Amar os inimigos
Como se pode amar a quem nos quer mal?
Mesmo se já tenhamos
ultrapassado muitas barreiras, e já estejamos em codições de não odiar a
alguém gratuitamente, ainda assim nos sentimos com dificuldade em lidar
com o ódio que nos é dirigido.
Podemos dizer que é um direito nosso, ou
que se trata apenas de defesa.
Mas é forçoso reconhecer que o coração
se rebela, e que o sentimento de vingança muitas vezes espera apenas
pela hora mais oportuna.
Se não tomamos em armas contra nossos inimigos,
torcemos pelo seu insucesso.
Rimos de seus fracassos, e ficamos
frustrados com suas vitórias.
Não é esse o espírito do mandamento.
Mas, se sabemos repeti-lo —
“amai os vossos inimigos” — como fazer para colocá-lo em prática?
Este é
o desafio.
A vigilância é necessária, mas é preciso ir mais adiante,
desenvolvendo uma postura mental adequada.
Há pessoas que dedicam sua vida à obtenção de uma total paz de
espírito, caracterizada pelo esvaziamento completo da mente.
Se não
implica amor, pelo menos o esvaziamento já permite a neutralização do
ódio.
Na impossibilidade que me encontro de atingir este estado, o que
fazer?
Render-me aos pensamentos normais leva, com certeza, ao ódio
incubado, um sentimento perigoso de se guardar, que envenena a alma e
apenas espera pela oportunidade para se manifestar.
A vigilância ativa sugere outras formas de agir.
Lembro-me de uma
conversa, onde me foi dito que o Divaldo Pereira Franco conversava com
um companheiro espiritual seu; ora para dedicar uma ação de caridade,
ora para evocar a beleza de uma planta, ou de um dia ensolarado.
Esta
atitude de convite ao amor transformou o seu obsessor em um companheiro,
um amigo que passou a acompanhá-lo no seu trabalho.
Assim, minha sugestão é:-
- Na impossibilidade de ignorar, vamos
fortalecer a mente nos pensamentos positivos.
Vamos amar sem afetação;
vamos conviver bem, convidando ao amor.
Essa parece ser uma forma justa
de obter uma reforma íntima, em benefício não somente nosso, mas de
todos os nossos ‘inimigos’.
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