segunda-feira, 10 de junho de 2013

Vício


Vício



Posted: 06 Jun 2013 02:57 AM PDT

Tradição é ato de transmissão oral ou escrita de costumes, lendas ou fatos levados de geração a geração através dos tempos. 

Quanto mais antigos, mais notáveis e fora do comum eles se tornam. 

Uma vez atingida tal dimensão, transformam-se em crenças inquestionáveis.

As criaturas assimilam conceitos simplesmente porque outras, que elas julgam importantes e entendidas, disseram-lhes que são verdadeiros. 

As crenças de toda espécie começaram geralmente através das histórias e dos costumes criados por alguém. 

Com o passar dos séculos, entretanto, tornaram-se regras éticas. 

Crença é a ação de acreditar naquilo que convencionamos adotar como verdade. 

 Evidentemente, algumas são verdadeiras; outras não.

Precisamos revisar nossas concepções sobre os vícios. 

Não podemos entendê-los como uma problemática que abrange, exclusivamente, delinquentes e vadios. 

Em verdade, viciados são todos aqueles que se enfraqueceram diante da vida e se refugiaram na dependência de pessoas ou substâncias.

Pelas crenças tradicionalistas, são tachados de criminosos e vagabundos; para nós, no entanto, representam, acima de tudo, companheiros do caminho evolutivo, merecedores de atenção e entendimento. 

Por serem carentes e sofridos, entregaram sua força de vontade ao poder dos tóxicos, procurando se esquecer de algo que, talvez, nem mesmo saibam:-
- “Eles próprios”, pois não aguentaram suportar seu mundo mental em desalinho.

A ociosidade pode ser considerada, ao mesmo tempo, “causa e efeito” de todos os vícios.

Reportando-se à ociosidade, assim se manifestaram as Entidades Superiores:-
- “Haverá Espíritos que se conservam ociosos (…) mas esse estado é temporário e dependendo do desenvolvimento de suas inteligências (…) em sua origem, todos são quais crianças que acabam de nascer e que obram mais por instinto que por vontade expressa”.

Sob o prisma do “efeito”, tais considerações podem ser analisadas conforme o que segue abaixo:-
- Os dependentes são julgados por muitos como criaturas intencionalmente indolentes; por outros, de forma precipitada, como ‘parasitas sociais”, desocupados, improdutivos e preguiçosos. 

Mas sem qualquer conotação ou justificativa de tirar-lhes a responsabilidade por seus feitos e decisões, não podemos nos esquecer de que o “peso do fardo” que carregam lhes dá tamanha lassidão energética que passam a viver em constante “embriaguez na alma”, entre fluidos de abatimento, fadiga e tédio.

Não são inúteis deliberadamente, mas se utilizam, sem perceber, do desânimo que sentem como “estratégia psicológica para fugirem à decisão de “arregaçar as mangas” e enfrentar a parte que lhes cabe realizar na vida. 

Adiam sistematicamente seus compromissos, vivem de uma maneira no presente e dizem que vão viver de outra no futuro.

Aqui está um possível raciocínio de que se utilizam:-
- “Sei que devo trabalhar para me realizar, mas, como desconfio de minha capacidade, temo não fazer direito”, ou mesmo, “O que gosto de fazer não será aprovado pelos outros; por isso, digo a mim mesmo e aos outros que o farei no futuro.

 Agindo assim, não terei que admitir que não vou fazê-lo”. 

Os toxicômanos são criaturas de caráter oscilante, não desenvolveram o senso de autonomia, vivem envolvidos numa aura fluídica de indecisão e imobilização por consequência da própria reação emocional em desajuste.

Protelam as coisas para um dia que, talvez, nunca chegará. 

Fixam-se ao consumo cada vez maior de produtos narcóticos, enquanto desenvolvem atitudes emocionais que os levam à subjugação a pessoas e situações.

A ociosidade como “causa” das viciações pode ser estudada da seguinte maneira:-
- As velhas crenças religiosas continuam afirmando que a felicidade dos bem-aventurados consiste na vida contemplativa, no repouso absoluto nos céus, em uma eterna e fastidiosa inutilidade. 

Asseguram também, em contrapartida, que os infernos são destinados aos espíritos culpados. 

Conduzidos forçosamente a um mundo de expiações eternas, sem meios de reparação, ficariam condenados a viver eternamente as dores do fogo e o sofrimento não menos cruel da eterna ociosidade.

As crenças no poder dos “melhores”, ou seja, dos aristocratas, fortificaram-se ainda mais no tempo dos patriarcas, das sociedades greco-romanas. 

Expandindo-se, essas ideias fizeram com que os homens formassem unidades produtivas com base no escravismo. 

As vilas romanas e gregas possuíam dezenas de criados/cativos para satisfazer a todas as necessidades dos patrícios, para que vivessem no fastio e na inutilidade.

Durante séculos, a escravidão no Brasil foi aceita sem que as classes dominantes questionassem a legitimidade dos cativeiros. 

Os senhores de engenho se justificavam dizendo que resgatavam os negros do paganismo em que viviam para a conversão cristã que lhes facultava a redenção dos pecados e lhes abria as portas da salvação. 

Na realidade, ocultavam suas verdadeiras intenções:-
- A mão-de-obra lucrativa, que lhes permitia a vida fácil de esbanjamento com seus familiares, para manter a aparência social.

Aprendemos com as sociedades absolutistas do passado que a ociosidade era uma peça importante na vida. 

Na corte, as etiquetas, jogos, bailes e saraus eram as atividades mais comuns da nobreza.

Assim pensavam os nobres na época de Luís XIV da França:-
- “Somos uma classe que não ganha dinheiro pelo trabalho, mas o temos pela nossa genealogia; não queremos ser confundidos com os poupadores vulgares, que são a gentinha da burguesia.” 

Pode-se afirmar que, até poucas décadas atrás, a grande maioria também assim raciocinava.

As regras e costumes do passado pesam sobre todos nós. Somos espíritos milenares, encarnando sucessivas vezes, adquirindo experiências e assimilando crenças, algumas verdadeiras, outras não, repetindo o que escrevemos inicialmente. 

Essa a razão da necessidade de revisar nossos conceitos.

Disse certa feita Sócrates:-
- “Não é ocioso apenas o que nada faz, mas também o que poderia empregar melhor o seu tempo”. 

A ociosidade é uma porta que se abre para os vícios, é uma casa sem paredes; as “serpentes” podem entrar nela por todos os lados.


Livro:-  As Dores da Alma
 Item Vício
Espírito Hammed
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto

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