segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Liberdade e Dependência




 

A maioria das criaturas foi educada ouvindo fábulas e mitos do amor romântico. 

Os tabus sexuais, as velhas estruturas familiares, as normas tradicionais do matrimônio, consideradas “virtudes femininas”, estabeleceram, na formação educacional das mulheres, todo um comportamento de dependência em relação aos homens. 

Elas centraram suas vidas em outros indivíduos, preocupadas em receber proteção e cuidados, e destruíram, com o tempo, suas vocações e aptidões mais íntimas.

“São iguais perante Deus o homem e a mulher (…) outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir”¹

Muitos acreditaram que o amor seria somente despertado por uma ‘‘varinha de condão” ou por uma “flecha do cupido” que, ao tocá-los, acordasse das profundezas de seu inconsciente um sentimento há muito tempo adormecido.

 Existem aqueles que, ingênuos, passam uma encarnação inteira esperando que essa “dádiva mágica” desabroche de repente, entre a procura e a espera do ser amado, pagando desesperadamente qualquer preço.

Na atualidade, muitos educadores, psicólogos, antropólogos e psiquiatras afirmam que a forma como usamos nossos sentimentos é uma “resposta aprendida”. 

A capacidade de amar está presente na alma humana, mas, para que floresça, exige mam-ração da consciência, isto é, “aprimoramento dos sentimentos”.

Explicam, ainda, que a criatura aprende a utilizar o amor através de um processo que está diretamente relacionado com o ambiente cm que viveu na infância e com o em que vive hoje, somando-se a tudo isso a capacidade íntima de aprendizagem.

Portanto, estamos constantemente “aprendendo a amar”.

Paralelamente, sabemos que as diversas vivências reencarnatórias sedimentam na alma humana certas predisposições singulares no entendimento do amor. 

Os costumes, as tradições e os hábitos que envolvem o namoro, o casamento, o sexo e a família, completamente diferentes de nação para nação, de continente para continente, estabelecem noções diversificadas sobre a afetividade nos espíritos em sua longa marcha evolutiva.

Existem aqueles que colocaram o amor dentro de uma estrutura romântica, ou seja, fazem prevalecer um sentimentalismo exagerado e uma imaginação irreal, desprezando o significado dos sentimentos autênticos. 

Eles acreditam que o casamento extingue por completo todas as adversidades e infortúnios existenciais e que as ansiedades do cotidiano acabariam, terminantemente, quando a cerimônia sacramentasse num abraço de ternura o “felizes para toda a eternidade”.

A necessidade recíproca de controle, as promessas de que renunciariam à própria individualidade e teriam os mesmos objetivos para todo o sempre são os primeiros indícios de uma enorme desilusão na vida a dois. 

Compromissos de amor são válidos, desde que aprendamos que nossa vida esta em constante renovação. 

Assim como as pessoas passam por diversas transformações, também o amor que sentem pelos outros se transforma. 

Quanto mais observarmos os ciclos da vida fora de nós, mais entenderemos as transformações que ocorrem em nossa intimidade, porque nós também somos Vida. 

Apenas desse modo, ficaremos mais seguros e estáveis em relação ao nosso desenvolvimento e amadurecimento afetivos.

A diferença fundamental entre amor e dependência é observada com clareza nas ações e comportamentos das criaturas. 

A dependência prende, possessivamente, uma pessoa à outra, enquanto o amor de fato incentiva a liberdade, a sinceridade e a naturalidade. 

O dependente é caracterizado por demonstrar necessidade constante e por reclamar sistematicamente a atenção do outro.

O indivíduo dependente padece dos recursos psíquicos de alguém para viver. 

Ele dirá “eu o amo”, mas, em realidade, quer dizer “eu preciso de você”, ou mesmo, “eu não vivo sem você”. 

O amor real baseia-se no sentimento compartilhado entre duas pessoas maduras, ao passo que o amor dependente implora consideração e carinho, infantilmente.

Os legítimos sentimentos da alma nunca se sujeitam a ordenações e imposições, mas sim a uma completa espontaneidade de atitudes e emoções. 

Dependência gera dores na alma; já a liberdade para amar é um direito natural de todos os filhos de Deus.

¹ O Livro dos Espíritos, Questão 817:- - São iguais perante Deus o homem e a mulher e têm os mesmos direitos?
  - Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?

Livro:- As Dores da Alma
Item Dependência 
Espírito Hammed 
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto

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