sábado, 10 de agosto de 2013

Insegurança



 
Posted: 22 Jul 2013 03:39 AM PDT

Necessitar de amor, desejar consideração ou procurar segurança são desejos naturais e válidos. 

Uma certa quantidade de dependência emocional está presente em muitos relacionamentos, incluindo os saudáveis; efetivamente, juntos ou sozinhos, estamos sempre caminhando pelas estradas da evolução.

Para avançarmos pela vida de forma harmônica com as pessoas, devemos desenvolver a auto-estima, a capacidade de admitir erros, a responsabilidade de assumir nossos atos e, acima de tudo, a aceitação incondicional dos outros.

A insegurança faz de nossos relacionamentos íntimos um misto de irreflexão e precipitação, levando-nos a um excesso de confiança e, ao mesmo tempo, fazendo-nos perder o senso de nossas fronteiras individuais. 

Quase sempre, fazemos um verdadeiro emaranhado de nossos objetivos, desejos e conflitos com os de outras criaturas – pais, filhos, irmãos, amigos, cônjuges. 

Quando essas nossas afeições mudam, seja porque estabeleceram uma outra ligação íntima, seja porque, simplesmente, elegeram para si novos rumos existenciais, ficamos fatalmente desestabilizados e desesperados.

Carências ilimitadas nascem da insegurança, sufocando e afastando relacionamentos salutares. 

Muitas vezes, chegamo ao extremo de abdicar de nossos objetivos e vocações mais íntimas, colocando-nos em situações vexatórias, por termos deixado que nossa “porção fragilizada” falasse mais alto.

Inicialmente, fazemos um esforço hercúleo para nos entregar nas mãos da pessoa eleita. 

Com o passar do tempo, vamos ficando incomodados e desestimulados com esse relacionamento, até que, finalmente, chegamos ao ápice do desgaste, ficando raivosos e ressentidos com a pessoa de quem dependemos. 

Isso é compreensível, porque não há ninguém que goste, conscientemente, de ceder seu poder pessoal ou de renunciar a seus direitos de liberdade a quem quer que seja.

A intensa motivação que invade os indivíduos para serem amados e queridos a qualquer preço nasce das dúvidas íntimas sobre si mesmos, pois são pessoas que, raramente, podem se realizar na vida sem se “pendurar” no que chamam de grande amor.

A insegurança transborda de tal modo que transforma a natural necessidade de amar em uma necessidade patológica de satisfação, somente alcançada através da possessividade do amor.

Parte do desenvolvimento da personalidade humana é construída na infância e a esta soma-se a milenar bagagem espiritual adquirida em outras encarnações. 

As bases de muitas indecisões diante da vida se devem à educação autoritária dada pelos pais, que escolhem sistematicamente pelos filhos desde roupas, alimentos, esportes, brinquedos, férias, até amigos, profissão e afetos. 

Crianças crescem deixando parentes, companheiros ou professores decidirem por elas sem levar em conta seus gostos e preferências. 

Essas crianças se tornarão, mais tarde, homens sem segurança, firmeza e coragem dc tomar atitudes perante a vida. 

O direito de decidir deve ser estimulado sempre desde a infância, pois se trata de apoio vital na formação de um sólido sentimento de determinação e firmeza, que refletirá no adulto de amanhã.

Indagou o Codificador do Espiritismo:-
- Que é o que resultados  embaraços que  se  oponham à  liberdade de consciência? 

E a Espiritualidade foi taxativa:-
- “Constranger os homens a procederem em desacordo com o seu modo de pensar, fazê-los hipócritas (…)”¹.

Essa hipocrisia não é propriamente intencional ou feita conscientemente, mas é quase sempre inconsciente. 

Não deixa, porém, de ser um modelo comportamental falso ou fingido da criatura humana, que se conduz de maneira diferente do seu jeito de ser e agir.

O constrangimento que se faz à nossa liberdade de consciência prejudica a busca de nós mesmos, a nossa afirmação perante a vida, bem como nos dificulta encontrar a peculiar forma de amar.

Em razão disso tudo, indivíduos passam a usar uma máscara de “bonzinho” como meio de seduzir, conquistar ou conseguir disfarçar a enorme incerteza que carregam, mas, periodicamente, mostram de modo claro sua insatisfação interior:-
- Explodem em raiva inesperada contra aqueles com quem convivem. 

As relações ficam sensivelmente limitadas, pois nunca se sabe quanto a sua “bondade extremada” vai suportar uma opinião contrária ou algo que lhes desagrade.

Essas “estranhas bondades” são peculiares das pessoas que não desenvolveram a confiança em suas ideias, intuições e vocações íntimas e nunca se afirmam em si mesmas. 

Não admitem sua insegurança e, por isso, a agressividade acaba quase sempre controlando suas reações. 

Vivem comportamentos irreais e simulados, tentando agradar a todos e fazendo da mentira uma necessidade para viver.

 Pagam, porém, um preço fisiológico, ou seja, a somatização das raivas e fragilidades que mantêm fantasiadas em candura e amabilidade.

Um comportamento exagerado de um indivíduo geralmente significa o oposto do que ele demonstra e confessa.

Os inseguros vivem numa espécie de “heteronomia crônica”, quer dizer, não escolhem as leis que regem sua conduta.

 Distanciados cada vez mais de uma vida autônoma, submetem-se a princípios e a pessoas diferentes de seu modo de pensar.

Usar a nossa própria intimidade para nos guiar, lançar mão de nossas sensações, emoções e sentimentos é a chave essencial que nos dará segurança.

¹ O Livro dos Espíritos, Questão 837:- - Que é o que resulta dos embaraços que se oponham à liberdade de consciência? - Constranger os homens a procederem em desacordo com o seu modo de pensar, fazê-los hipócritas. 
- A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira, civilização e do progresso.

Livro:- As Dores da Alma
Item Insegurança 
Espírito Hammed 
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto

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