Crítica
Os dicionários definem crítica como sendo
um exame detalhado que visa a salientar as qualidades ou os defeitos do
objeto a ser julgado.
E comum encontrarmos alguém criticando o trabalho
de outro sem tê-lo vivenciado pessoalmente, isto é, desaprovando o que
nem sequer tentou fazer.
Tudo isso faz parte da incoerência humana.
A crítica nociva é característica de indivíduos que não realizam nada
de importante, não enfrentam desafios nem se arriscam a mudanças.
Ficam
sentados, observando o que as pessoas dizem, fazem e pensam para,
depois, filosofar improdutivamente sobre as realizações alheias, usando
suas elucubrações dissociadas do equilíbrio.
As discordâncias são
perfeitamente saudáveis e normais, desde que estejam fundamentadas em
fatos concretos e não nos vapores das suposições ou das projeções da
consciência.
Há quem diga que a crítica é profissionalizada, por ser um meio fácil
e rentável para destacar os incapazes e inabilidosos, tornando-os
pessoas importantes e formidáveis.
Porém, não por muito tempo.
Os verdadeiros realizadores deste mundo não têm tempo para censuras e
condenações, pois estão sempre muito ocupados na concretização de suas
tarefas.
Ajudam os fracos e inexperientes, ensinando os que não são
talentosos, em vez de maldizê-los.
A crítica pode ser construtiva e útil.
Cada um de nós pode, livremente, optar entre o papel de ironizar e o de realizar.
A crítica pode ser empregada como forma de inocentar-nos da
responsabilidade de nossa própria ineficiência e de atribuir nossas
frustrações e fracassos aos que, realmente, são criativos e originais.
Em verdade, para se viver com equilíbrio mental, emocional e social, é
necessário, acima de tudo, respeitar os direitos dos outros, assim como
queremos que os nossos sejam respeitados.
De acordo com o pensamento da Espiritualidade Maior:- -“Da necessidade
que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações especiais
(…) a primeira de todas é a de respeitar os direitos de seus semelhantes
(…)
Em o vosso mundo, porque a maioria dos homens não pratica a lei de
justiça, cada um usa de represálias.
Essa a causa da perturbação e da
confusão em que vivem as sociedades humanas.”
As “represálias” evidenciadas nesta questão podem ser consideradas
como as desforras ou as vinganças que, comumente, os indivíduos fazem
através de críticas, injúrias, sátiras e depreciações.
Nesse tema, é
oportuno ressalvar que, em muitas ocasiões, em decorrência das emoções
patológicas, é perfeitamente possível pessoas sentirem-se humilhadas,
vendo atitudes de arrogância e insulto onde não existem.
No mundo interior dos críticos implacáveis, pode existir uma
intimidação, originalmente adquirida na infância, em virtude da
autoridade e ameaça dos pais.
Vozes do passado ecoam em suas mentes,
solicitando, insistentemente, que sejam “pontuais e infalíveis”, “exatos
e bem informados”, “super-responsáveis e controlados”.
As exigências do pretérito criaram-lhes um padrão de comportamento mental, caracterizado por constante cobrança e acusação, fazendo com que projetem tudo isso sobre os outros.
O medo
de cometerem erros e o fato de desconfiarem de si mesmos,
conferem-lhes uma existência ambivalente.
Vivem, ao mesmo tempo, entre a
sensação de perseguição e a de superioridade.
Além do mais, quem
critica imagina-se sensacional e em vantagem.
Desesperadamente, observam e desconfiam de si mesmos.
Exteriorizam e
transferem toda essa sensação de auto-acusação, condenando os outros.
Essa operação emocional funciona como uma válvula de escape, a fim de
compensar a autoperseguição e aplacar as cobranças convulsivas do seu
mundo interior.
Os críticos são especialistas em detectar e resolver os problemas que
não lhes dizem respeito, mas, contrariamente, possuem uma grave
dificuldade em aceitar a sua própria problemática existencial.
A Lei Divina nos dá o livre-arbítrio para escolhermos e concretizarmos nosso programa de aprendizagem, ou seja, livre opção para elegermos o caminho a ser percorrido, para expandirmos nossa
consciência.
O plano de instrução nos oferecerá duas possibilidades
básicas, a saber:-
- A aprendizagem consciente e a inconsciente.
A aprendizagem consciente é aquela em que estamos prontos para agir e
resolver as coisas, mediante uma assimilação atuante ou uma
participação voluntária.
A aprendizagem inconsciente é a que entrará em vigor,automaticamente, quando desprezamos, conscientemente, a resolução e compreensão do nosso
roteiro de instrução.
Em resumo:-
- O sofrimento sempre entra em ação,
quando não aprendemos espontaneamente.
O crítico, por vigiar e espreitar sem interrupção os problemas
alheios, permanece inconsciente e imobilizado em relação à própria
aprendizagem evolucionai; portanto, sua possibilidade de integralizar
novos conceitos e experiências é quase nula.
Quanto mais ele projeta a
culpa e a acusação ao mundo exterior, recusando cumprir sua aprendizagem
conscientemente, mais sofrerá com os reflexos de suas atitudes.
Jesus Cristo, conhecendo os traços de caráter da humanidade terrena
em evolução, advertiu-os:-
- “Ouvi-me, vós todos, e compreendei.
Nada há,
fora do homem, que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai
dele, isso é que contamina o homem.”
A tendência em julgar e criticar os outros, com intenção maldosa,
recebe a denominação de malícia; em outras palavras, o indivíduo nessas
condições vê os outros com os olhos da “própria maldade”.
Livro As Dores da Alma
item Crítica, Espírito Hammed
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto
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