindo no meio revolucionário francês, do século XVIII, deparamo-nos com o Terror imposto principalmente por Maximilien Robespierre e seus sicários.
 A guilhotina passou a ser o símbolo nacional, ninguém mais estando seguro quanto à própria vida, que poderia ser ceifada por simples decreto.
Ao acompanhar tal situação, pensaríamos:-
 “- O caos veio para ficar, sem nenhum controle!”.
E assim poderíamos avançar nas linhas da história e citar vários tristemente famosos acontecimentos que pareciam por fim as esperanças de dias melhores.
Entretanto, vimos que todos eles passaram. 
Seus ciclos foram encerrados e seus exércitos sepultados. 
O mundo prosseguiu melhor, embora os cânceres que se manifestaram e continuam a se manifestar no corpo terrestre.
Apesar de mergulhados hoje em um ambiente difícil, onde ainda vemos a violência em destaque, tenhamos fé de que tudo se modificará, como já aconteceu antes, mas com a diferença de que agora o será para sempre, em face da hora que já se faz anunciada nos “sinos” de todos os povos, que anseiam pela necessária transformação.

Samuel (Espírito)
– Página psicografada na noite de 12/04/2016, na Sociedade Legião Espírita de Porto Alegre, por Alberto Sampaio., com a coordenação de Pedro Fagundes Azevedo.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

A Lenda do Dilúvio


A Lenda do Dilúvio

A lenda do dilúvio, que encontramos em Gênesis:-
- VII e VIII, é uma dessas passagens bíblicas que só podem ser tomadas ao pé da letra pelo fanatismo e a ignorância. 

Pouco importa que durante séculos as religiões cristãs, com seus doutores e sacerdotes, tenham sustentado a realidade literal dessa lenda.

A verdade histórica é apenas esta:-
- A lenda do dilúvio corresponde a um dos arquétipos mentais atualmente estudados pela psicologia profunda. 

Os estudos de Karl Jung a respeito são bastante esclarecedores. 

Mas o arquétipo coletivo, que corresponde no plano social aos complexos psicanalíticos do plano individual, não é uma abstração. 

Pelo contrário, é uma realidade psíquica enraizada nos fatos concretos.

O dilúvio bíblico, por isso mesmo, tem duas faces: uma é a realidade histórica, a ocorrência real da catástrofe; outra é a interpretação alegórica, enraizada no arquétipo coletivo e que o texto sagrado oferece. 

O Livro dos Espíritos explica o problema do dilúvio através dessas duas faces, a real e a lendária. 

É o que vemos no seu item 59, nas "Considerações e Concordância Bíblicas referentes à Criação" , que se podem resumir nestas palavras:-
- "O dilúvio de Noé foi uma catástrofe parcial, que se tomou pelo cataclismo geológico".

 Aliás, essa afirmação de Kardec foi posteriormente confirmada pelas investigações científicas.

O arqueólogo inglês sir Charles Leonardo Wooley descobriu ao norte de Basora, próximo ao Golfo Pérsico, ao dirigir as escavações para a descoberta dos restos da cidade de Ur, as camadas de lama do dilúvio mencionada na Bíblia. 

Pesquisas posteriores completaram a descoberta. 

O dilúvio parcial do delta dos rios Tigre e Eufrates é hoje uma realidade atestada pela Ciência. 

Foi esse dilúvio, ou seja, uma inundação parcial, que serviu de motivo histórico para a lenda bíblica.

Como acentua Kardec, nada perdeu com isso a Bíblia, nem a Religião. 

Mas ambas são diminuídas quando o fanatismo insiste em defender um absurdo, quando teima em dizer que Deus afogou o mundo nas águas de uma chuva de quarenta dias e fez Noé salvar-se, com a própria família e as privilegiadas famílias dos animais de cada espécie existente, para que a vida pudesse continuar na Terra. 

