Sofreste decepções?
Não são poucas as pessoas que se tornam amargas, descrentes ou frias,
evocando decepções que tenham sofrido aqui ou ali, envolvendo outras
pessoas no envolvimento desafortunado.
Realmente, pode-se admitir que alguém se decepcione, porém, deveremos deter-nos, a fim de examinar melhor semelhante situação.
Não é muito real que nos decepcionemos com as pessoas que estão no
mundo sofrendo as mesmas compressões, carências ou tormentos que nós
mesmos.
Uma vez que elas jamais assinaram compromissos de infalibilidade
conosco, em nada tem que agradar-nos ou operar somente as coisas que
gostamos.
O simples fato de os nossos irmãos da faixa evolutiva se acharem
conosco no mundo, é suficiente para que não os idolatremos, não os
santifiquemos, pois todos tem pontos de fragilidade ou mesmo seus pontos
sombrios.
A nossa decepção, portanto, dá-se com nossa forma de avaliar, de julgar os companheiros, situando-os em altares
que não pediram para estar, e, ainda que o tivesses pedido,
caber-nos-ia o bom senso.
Decepcionamo-nos, no caso, conosco mesmos…
Não nos parece plausível que alguém se decepcione com a sua religião,
com a sua doutrina de fé cristã a espalhar em toda parte, para os seres
de lúcida e boa vontade, os ensinamentos deixados por Jesus Cristo.
O que se passa é que se costuma confundir as doutrinas que ensinam o
nobre e o belo, o luminoso e o salutar, com os doutrinadores que, não
obstante exaltem tais virtudes como valores a perseguir-se, conduzem as
próprias existências em oposição aos princípios apregoados.
Muitos dos que se erigem como representantes de Deus, do Cristo ou
dos Seus Prepostos, na Terra, não creem propriamente no que expressam,
desejam, isso sim, sacar proveitos materiais para si próprios,
valendo-se da credulidade irrefletida ou das limitações intelectuais do
seu rebanho.
Como não foi a Consciência Celeste que os ungiu com as prerrogativas
de superioridade, e como, desde o Cristo no mundo, vem Ele exprimindo a
necessidade dos cuidados com os falsos profetas, com os exploradores das viúvas,
e outros exímios aproveitadores de ocasiões, cabe a cada um o dever de
exercitar-se no discernimento, de crescer nas reflexões, comparando os
frutos com as qualidades das árvores donde eles procedem, de modo a não
se deixarem iludir.
Como vemos, não se decepcionaram com o espírito de religiosidade ou
com as mensagens da Boa Nova.
Faltava-lhes, exatamente, maior
acercamento dessas mensagens; maior penetração nos seus conteúdos,
esforçando-se para não tombar em armadilhas para incautos ou
fanatizados.
Ainda aqui, decepciona-se a criatura consigo mesma…
Estás decepcionado?
Sofreste decepções pelos caminhos?
Arregimenta
todos os teus recursos de maturidade, de experiências positivas, avalia
as tuas próprias queixas contra pessoas e situações e verás que tens
sido o grande responsável pelas frustrações do caminho.
Tens, tu mesmo,
engendrado as ondas decepcionantes que te deprimem, que te magoam.
Amadurecendo, gradualmente, nos estudos e labores do bem, aprendendo a
examinar cada coisa, cada situação, aprendendo a te examinares a ti
mesmo com atenção, crescerás para a Grande Luz sem mais te decepcionares
com nada e com ninguém, uma vez que terás aprendido a compreender cada
indivíduo no nível geral em que se encontre, sem que dele, por isso
mesmo, nada exijas, enquanto que a ti mesmo te impões uma dieta de
maturidade, de indulgência e de benevolência para que avances, com
disposição de brilhar, sob a proteção de Deus.
Obra:- “Revelações da Luz”
Camilo
J. Raul Teixeira
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