Muitas vezes pensamos que o planeta chegou ao seu limite.
Não apenas limite físico, mas – principalmente – limites morais.
Tudo
parece ter decaído e deteriorado.
Os valores desapareceram.
Não existe
mais palavra empenhada.
Vive-se a esperteza e a criança já nasce perita
em obter vantagens, em procurar seu próprio interesse e em desprezar os
mais velhos.
Juventude, beleza, riqueza são os únicos padrões confiáveis.
Será que realmente a Humanidade apodreceu no século 21?
Talvez falte uma reflexão e uma revisita à História.
Em
palestra sobre conflitos de gerações, o médico inglês Ronald Gibson
começou sua fala com citação de quatro frases:-
- 1. “A nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, despreza
a autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos.
Os nossos
filhos hoje são verdadeiros tiranos.
Eles não se levantam quando uma
pessoa idosa entra, respondem aos pais e são simplesmente maus.”
2. “Não tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso
País se a juventude de hoje tomar o poder amanhã, porque esta juventude é
insuportável, desenfreada, simplesmente horrível.”
3. “O nosso mundo atingiu o seu ponto crítico.
Os filhos não ouvem mais os pais.
O fim do mundo não pode estar muito longe”.
4. “Esta juventude está estragada até ao fundo do coração.
Os jovens são maus e preguiçosos.
Eles nunca serão como a juventude de
antigamente…
A juventude de hoje não será capaz de manter a nossa
cultura”.
Depois ter lido as quatro citações, revelou a origem delas.
A primeira é de Sócrates (470-399 a.C.).
A segunda é de Hesíodo (720
a.C.).
A terceira é de um sacerdote do ano 2000 a.C.
A quarta estava
escrita em um vaso de argila descoberto nas ruínas da Babilônia e tem
mais de 4000 anos de existência.
Nossa mocidade é melhor do que a dessas épocas?
Ou erramos
mais do que os nossos antepassados?
Parece que a criatura humana veio
com um defeito de fabricação.
Para os cristãos, ele se chama “pecado
original”.
Para os agnósticos, é vulnerabilidade de caráter, é a
miserável condição da pretensiosa espécie que se considera a única
racional a povoar a face da Terra.
Cada qual conclua como quiser, por
força de suas convicções, crença, ideologia, filosofia ou concepção de
vida.
* JOSÉ RENATO NALINI é Corregedor Geral da Justiça do Estado de São Paulo, biênio 2012/2013. E-mail:- jrenatonalini@uol.com.br.
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