Ética no contato com o paciente nas atividades espirituais
ÉTICA NO CONTATO COM O PACIENTE
Não podemos nos esquecer de que, mesmo trabalhando no
serviço do bem comum, atendendo às dores, às dificuldades e aos
sofrimentos alheios, os médiuns, geralmente, não são médicos.
Os trabalhadores, terapeutas do espírito, também não são
médicos; ainda que detenham algum conhecimento na área da saúde, que
hajam estudado a fisiologia espiritual e energética do ser humano, fato é
que não são médicos.
Embora possam captar o pensamento de alguém que
exercesse a medicina quando encarnado, assim mesmo, não são médicos.
Por
isso, enfatizamos o cuidado que devem ter meus irmãos a fim de evitar a
acusação de prática de curandeirismo ou de exercício ilegal da
medicina.
Para as atividades espirituais, não precisamos recorrer a
instrumentos que somente aos médicos é dado manejar.
Aos espíritos
superiores comprometidos com a recuperação da saúde humana, são
completamente desnecessários o bisturi e as demais ferramentas e
técnicas cujo emprego é prerrogativa médica.
É bom lembrar que, na
história das manifestações brasileiras de espiritualidade, já houve
vários trabalhos sérios que ficaram comprometidos devido ao uso de tais
elementos.
Os responsáveis foram expostos às leis dos homens em razão da
imprudência — mais de médiuns e trabalhadores que de espíritos.
Médiuns
há que resolvem lançar mão desses instrumentos para dizer ou mostrar
que estão realizando cirurgias espirituais.
Ora, se estas são espirituais, por que usar ferramentas da medicina terrena?
Por outro lado, se querem realizar cirurgias físicas, por que deveriam se eximir de estudar medicina e formar-se na profissão?
Há que ter um cuidado sério para não comprometermos o trabalho espiritual nem sermos enquadrados como praticantes ilegais da medicina ou como usuários de métodos de curandeirismo.
Trata-se, repetimos, de prática
absolutamente desnecessária, decorrente muito mais de aspectos ligados à
expressão anímica do médium do que ao espírito manifestante, isso
quando há um espírito atuando, genuinamente.
Sem desmerecer meus irmãos espirituais que, no passado,
utilizaram esses recursos, a medicina espiritual está por demais
avançada para que seja necessário recorrer a tais recursos, mais
apropriados a profissionais da esfera física.
Trabalhamos com energias,
luz coagulada, ondas, radiações e vibrações; para nós, da esfera
além-física, o ectoplasma é a fonte de abastecimento vital e energético,
da qual nos servimos para interferir na qualidade da saúde dos
consulentes, dentre outros recursos ainda invisíveis para meus irmãos
encarnados.
Trata-se de uma medicina puramente vibracional, que, não
obstante todo o conhecimento científico do mundo, os médicos na
atualidade não conseguem entender nem sequer aceitar, em sua maioria.
De
forma análoga, caso estes pretendam empregar recursos e aparelhos que
simulem tecnologias próprias do plano extrafísico, por certo serão
também responsabilizados perante os conselhos de medicina, pois além de
não conhecerem os pormenores de elementos próprios do plano invisível,
estes não são reconhecidos pela ciência como métodos válidos, ao menos
por ora.
É prudente, portanto, que cada qual se utilize dos recursos pertinentes à sua área de atuação.
Outro aspecto importante no trato com consulentes diz
respeito à comunicação clara do que se pretende fazer.
Como médiuns,
terapeutas do espírito ou curadores, não é elegante prometer a cura de
nenhuma enfermidade nem divulgar que se está curando enfermos.
Mais uma
vez, afirmamos:-
- Médium não é médico.
Mais determinante que isso, porém, é
que nem os médicos do espaço que trabalham com seriedade divulgam que
curam, pois a cura depende de diversos fatores.
Nenhum de nós é Deus; ademais, nem mesmo Jesus, o médico por excelência, curou todos os enfermos que o procuraram.
Assim sendo, prometer cura é comprometer o trabalho e os
trabalhadores.
