terça-feira, 25 de junho de 2013

Tristeza que Fere


O homem chegou em casa, naquela noite, trazendo o mau humor que o caracterizava há alguns meses.

Afinal, eram tantos os problemas e as dificuldades, que ele se transfomara em um ser amargo, triste, mal humorado.

Colocou a mão na maçaneta da porta e a abriu.

A luz acesa na cozinha iluminava fracamente a sala que ele adentrou.
 
Deteve o passo e pode ouvir a voz do filho de seus quatro anos de idade:-
- Mamãe, porque o papai está tão triste?

- Não sei, amor, respondeu a mãe, com paciência.

Ele deve estar preocupado com seus negócios.

O homem parou, sem coragem de entrar e continuou ouvindo:-
- Que são negócios, mamãe?

- São as lutas da vida, filho.
 
Houve uma  pequena pausa e depois, a voz infantil se fez ouvir outra vez:-
- Papai fica alegre nos negócios?

- Fica, sim, respondeu a mãe.

- Mas, então,  por que fica triste em casa?

Sensibilizado, o pai de família pode ouvir a esposa explicar ao pequenino:-
- Nas lutas de cada dia, meu filho, seu pai deve sempre demonstrar contentamento.
 
 Deve ser alegre para agradar o chefe da repartição e os clientes.

É importante para o trabalho dele.

Mas, quando ele volta para casa, ele traz muitas preocupações.

Se fora de casa, precisa cuidar para não ferir os outros, e mostrar alegria, gentileza, não acontece o mesmo em casa.

- Aqui é o lar, meu filho, onde ele está com o direito de não esconder o seu cansaço, as suas preocupações.

A criança pareceu escutar atenta e depois, suspirando, como se tivesse pensado por longo tempo, desabafou:-
- Que pena, hein mãe?

- Eu gostaria tanto de ter ulm pai feliz, ao menos de vez em quando.

- Gostaria que ele chegasse em casa e me pegasse no colo, brincasse comigo.
 
- Sorrisse para mim .
 
- Eu gostaria tanto...
 
 Naquele momento,  o homem pareceu sentir as pernas bambearem.

Um líquido estranho lhe escorreu dos olhos e ele se descobriu chorando.

Meu Deus, pensou.

Como estou maltratando minha família.

E, ainda emocionado, irrompeu pela cozinha, abriu os braços, correu para o menino, abraçou-o com força e lhe convidou:-
- Filho, vamos brincar?

Não há quem não tenha problemas, lutas e dificuldades.

Compete, no entanto, saber administrá-las de forma que elas não se tornem um fantasma de tristeza, um motivo de auto-compaixão.

Mesmo porque ninguém tem somente coisas ruins em sua vida.

Ao lado das lutas constantes, existem sempre as compensações que Deus providencia.

Ter um lar, esposa,  filhos,  família, pais amorosos é o oásis de paz que a divindade nos concede a fim de que restabeleçamos as forças para o  prosseguimento do bom combate.


 

 
 
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