Ciranda da
memória
©
Letícia Thompson
O
que é a nostalgia senão aquele sentimento que bate lá no fundo e nos
faz voltar a tempos que ficaram, se não esquecidos, pelo menos
guardados na nossa memória?
Daí
o cérebro vai lá nos cantinhos mais profundos da nossa alma e buscam
coisas simples e singelas do nosso passado para nos trazer de novo esse
ar de criança feliz e arteira.
Ah!
Nossos tempos
de criança!..
Tempos
em que éramos felizes e não sabíamos; que acreditávamos em papai
Noel e tínhamos medo de mula sem-cabeça;
tempo
da inocência quando acreditávamos poder voar; quando nos sentávamos
ao lado dos "mais velhos" e com os olhos arregalados ouvíamos
as estórias (ou histórias - nunca nos perguntávamos sobre a
veracidade dos fatos!);
quando
sonhávamos ser princesas e que um belo príncipe encantado viria nos
fazer feliz para sempre;
e
comíamos doce sem pensar em engordar; fabricávamos nossos próprios
brinquedos com latas, madeira e muita imaginação...
Sem
telefone, pouca televisão (em preto e branco!) e nenhum computador.
Tempos
de brincar de eu sou pobre, pobre, pobre e ainda assim se sentir feliz;
de querer brincar de "Ciranda, cirandinha," "Samba-Lelê
tá doente" e "Atirei o pau no gato" nos fins da tarde
numa grande roda das crianças da vizinhança como se fôssemos uma
grande família...
e
ficávamos "de mal" de vez em quando, mas isso passava logo
nos jogos de bola ou de pique-esconde.
Subíamos
em árvores para roubar manga e goiaba...
Menina
brincava de boneca e menino de carrinho.
E tínhamos nossos segredos de
alta importância com nossa melhor amiga... e nosso coração já sabia
bater escondido por aquele menino tímido... e os primeiros bilhetinhos
com versos e corações?
E
não compreendíamos por que aprender números e letras era tão
importante, não nos preocupávamos com dinheiro e menos ainda com
política...
Nossas
maiores dores eram de joelhos ralados e tombos de bicicleta...
Tempos
perdidos na nossa memória e que são revividos quando encontramos um
amigo de infância que nos faz lembrar que aquela criança ainda mora
dentro de nós.
Letícia Thompson
Nenhum comentário:
Postar um comentário