Vício
Posted: 06 Jun 2013 02:57 AM PDT
Tradição
é ato de transmissão oral ou escrita de costumes, lendas ou fatos
levados de geração a geração através dos tempos.
Quanto mais antigos,
mais notáveis e fora do comum eles se tornam.
Uma vez atingida tal
dimensão, transformam-se em crenças inquestionáveis.
As criaturas assimilam conceitos
simplesmente porque outras, que elas julgam importantes e entendidas,
disseram-lhes que são verdadeiros.
As crenças de toda espécie começaram
geralmente através das histórias e dos costumes criados por alguém.
Com o
passar dos séculos, entretanto, tornaram-se regras éticas.
Crença é a
ação de acreditar naquilo que convencionamos adotar como verdade.
Evidentemente, algumas são verdadeiras; outras não.
Precisamos revisar nossas concepções
sobre os vícios.
Não podemos entendê-los como uma problemática que
abrange, exclusivamente, delinquentes e vadios.
Em verdade, viciados são
todos aqueles que se enfraqueceram diante da vida e se refugiaram na
dependência de pessoas ou substâncias.
Pelas crenças tradicionalistas, são
tachados de criminosos e vagabundos; para nós, no entanto, representam,
acima de tudo, companheiros do caminho evolutivo, merecedores de atenção
e entendimento.
Por serem carentes e sofridos, entregaram sua força de
vontade ao poder dos tóxicos, procurando se esquecer de algo que,
talvez, nem mesmo saibam:-
- “Eles próprios”, pois não aguentaram suportar
seu mundo mental em desalinho.
A ociosidade pode ser considerada, ao mesmo tempo, “causa e efeito” de todos os vícios.
Reportando-se à ociosidade, assim se
manifestaram as Entidades Superiores:-
- “Haverá Espíritos que se conservam
ociosos (…) mas esse estado é temporário e dependendo do
desenvolvimento de suas inteligências (…) em sua origem, todos são quais
crianças que acabam de nascer e que obram mais por instinto que por
vontade expressa”.
Sob o prisma do “efeito”, tais considerações podem ser analisadas conforme o que segue abaixo:-
- Os dependentes são julgados por muitos
como criaturas intencionalmente indolentes; por outros, de forma
precipitada, como ‘parasitas sociais”, desocupados, improdutivos e
preguiçosos.
Mas sem qualquer conotação ou justificativa de tirar-lhes a
responsabilidade por seus feitos e decisões, não podemos nos esquecer
de que o “peso do fardo” que carregam lhes dá tamanha lassidão
energética que passam a viver em constante “embriaguez na alma”, entre
fluidos de abatimento, fadiga e tédio.
Não são inúteis deliberadamente, mas se
utilizam, sem perceber, do desânimo que sentem como “estratégia
psicológica para fugirem à decisão de “arregaçar as mangas” e enfrentar a
parte que lhes cabe realizar na vida.
Adiam sistematicamente seus
compromissos, vivem de uma maneira no presente e dizem que vão viver de
outra no futuro.
Aqui está um possível raciocínio de que
se utilizam:-
- “Sei que devo trabalhar para me realizar, mas, como
desconfio de minha capacidade, temo não fazer direito”, ou mesmo, “O que
gosto de fazer não será aprovado pelos outros; por isso, digo a mim
mesmo e aos outros que o farei no futuro.
Agindo assim, não terei que
admitir que não vou fazê-lo”.
Os toxicômanos são criaturas de caráter
oscilante, não desenvolveram o senso de autonomia, vivem envolvidos numa
aura fluídica de indecisão e imobilização por consequência da própria
reação emocional em desajuste.
Protelam as coisas para um dia que,
talvez, nunca chegará.
Fixam-se ao consumo cada vez maior de produtos
narcóticos, enquanto desenvolvem atitudes emocionais que os levam à
subjugação a pessoas e situações.
A ociosidade como “causa” das viciações pode ser estudada da seguinte maneira:-
- As velhas crenças religiosas continuam
afirmando que a felicidade dos bem-aventurados consiste na vida
contemplativa, no repouso absoluto nos céus, em uma eterna e fastidiosa
inutilidade.
Asseguram também, em contrapartida, que os infernos são
destinados aos espíritos culpados.
Conduzidos forçosamente a um mundo de
expiações eternas, sem meios de reparação, ficariam condenados a viver
eternamente as dores do fogo e o sofrimento não menos cruel da eterna
ociosidade.
As crenças no poder dos “melhores”, ou
seja, dos aristocratas, fortificaram-se ainda mais no tempo dos
patriarcas, das sociedades greco-romanas.
Expandindo-se, essas ideias
fizeram com que os homens formassem unidades produtivas com base no
escravismo.
As vilas romanas e gregas possuíam dezenas de
criados/cativos para satisfazer a todas as necessidades dos patrícios,
para que vivessem no fastio e na inutilidade.
Durante séculos, a escravidão no Brasil
foi aceita sem que as classes dominantes questionassem a legitimidade
dos cativeiros.
Os senhores de engenho se justificavam dizendo que
resgatavam os negros do paganismo em que viviam para a conversão cristã
que lhes facultava a redenção dos pecados e lhes abria as portas da
salvação.
Na realidade, ocultavam suas verdadeiras intenções:-
- A mão-de-obra lucrativa, que lhes permitia a vida fácil de esbanjamento
com seus familiares, para manter a aparência social.
Aprendemos com as sociedades absolutistas
do passado que a ociosidade era uma peça importante na vida.
Na corte,
as etiquetas, jogos, bailes e saraus eram as atividades mais comuns da
nobreza.
Assim pensavam os nobres na época de Luís
XIV da França:-
- “Somos uma classe que não ganha dinheiro pelo trabalho,
mas o temos pela nossa genealogia; não queremos ser confundidos com os
poupadores vulgares, que são a gentinha da burguesia.”
Pode-se afirmar
que, até poucas décadas atrás, a grande maioria também assim
raciocinava.
As regras e costumes do passado pesam
sobre todos nós. Somos espíritos milenares, encarnando sucessivas vezes,
adquirindo experiências e assimilando crenças, algumas verdadeiras,
outras não, repetindo o que escrevemos inicialmente.
Essa a razão da
necessidade de revisar nossos conceitos.
Disse certa feita Sócrates:-
- “Não é ocioso
apenas o que nada faz, mas também o que poderia empregar melhor o seu
tempo”.
A ociosidade é uma porta que se abre para os vícios, é uma casa
sem paredes; as “serpentes” podem entrar nela por todos os lados.
Livro:- As Dores da Alma
Item Vício
Espírito Hammed
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto
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