sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Afeições e Antipatias Gratuitas


 Afeições e Antipatias Gratuitas 

P. Sobre os sentimentos de simpatia e afeição, ou antipatia e aversão, que muitas vezes cultivamos para com nossos companheiros de jornada, seja nas relações de trabalho, sociais ou mesmo familiares, o que o Espiritismo teria a esclarecer?

R O Espiritismo ensina-nos, através da lei das reencarnações, que, ao longo de cada temporada na face da Terra, na vida corpórea, nós, espíritos em experiências evolutivas, forjamos esses sentimentos, que muitas vezes parecem eternizar-se, entre aqueles com quem convivemos e segundo a forma como nós e eles agimos e reagimos. 

Às vezes a aversão é recíproca. 

Às vezes é unilateral. 

Já a simpatia, na maioria das vezes faz-se mútua, como se uma energia desconhecida atraísse duas pessoas, que passam a nutrir um sentimento de satisfação por estarem em companhia uma da outra, mesmo quando não haja um motivo mais forte para isto.

Já a antipatia gratuita, aquela que não tem nenhuma razão de ser, aparentemente, só pode ser resultante de um relacionamento mal resolvido de alguma existência anterior.

Pode ter havido uma situação de profunda adversidade, uma inimizade levada para o túmulo, ou que uma das partes tenha prejudicado extremamente à outra, levando-a a guardar, senão um rancor perene contra aquela, um receio absoluto em relação à sua presença, mesmo agora disfarçada em outros trajes carnais.

Esses sentimentos nascem geralmente quando vemos ou somos apresentados a alguém, e já no primeiro contato sentimos algo bom ou ruim em relação a essa pessoa. 

Como se lá no fundo, na nossa mente inconsciente, um toque de alerta soasse, dizendo que tal pessoa não é confiável, ou, ao contrário, um toque de magia nos fizesse lembrar que já convivemos com aquela pessoa e que ela já é nossa amiga de outras eras, e com a qual teremos imenso prazer de conviver novamente.

Neste último caso, trata-se de um espírito afim, com o qual já dividimos experiências gratificantes, embora não nos recordemos, pelos impositivos da lei do esquecimento, de uma para outra reencarnações, que faz parte da justiça e da misericórdia de Deus para com todos nós, pois nem sempre as lembranças de vidas passadas nos seriam convenientes, podendo ser até contraproducente,ou mesmo tremendamente nocivas.

Embora o nosso cérebro não possa decodificar esses relacionamentos anteriores, nossas almas guardam registros em uma espécie de arquivo, a que damos o nome de memória ou inconsciente pretérito. 

Temos, pois, a impressão de que já vimos esta ou aquela pessoa, de que já estivemos ao seu lado em outra ocasião, que fomos bem ou mal sucedidos em nosso convívio anterior, mesmo quando temos a certeza de que jamais pudéramos estar com ela em nenhum lugar ou tempo durante a nossa vida atual. 

Não se trata, porém, apenas dos nossos relacionamentos de amizade ou coleguismo. 

Na nossa família carnal, amiúde, renascem espíritos simpáticos, coprotagonistas de atávicas experiências em comum, que se traduzem agora no amor puro, na união feliz, que superam os simples laços de consanguinidade.

Por outro lado, é também na família que se reúnem às vezes espíritos antagônicos, que logo descobrem não haver entre si qualquer afinidade, sem que para isso tenham algum motivo identificável. 

Daí podem resultar animosidades ou afastamentos, brigas ou separações. 

Pode ser também que, de um lado apenas, ou de ambas as partes, o que é o mais desejável, passem-se a cultivar atitudes de respeito, compreensão e tolerância, conforme recomenda o Evangelho do Cristo, o que indica um sinal de progresso alcançado. 

Nas mesmas proporções isto ocorre também nos nossos relacionamentos de companheirismo com aqueles que formam conosco o grupo de trabalho, de estudo, de convívio social, comercial, etc.

Disso se extrai uma informação muito importante, que o Espiritismo nos dá, através da obra básica primeira de sua codificação, "O Livro dos Espíritos":-
- É a de que a nossa família espiritual pode ser, e geralmente o é, muito mais ampla do que a nossa família corporal. 

Muitos de nossos familiares queridos do passado nos acompanham na nova jornada sob as vestimentas de um dedicado professor, um patrão reconhecido e que às vezes nos dá aquela chance de ouro, um amigo confidente e sempre presente nas nossas dificuldades, até mesmo num estranho, desses que vivem outras experiências em outros lugares, mas que com ele topamos uma única vez na vida e se torna inesquecível por sua interferência no nosso caminho, em uma determinada decisão, que pode até mudar completamente o nosso rumo, a nossa personalidade, o nosso futuro.

Ali pode estar um ex-pai ou mãe, um ex-irmão ou irmã, um ex-filho ou filha, um ex-esposo ou esposa e outras tantas formas de relação, que no momento não seria conveniente nos recordássemos claramente.

Seria muito bom que todos nós, independentemente do que sentíssemos pelos nossos pares, nas mais diversas situações de convivência que a vida nos impõe, pudéssemos olhar para cada um de nossos semelhantes como alguém que de alguma forma já fez parte da nossa vida, e que nos merece apreço, dedicação, respeito, em certas ocasiões Tolerância, Compreensão, Perdão e Auxílio.

É tempo, pois, de prestarmos maior atenção às pessoas que estão à nossa volta e àquelas que ocasionalmente cruzam o nosso caminho, pois nenhuma delas entra em nossa área de ação por mero acaso. 

Que os nossos sentimentos bons sejam mais aflorados e que os maus sejam contidos, pois aqui nos reunimos para todos juntos aprendermos e progredirmos, o que nem sempre acontece apenas mediante o que nos dá prazer. 

De uma forma ou de outra, somos todos importantes, uns para com os outros

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