Sustentar como realidade histórica a figuração ingênua de uma lenda, conferindo-lhe ainda autoridade divina, é ridicularizar o sentimento religioso e minar as bases da concepção espiritual do mundo. 

Foi esse processo infeliz de ridicularização que levou o nosso tempo ao materialismo e à descrença que hoje o dominam. 

Que diriam os fanáticos da "palavra de Deus" ao saberem que o dilúvio bíblico tem por antecessores o dilúvio babilônico de Gilgamesch, historicamente chamado de "o Noé babilônico", e o dilúvio grego de Deucalião?

O Espiritismo esclarece esse problema, mostrando que o "arquétipo coletivo" do dilúvio é responsável pelo seu aparecimento em diversos capítulos da História das Religiões, e até mesmo na pré-História, entre os povos selvagens. 

É esse um dos pontos mais curiosos da psicologia das Religiões. 

Curioso notar que Deucalião, o Noé grego, e Pirra, sua mulher, tiveram três filhos, como aconteceu com Adão e Eva e depois com Noé. 

Em todas essas coincidências comprova-se a origem mitológica e a presença dos arquétipos coletivos nas passagens supostamente históricas da Bíblia.

Querer sustentar a realidade desses fenômenos ingênuos e impô-los ao povo como verdades divinas é querer confundir religião com superstição. 

O Espiritismo prefere esclarecer esses problemas à luz da razão. 

(...) Tudo nos mostra, numa análise cultural da Bíblia, que ela deve ser interpretada na perspectiva das civilizações agrárias, a que realmente pertence. 

A lenda do dilúvio, que é também um mito agrário e ocupa todo o espaço dos capítulo 6 a 10 da Gênesis, confirma plenamente o caráter local e racial do livro que as igrejas cristãs consideram como "palavra de Deus".

As civilizações agrárias, como acentuou Durkheim a respeito das cidades gregas, explicam-se pela Cosmossociologia. 

O cosmos participa das estruturas sociais, pois o homem está profundamente ligado à Natureza, entranhado na Terra. 

Por isso vemos, no dilúvio bíblico, Deus falando a Noé, este procurando embarcar todos os seres vivos na arca e servindo-se, depois, do corvo e da pomba para saber se o dilúvio acabara. Deus, homens e animais convivem e se entendem.

Não existe uma sociedade, mas uma cosmossociedade. 

A própria duração do dilúvio (quarenta dias) obedece a ritmos naturais, como o das estações, dos períodos lunares, das enchentes, dos períodos críticos da vida humana ou mesmo da gestação de animais ou do desenvolvimento dos vegetais. 

Noé solta um corvo da arca para saber se o dilúvio acabara; a seguir, uma pomba; sete dias depois (o número sete é também significativo) solta de novo a pomba e recolhe de volta com as mãos (símbolo carinhoso da relação homem-animal). 

Todos esses pormenores são encontrados nas lendas do dilúvio referentes a vários povos antigos da Ásia, da Europa e da América, entre os quais os índios brasileiros. 

Entre os índios do México e da Nova Califórnia, por exemplo, Noé se chama Coxcox e a pomba é substituída pelo colibri. 

Todos os Noés, seja o mesopotâmico, o grego, o mexicano, o celta (que se chamava Dwyfan e sua mulher Dwyfach), são avisados por Deus (naturalmente o Deus de cada um desses povos) que estava irritado com a corrupção do gênero humano e manda o seu escolhido construir uma arca.

Só mesmo uma ingenuidade excessiva poderia fazer-nos aceitar o relato público do dilúvio como uma realidade histórica ou divina. 

A lenda bíblica do dilúvio corresponde a um mito dessa fase bem conhecida da História dos povos antigos, que é a fase mitológica. 

Sua realidade não é histórica nem divina:-
- É simplesmente alegórica. 

O dilúvio é uma lenda que corresponde a um passado mitológico, comum a todos os povos.

 
Herculano Pires