No máximo, podemos oferecer auxílio espiritual como
complemento ao tratamento médico.
Aqueles que nos procuram para sanar suas dores não devem,
de maneira alguma, interromper o tratamento médico ou o acompanhamento
de saúde a fim de receber auxílio da medicina espiritual.
É útil lembrar
que trabalhamos numa sociedade humana que, em sua maior parte, não
reconhece a eficácia, nem sequer admite a existência das intervenções
espirituais.
A lembrança desse fato é essencial para evitar comprometer
as tarefas realizadas em nome do eterno bem.
A ética espiritual define, ainda, que não podemos, sob
nenhuma hipótese, suspender qualquer medicação, insinuar que o
consulente deva interromper o tratamento médico, tampouco deixar sequer
transparecer a ideia de que a terapia espiritual seja um método
substitutivo à metodologia terrena.
Nosso campo de atuação não é o
corpo, mas o espírito, o perispírito ou psicossoma, o duplo etérico, a
fisiologia dos corpos energéticos e as formas-pensamento.
Trabalhamos
visando eliminar os focos de contaminação fluídica, miasmática e astral,
bem como os cúmulos energéticos localizados nos corpos extrafísicos de
meus irmãos, cientes de que tais intervenções trazem alívio e qualidade
de vida, e agem de modo a aumentar a eficacia dos tratamentos realizados
pelos médicos da Terra.
São somente eles, nossos amigos da ciência
terrena, que podem recomendar a interrupção de tratamentos prescritos.
Seria muita irresponsabilidade e falta de zelo com a
seriedade do trabalho espiritual que médium, espírito ou pseudoespírito
sugerissem ao consulente cessar o tratamento médico, usando a terapia
espiritual como pretexto.
É bom ter em mente, também, um outro cuidado.
Uma vez que a
medicina e a ciência da Terra ainda não reconhecem a eficácia nem
sequer a realidade da ciência espiritual, e considerando que médiuns
receitistas, de cura e magnetizadores não são médicos, reza a prudência
que evitem indicar medicamentos alopáticos e tratamentos próprios da
medicina convencional ou tradicional.
Tal campo é de competência da
medicina terrena.
À ciência médica espiritual cabem métodos mais brandos
e naturais, a título de terapia complementar e objetivando incrementar a
qualidade de vida e a saúde de meus irmãos.
Quando mencionamos essas situações, queremos sobretudo
garantir a segurança dos trabalhos espirituais e a do próprio
trabalhador que representa ou diz representar os Imortais.
Reiteramos:-
- Mesmo na hipótese de que o necessitado de
socorro venha a se sentir curado ou recuperado das enfermidades que o
trouxeram ao contato com a realidade espiritual, é ético da parte do
terapeuta do espírito não isentá-lo do tratamento médico convencional,
mas sim recomendar que procure seu médico e siga suas orientações.
O princípio que deve pautar as ações é o seguinte:-
- A
medicina espiritual não compete com a medicina humana; antes, lhe serve
de complemento, que não invalida a metodologia tampouco a atuação dos
médicos do mundo.
De outro lado, mesmo não sendo médicos, os médiuns precisam
saber anatomia e fisiologia; precisam ter o mínimo de conhecimento
sobre o corpo humano, além de estudar constantemente fisiologia
energética e espiritual.
Chacras, corpos, formas-pensamento,
parafisiologia do psicossoma em particular, assim como do duplo etérico,
além de algo mais ou menos profundo a respeito do corpo mental, são
tópicos centrais de estudo, a fim de não incorrerem em erros básicos que
a simples intuição, desamparada de noções robustas, é incapaz de
afastar.
Ao mesmo tempo, quando os médiuns se preparam podem oferecer
aos seus companheiros invisíveis instrumentos mais aprimorados, a fim de
que exerçam sua atividade com mais eficácia.
A presença dos espíritos nas atividades de cura de meus
irmãos não exime ninguém, sobretudo os médiuns, de continuar estudando e
aperfeiçoando-se sempre.
Sem estudo, sem disciplina e sem dedicação,
dificilmente se terá a chancela dos espíritos superiores.
A propósito, é imperioso entender que nem todos os
espíritos que pretendem atender meus irmãos em problemas relativos à
saúde, entre outros de variada complexidade, são espíritos esclarecidos.
Assim como na Terra há os que se passam por pessoas sérias, os que são
enganadores e antiéticos, do lado de cá da vida existem os espíritos
mistificadores; somente o estudo, o conhecimento e a coragem de
enfrentá-los, com instrumentos espirituais apropriados, são capazes de
desmascará-los.
Não se iludam meus irmãos pensando que todo espírito que
pretenda ajudar tenha real condição e intenção de fazê-lo.
De outro lado, existem também aqueles entre meus irmãos que
são crédulos por demais.
Se há espíritos que enganam, eles só encontram
campo para tal por existirem pessoas que se expõem abertamente à
possibilidade de ser enganadas.
De maneira análoga, assim como existem médiuns sérios e com
real compromisso na área da cura, existem também aqueles que querem
copiar outros, simular cirurgias espirituais e ser médiuns de cura a
todo custo, ignorando que seu compromisso é em outra área da vida
espiritual.
Em nome do Respeito, da Dignidade e da Fidelidade aos
espíritos superiores, meus irmãos devem ficar atentos.
Diante dos
modismos do movimento espiritualista, qualquer um arma uma maca e se
autodenomina médium de cura.
E logo aparecem pessoas desavisadas,
dispostas a se submeterem a tratamentos que o médium não conhece e para
os quais não está preparado.
Não basta uma maca e a aparência de se
estar em transe para que a pessoa seja médium de cura e esteja bem
assistida, do ponto de vista espiritual.
As questões dessa ordem são por
demais sérias para que meus irmãos se deixem levar pelos desatinos e
irresponsabilidades de alguns que se julgam médiuns e não o são, ao menos nesse departamento.
Os médiuns e os trabalhadores do bem, de modo geral,
precisam estudar sempre, saber mais, aprofundar os estudos e observações
e conhecer as bases da filosofia espírita.
Quem não estuda,
candidata-se ao engano; quem não conhece nem se dedica ao
aperfeiçoamento, à informação e ao incremento da cultura espiritual,
torna-se porta aberta para intromissões energéticas e conscienciais
indesejáveis e comprometedoras.
Um elevado amigo espiritual diz, com
propriedade, que médium sem estudo é ferramenta enferrujada.
E nós
acrescentamos que médium sem ética é ferramenta que já foi posta de lado
e não nos serve mais.
Não podemos olvidar que a importância do trabalho do bem e a
consideração que lhe é devida estão acima das pretensões e da
leviandade das pessoas, sejam elas médiuns, trabalhadores, médicos ou
quem for.
Convém a cada um chamado a servir à humanidade, em nome do bem
geral, desenvolver o senso de responsabilidade em relação à tarefa com a
qual colaborará.
Sabendo que ninguém é dono da atividade que realiza, é
possível ser remanejado a qualquer momento, tanto quanto ser convidado a
se afastar, a fim de que outro mais comprometido assuma o que não demos
conta de fazer.
O trabalho não nos pertence; ninguém é insubstituível,
nem incapaz de realizar algo.
A todos é dada a oportunidade de servir em
alguma atividade, mas compete a cada um fazer-se necessário à tarefa
por meio da dedicação e do esforço, do respeito e da dignidade que o
trabalho merece.
Quando se trata do bem comum, o trabalho é mais importante
do que o trabalhador.
Tanto quanto é verdade que, quando se trata das
necessidades humanas e da dor particular, o trabalhador é tão importante
quanto o trabalho que ele representa.
Por isso, merece, como qualquer ser humano, carinho,
atenção e cuidados equivalentes aos do necessitado que procura
atendimento.
Não obstante, na tarefa diária, é bom não confundir os dois
papéis; é preciso saber em que lugar nos colocamos:-
- Se no do consulente
necessitado ou no do enfermeiro que serve em nome de Cristo.
Joseph Gleber
Fonte: A Casa do Espiritismo
Fonte: A Casa do Espiritismo
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