sábado, 5 de outubro de 2013

O Palavrão



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O Palavrão 

1 – Como você define o palavrão?
 
Um eco das cavernas, o rosnar do troglodita que ainda existe no comportamento humano.

2 – Conheço gente civilizada que diz palavrões.

Destempero verbal, civilidade superficial.

3 – Seria uma educação de fachada?

Sim. 

Não podemos confundir rótulo com conteúdo. 

É fácil cultivar urbanidade nos bons momentos. 

Mostramos quem somos quando nos pisam nos calos ou martelamos os dedos.

4 – Não seria razoável considerar que em circunstâncias assim o palavrão é útil, exprimindo indignação ou amenizando a dor?

Há quem diga que nessas situações ele é mais eficiente do que uma oração. 

Só que a oração nos liga ao Céu. 

O palavrão nos coloca à mercê das sombras.

5 – Mas o que vale não é o sentimento, expresso na inflexão de voz?

Posso fazer carinho com um palavrão ou agredir com palavras carinhosas. 

Não me parece do bom gosto demonstrar carinho com palavrões. 

Imagine-se dando uma paulada carinhosa em alguém. 

Além disso há o problema vibratório.

6 – As palavras têm peso vibratório específico?

Intrinsecamente não. 

No entanto, revestem-se de magnetismo compatível com o uso que fazemos delas. 

Há uma vibração sublime, que nos edifica e emociona, a envolver o Sermão da Montanha. 

Quando o lemos contritos, sintonizamos com a vibração sublime de milhões de cristãos que ao longo dos séculos se debruçaram sobre seus conceitos sublimes, em gloriosas reflexões.

7 – Considerando assim, imagino a carga deletéria que há no palavrão mais usado, em que “homenageamos” a mãe de nossos desafetos.

Sem dúvida, além de nos colocar abaixo do comportamento do troglodita, já que este agredia seus desafetos, não a mãe deles.

8 – Você há de Convir que é difícil abolir o palavrão inteiramente. 

Há todo um processo de condicionamento, o ambiente. 

Lá em casa, por exemplo, ele corre solto.

Isso é relativo. 

Venho de uma família de italianos da Calábria, um povo que cultua adoidado o palavrão. 

Alguns tios meus, em situação de irritação extrema, dirigiam impropérios a Deus. 

Desde cedo, vinculando-me ao Espiritismo, compreendi que esse tipo de linguajar não interessa ao bom relacionamento familiar e muito menos à nossa economia espiritual.

 Richard Simonetti 

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