Posted: 20 Jun 2013 03:25 AM PDT
A
vaidade é um desejo superlativo de chamar a atenção, ou a presunção de
ser aplaudido e reverenciado perante os outros.
É a ostentação dos que
procuram elogios, ou a ilusão dos que querem ter êxito diante do mundo e
não dentro de si mesmo.
Importante não olvidarmos que a vaidade
atinge toda e qualquer classe social, desde as paupérrimas até as que
atingiram o cume da independência econômica.
Francisco VI, duque de La Rochefoucauld,
escritor francês do século XVII, dizia que “ficaríamos envergonhados de
nossas melhores ações, se o mundo soubesse o que as motivou”.
A afirmativa é válida porque se refere às
criaturas que fàzem filantropia a fim de alimentar sua vaidade pessoal,
impressionando o mundo para que os inclua no rol dos generosos e de
grandes altruístas.
O orgulho está incluído entre os
tradicionais pecados capitais do catolicismo.
Como a vaidade é uma ideia
justaposta orgulho, ela também se destaca como um dos mais antigos
defeitos a serem combatidos na humanidade.
No entanto, somente poderemos
nos transformar se conseguirmos ver e perceber cm nós mesmos, as raízes
da vaidade, visto que negá-la de modo obstinado é ficar estritamente
vinculado a ela.
É oportuno dizer que não estamos nos
referindo aqui ao esmero na maneira de andar, falar, vestir ou se
enfeitar, que, em realidade, são saudáveis e naturais, mas a uma causa
mais complexa e profunda.
O motivo de nossas análises e observações é o
estado íntimo do indivíduo vaidoso, ou seja, o que está por baixo do
interesse dessa exibição e dessa necessidade de ser visto, a ponto de
falsificar a si mesmo para chamar a atenção.
Na fase infantil, a conduta dos pais e
sua filosofia de vida agem sobre as crianças, plasmando-lhes uma nova
matriz à sua, já existente, bagagem espiritual.
Ao produto de suas vidas
passadas é anexada a visão dos adultos, membros de sua família atual.
Portanto, através dos pais, verdadeiros “espelhos vivos”, as crianças
assimilam suas primeiras noções de comportamento e modo de viver, Filhos de pais orgulhosos podem-se tornar
crianças exibicionistas, carregando uma grave dependência psíquica de
destaque.
Comportam-se para ser socialmente aceitas e para aparentar-se
pessoas brilhantes.
Os vaidosos colocam máscaras de criaturas
impecáveis e, evidentemente, transmitem aos filhos toda uma forma de
pensar e agir alicerçada na preocupação com os rótulos e com a escala de
valores pela qual foram moldados.
Outra causa do desenvolvimento da vaidade
nas criaturas é a importância desmedida que dão às posses e
propriedades.
Na atualidade, por menor que seja a classe social em que
se encontra constituída uma família, ainda é o dinheiro uma fonte
absoluta de poder.
Quem ganha mais reivindica no lar a autoridade, a
atenção e o amor.
A riqueza amoedada é conceituada como um dos
instrumentos com o qual podemos manipular as pessoas e nos tornar um
ponto de atração.
Dessa forma, processa-se na criança uma educação do
“tipo desintencional”, transmitida pelos adultos de forma involuntária,
automática e despercebida, através do somatório dos gestos, das
conversas, das atitudes ou dos comportamentos do dia-a-dia.
A presunção leva os indivíduos a se casar
não por amor, mas a se unir a alguém que lhes proporcione um melhor
“status” social, uma roda de amigos de projeção e um nome importante.
Enfim, as uniões matrimoniais acontecem, quase sempre, por interesse
pessoal, sem levarem-se em conta os reais sentimentos da alma.
A supervalorização social e econômica de
determinada profissão ou emprego influencia as escolhas de conformidade
com a realização externa, em detrimento das inclinações e vocações
internas.
Há profissões tradicionalmente ambicionadas, como medicina,
engenharia e outras tantas de mais recente valorização nos dias atuais,
que os pais almejam para os filhos, tentando assim solucionar suas
próprias frustrações e evidenciar sua própria pessoa com o “brilho
profissional” de seus familiares.
Condicionando-os a viver uma
existência estereotipada, justificam-se com a representação de uma
dedicação e proteção ao ambiente doméstico, quando, na realidade, o que
cultivam é o “prazer da notoriedade”.
Quando o eminente educador Allan Kardec
indagou aos Semeadores da Era Nova qual a maneira de extirpar
inteiramente do coração humano o egoísmo, fundado no sentimento
interesse pessoal, ele recebeu a seguinte orientação:-
- “(…) o egoísmo é a
mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria,
influência de que 0 homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde
libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre:-
- suas leis, sua
organização social, sua educação.
- ( …) O egoísmo assenta na importância
da personalidade.
Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra
as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de
certo modo, diante da imensidade (…)”¹
A vaidade é filha legítima do egoísmo,
pois o vaidoso é um cego” que somente sabe ver a si próprio.
Ora, essa
importância ao “sentimento de personalidade”, da qual os Espíritos de
Escol se reportam, nada mais é do que a vaidade.
Além da educação familiar, os jornais, as
revistas, os telejornais — ou seja, a mídia — criam todo um “mercado de
personalidades” prósperas, mostrando suas fotos superproduzidas e seu
modo de vida na opulência.
Novelas e filmes exibem os padrões a
serem atingidos.
As criaturas imaturas, que receberam uma educação
voltada para esses valores superficiais, tentam se comparar e competir
com os modelos da televisão ou com as estrelas e astros do cinema,
gastando tempo e energia, porque se esquecem de que são incomparáveis.
As almas não são clichês umas das outras;
todos temos características individuais e próprias.
Os ingredientes do
sucesso do ser humano se encontram em sua intimidade.
Não há razão para nos compararmos com os
demais, pois cada indivíduo tem sua razão de ser no Universo.
Se a
Natureza nos criou para sermos ‘‘mangueiras”, não devemos querer
produzir como as “laranjeiras”.
Lembremo-nos, contudo, que, tal como a
semente, que contém todos os elementos vitais para a formação de uma
árvore, também nós possuímos, em essência, todos os componentes de que
necessitamos para ser criativos, originais e bem-sucedidos.
Paulo de Tarso assim se reportava aos
moradores da Galácia: “Porque se alguém cuida ser alguma coisa, não
sendo nada, engana-se a si mesmo”.²
À medida que os homens tomarem
consciência do seu próprio mundo interior, reconhecerem-se filhos do
Poder do Universo e instruírem-se sobre as infinitas possibilidades da
vida eterna, deixarão a doentia preocupação com as aparências, a
frustração crônica que possuem por imitar os outros e a “atitude de
camaleão” que cultivam com uma autoimagem para agradar o mundo em seu
redor.
¹ Livro dos Espíritos Questão 917 :-
- Qual o meio de destruir-se o egoísmo?
De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de
desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que
o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde libertar-se e para
cujo entretenimento concorre: suas leis, sua organização social, sua
educação.
O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for
predominando sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o
Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado
por ficções alegóricas.
Quando, bem compreendido, se houver
identificado com os costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os
hábitos, os usos, as relações sociais.
O egoísmo assenta na importância
da personalidade.
Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra
as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de
certo modo, diante da imensidade.
Destruindo essa importância, ou, pelo
menos,, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente
combate o egoismo. (…)
² Gálatas 6:3
Livro As Dores da Alma
item Esgoísmo
Espírito Hammed
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto