segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Natal, validade temporária


 
Natal, validade temporária 

 

Presenciamos uma cena  num supermercado, há apenas alguns dias depois de um Natal,  que nos levou a uma reflexão sobre a validade temporária do espírito natalino. 

Estávamos na fila de um caixa e na nossa frente um garoto que, ao pedir  que lhe desse dinheiro para pagar o pacote de açúcar e de café, que trazia nas mãos, teve a sua iniciativa bruscamente interrompida.

Ato contínuo, ao seu pedido, surgiu um segurança bem trajado, boa aparência pessoal e avantajada compleição física que,inclinando-se para o garoto, disparou a seguinte frase:-

- "Você tem trinta segundos para cair fora da loja...29, 28, 27...".

Assustado, o garoto largou as mercadorias e saiu em disparada.

Essa foi a constrangedora cena protagonizada por um garoto pobre e um segurança despreparado profissionalmente. 

No exato momento nos veio a mente o pensamento do pacifista indiano Mahatma Gandhi (1869-1948), que dizia - "a pobreza é a mais cruel das violências".

Mesmo que o garoto estivesse simulando uma eventual compra, apenas para comover as pessoas a lhe dar dinheiro, a orientação da empresa poderia ser outra.

Acreditamos que o segurança agiu por pura ignorância, que o dicionário conceitua como:-

- "Ausência de conhecimento, falta de saber, condição de quem não é instruído. 

Estado de quem ignora ou desconhece alguma coisa, não tem conhecimento dela."

Foi exatamente o que o funcionário demonstrou não ter, conhecimento dos mais elementares princípios de respeito ao ser humano, de cidadania e da essência dos programas de responsabilidade social, cujos resultados têm sido eficazes. 

Cabe às empresas capacitar a todos os seus dirigentes e funcionários, a dar soluções adequadas a cada uma das situações similares à presenciada por nós.

A inadequada atitude do segurança pode ter motivado no garoto o espírito de revolta contra a sociedade. 

A cena de discriminação ocorrida no supermercado nos leva a concluir que Albert Einstein (1879-1955) tinha razão:-

- "É mais fácil  quebrar um átomo do que um preconceito."

A nossa esperança é que a (curta) temporada de espírito natalino agregue valores não materiais ao nosso cotidiano, fazendo com que o preconceito, a discriminação e qualquer outro tipo de exclusão social sejam eliminados da nossa sociedade.

FAUSTINO VICENTE é Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos, Professor e Advogado.

 - E-mail: faustino.vicente@uol.com.br -  Jundiaí.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário