Posted: 03 Jun 2013 02:56 AM PDT
As
ilusões que criamos servem-nos, de certa forma, de defesas contra
nossas realidades amargas.
Embora possam, por um lado, nos poupar das
dores momentaneamente, por outro, nos tornam prisioneiros da
irrealidade.
Para possuir uma mente sã, é preciso que tenhamos a
capacidade de aceitação da realidade, jamais fugindo dela.
Muitos de nós conservamos a ilusão de que a posse material
proporciona a felicidade; de que o poder e a fama garantem o amor; de
que a força bruta protege de uma possível agressão; e de que a prática
sexual dá uma integral gratificação na vida.
Quase sempre, desenvolvemos
essas ilusões na infância com nossos pais, professores, outros
parentes, como sendo reais ensinamentos, quando, em verdade, não passam
de crenças distorcidas de indivíduos que tinham o dinheiro e o sexo como
divindades supremas.
Mesmo quando crescidos e maduros, sentimos medo de abandoná-las.
Não
será fácil renunciarmos a essas ilusões, se não nos conscientizarmos de
que a alegria e o sofrimento não estão nos fatos e nas coisas da vida,
mas sim na forma como a mente os percebe.
Enquanto usarmos nossa mente,
sem que ela esteja ligada a nossos sentidos mais profundos, ficaremos
agarrados a esses valores ilusórios.
Às vezes, na denominada educação ou norma social, assimilamos as
ilusões dos outros como sendo realidades.
Aprendemos, desde a mais tenra
idade, que certas emoções são ruins, enquanto outras são boas.
Importa
considerar, no entanto, que as emoções são amorais e que senti-las é
muito diferente do agir com base nelas, eis quando passam a ser uma
questão moral/social.
“Os costumes sociais não obrigam muitas vezes o homem a enveredar por
um caminho de preferência a outro (…)
O que se chama respeito humano
não constitui óbice ao exercício do livre-arbítrio (…)
São os homens e
não Deus quem faz os costumes sociais.
Se eles a estes se submetem, é
porque lhes convêm.
Tal submissão, portanto, representa um ato de
livre-arbítrio (..)”.
Colocar restrições às emoções é como querer segurar as ondas do mar,
enquanto colocar restrições ao comportamento humano é perfeitamente
possível e válido.
São os comportamentos adequados que promovem o
bem-estar dos grupos sociais e, inquestionavelmente, são necessários à
harmonia da comunidade.
As emoções são simplesmente emoções.
É importantíssimo aprendermos a
perdoar e sermos compreensivos, desde que façamos isso agindo por livre
escolha, não por medo ou por autonegação emocional.
Na maioria dos
casos, damos a outra face, não por uma capacidade de livre expressão e
consciência, mas usando falsas atitudes de compreensão e espontaneidade.
Para que nossos atos e comportamentos sejam verdadeiros, as emoções
devem ser percebidas como são e totalmente reconhecidas pela nossa
personalidade, a fim de que nossa expressão seja natural, fácil e
apropriada às situações.
Identificar uma emoção é diferente de suportá-la.
Na identificação,
nós a reconhecemos e, a partir daí, agimos ou não; suportar a emoção
significa ignorá-la ou simplesmente tentar eliminá-la.
Censurar as emoções é ilusão; seria o mesmo que censurar a própria
Natureza.
Habitualmente, os pais costumam repreender o filho dizendo que
não deveria ter raiva ou medo.
Por certo, condenam as crianças por
essas emoções e as obrigam a escondê-las, porém eles não conseguem
extirpá-las.
Ao punirem seus filhos, por estes expressarem suas emoções
naturais, talvez não estejam usando o melhor método educativo.
Não seria
melhor ensinar-lhes os códigos do bom comportamento social, deixando
que seu modo de ser flua com naturalidade e equilíbrio, sem anular a
personalidade ou torná-los submissos?
Todos os seres humanos nascem com reações emocionais.
Encontramos nos
bebês emoções de raiva, quando estão impedidos de andar, pegar,
brincar, ou seja, movimentar-se livremente.
Verificamos também emoções
de medo, quando ficam sem apoio, quando se sentem abandonados ou diante
de barulhos fortes.
Na infância, se as emoções forem impedidas de se manifestar, irão
ocasionar sérios danos no desenvolvimento psicoemocional do adulto,
constituindo-se-lhe um obstáculo para atingir a auto-segurança.
A raiva ou o medo são emoções que proporcionam um certo “estado de
alerta”, que nos mantêm despertos.
Sem eles, ficamos impotentes e não
conseguimos proteger nossa integridade física nem a psicológica das
ameaças que enfrentamos na vida.
São eles que nos orientam para a defesa
ou para a fuga em situações de risco.
Obviamente, não estamos fazendo alusão às emoções patológicas e
irracionais, mas àquelas que, naturais, são essenciais ao crescimento e
desenvolvimento dos seres humanos.
Nossos sentidos são tudo o que temos para perceber os recados da
vida; contê-los seria o mesmo que destruir o elo com nossa intimidade.
Não sentir é viver em constante ilusão, distanciado do verdadeiro
significado da vida.
A repressão das emoções inibe o ritmo e a pulsação
interna, limita a vitalidade e reduz a percepção.
Quando reprimimos uma
emoção, por certo estaremos reprimindo muitas outras.
Ao reprimirmos
nossas emoções básicas (medo e raiva), certamente estaremos reprimindo
também as emoções da afetividade.
Infelizmente, não conseguiremos lidar
com as dificuldades e encontrar soluções, se perdermos o contato com as
leis da Natureza, aliás criadas por Deus e que nos regem a todos.
É mais
produtivo para a evolução das almas acreditar naquilo que se sente do
que nas palavras que se ouvem.
Livro:- As Dores da Alma
item Ilusão
Espírito Hammed
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto.
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