Posted: 22 Jul 2013 03:39 AM PDT
Necessitar
de amor, desejar consideração ou procurar segurança são desejos
naturais e válidos.
Uma certa quantidade de dependência emocional está
presente em muitos relacionamentos, incluindo os saudáveis;
efetivamente, juntos ou sozinhos, estamos sempre caminhando pelas
estradas da evolução.
Para avançarmos pela vida de forma harmônica com as pessoas, devemos
desenvolver a auto-estima, a capacidade de admitir erros, a
responsabilidade de assumir nossos atos e, acima de tudo, a aceitação
incondicional dos outros.
A insegurança faz de nossos relacionamentos íntimos um misto de
irreflexão e precipitação, levando-nos a um excesso de confiança e, ao
mesmo tempo, fazendo-nos perder o senso de nossas fronteiras
individuais.
Quase sempre, fazemos um verdadeiro emaranhado de nossos
objetivos, desejos e conflitos com os de outras criaturas – pais,
filhos, irmãos, amigos, cônjuges.
Quando essas nossas afeições mudam,
seja porque estabeleceram uma outra ligação íntima, seja porque,
simplesmente, elegeram para si novos rumos existenciais, ficamos
fatalmente desestabilizados e desesperados.
Carências ilimitadas nascem da insegurança, sufocando e afastando
relacionamentos salutares.
Muitas vezes, chegamo ao extremo de abdicar
de nossos objetivos e vocações mais íntimas, colocando-nos em situações
vexatórias, por termos deixado que nossa “porção fragilizada” falasse
mais alto.
Inicialmente, fazemos um esforço hercúleo para nos entregar nas mãos
da pessoa eleita.
Com o passar do tempo, vamos ficando incomodados e
desestimulados com esse relacionamento, até que, finalmente, chegamos ao
ápice do desgaste, ficando raivosos e ressentidos com a pessoa de quem
dependemos.
Isso é compreensível, porque não há ninguém que goste,
conscientemente, de ceder seu poder pessoal ou de renunciar a seus
direitos de liberdade a quem quer que seja.
A intensa motivação que invade os indivíduos para serem amados e
queridos a qualquer preço nasce das dúvidas íntimas sobre si mesmos,
pois são pessoas que, raramente, podem se realizar na vida sem se
“pendurar” no que chamam de grande amor.
A insegurança transborda de tal modo que transforma a natural
necessidade de amar em uma necessidade patológica de satisfação, somente
alcançada através da possessividade do amor.
Parte do desenvolvimento da personalidade humana é construída na
infância e a esta soma-se a milenar bagagem espiritual adquirida em
outras encarnações.
As bases de muitas indecisões diante da vida se
devem à educação autoritária dada pelos pais, que escolhem
sistematicamente pelos filhos desde roupas, alimentos, esportes,
brinquedos, férias, até amigos, profissão e afetos.
Crianças crescem
deixando parentes, companheiros ou professores decidirem por elas sem
levar em conta seus gostos e preferências.
Essas crianças se tornarão,
mais tarde, homens sem segurança, firmeza e coragem dc tomar atitudes
perante a vida.
O direito de decidir deve ser estimulado sempre desde a infância, pois se trata de apoio vital na formação de um sólido
sentimento de determinação e firmeza, que refletirá no adulto de amanhã.
Indagou o Codificador do Espiritismo:-
- Que é o que resultados
embaraços que se oponham à liberdade de consciência?
E a
Espiritualidade foi taxativa:-
- “Constranger os homens a procederem em
desacordo com o seu modo de pensar, fazê-los hipócritas (…)”¹.
Essa hipocrisia não é propriamente intencional ou feita
conscientemente, mas é quase sempre inconsciente.
Não deixa, porém, de
ser um modelo comportamental falso ou fingido da criatura humana, que se
conduz de maneira diferente do seu jeito de ser e agir.
O constrangimento que se faz à nossa liberdade de consciência
prejudica a busca de nós mesmos, a nossa afirmação perante a vida, bem
como nos dificulta encontrar a peculiar forma de amar.
Em razão disso tudo, indivíduos passam a usar uma máscara de
“bonzinho” como meio de seduzir, conquistar ou conseguir disfarçar a
enorme incerteza que carregam, mas, periodicamente, mostram de modo
claro sua insatisfação interior:-
- Explodem em raiva inesperada contra
aqueles com quem convivem.
As relações ficam sensivelmente limitadas,
pois nunca se sabe quanto a sua “bondade extremada” vai suportar uma
opinião contrária ou algo que lhes desagrade.
Essas “estranhas bondades” são peculiares das pessoas que não
desenvolveram a confiança em suas ideias, intuições e vocações íntimas e
nunca se afirmam em si mesmas.
Não admitem sua insegurança e, por isso,
a agressividade acaba quase sempre controlando suas reações.
Vivem
comportamentos irreais e simulados, tentando agradar a todos e fazendo
da mentira uma necessidade para viver.
Pagam, porém, um preço
fisiológico, ou seja, a somatização das raivas e fragilidades que mantêm
fantasiadas em candura e amabilidade.
Um comportamento exagerado de um indivíduo geralmente significa o oposto do que ele demonstra e confessa.
Os inseguros vivem numa espécie de “heteronomia crônica”, quer dizer,
não escolhem as leis que regem sua conduta.
Distanciados cada vez mais
de uma vida autônoma, submetem-se a princípios e a pessoas diferentes de
seu modo de pensar.
Usar a nossa própria intimidade para nos guiar, lançar mão de nossas
sensações, emoções e sentimentos é a chave essencial que nos dará
segurança.
¹ O Livro dos Espíritos, Questão 837:- - Que é o que resulta dos embaraços que se oponham à liberdade de consciência? - Constranger os homens a procederem em desacordo com o seu modo de pensar, fazê-los hipócritas.
- A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira, civilização e do progresso.
Livro:- As Dores da Alma
Item Insegurança
Espírito Hammed
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto
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