sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nada de novo no front






Muitas vezes pensamos que o planeta chegou ao seu limite. 
 
Não apenas limite físico, mas – principalmente – limites morais. 
 
Tudo parece ter decaído e deteriorado. 
 
Os valores desapareceram. 
 
Não existe mais palavra empenhada. 
 
Vive-se a esperteza e a criança já nasce perita em obter vantagens, em procurar seu próprio interesse e em desprezar os mais velhos.
 
Juventude, beleza, riqueza são os únicos padrões confiáveis. 
 
Será que realmente a Humanidade apodreceu no século 21?
 
Talvez falte uma reflexão e uma revisita à História.
 
 Em palestra sobre conflitos de gerações, o médico inglês Ronald Gibson começou sua fala com citação de quatro frases:-
- 1. “A nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, despreza a autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. 
 
Os nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos. 
 
Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem aos pais e são simplesmente maus.”
 
2. “Não tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso País se a juventude de hoje tomar o poder amanhã, porque esta juventude é insuportável, desenfreada, simplesmente horrível.”
 
3. “O nosso mundo atingiu o seu ponto crítico. 
 
Os filhos não ouvem mais os pais. 
 
O fim do mundo não pode estar muito longe”.
 
4. “Esta juventude está estragada até ao fundo do coração. 
 
Os jovens são maus e preguiçosos. 
 
Eles nunca serão como a juventude de antigamente… 
 
A juventude de hoje não será capaz de manter a nossa cultura”.
 
Depois ter lido as quatro citações, revelou a origem delas. 
 
 A primeira é de Sócrates (470-399 a.C.). 
 
A segunda é de Hesíodo (720 a.C.). 
 
A terceira é de um sacerdote do ano 2000 a.C. 
 
A quarta estava escrita em um vaso de argila descoberto nas ruínas da Babilônia e tem mais de 4000 anos de existência.
 
Nossa mocidade é melhor do que a dessas épocas? 
 
Ou erramos mais do que os nossos antepassados? 
 
Parece que a criatura humana veio com um defeito de fabricação. 
 
Para os cristãos, ele se chama “pecado original”. 
 
Para os agnósticos, é vulnerabilidade de caráter, é a miserável condição da pretensiosa espécie que se considera a única racional a povoar a face da Terra. 
 
Cada qual conclua como quiser, por força de suas convicções, crença, ideologia, filosofia ou concepção de vida. 
 
* JOSÉ RENATO NALINI é Corregedor Geral da Justiça do Estado de São Paulo, biênio 2012/2013. E-mail:- jrenatonalini@uol.com.br.

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