Posted: 01 Jul 2013 03:08 AM PDT
A
inveja sempre foi uma emoção sutilmente disfarçada em nossa sociedade,
assumindo aspectos ignorados pela própria criatura humana.
As atitudes
de rivalidade, antagonismo e hostilidade dissimulam muito bem a inveja,
ou seja, a própria “prepotência da competição”, que tem como origem todo
um séquito de antigas frustrações e fracassos não resolvidos e
interiorizados.
O invejoso é inseguro e supersensível,
irritadiço e desconfiado, observador minucioso e detetive da vida alheia
até a exaustão, sempre armado e alerta contra tudo e todos.
Faz o
gênero de superior, quando, em realidade, se sente inferiorizado; por
isso, quase sempre deixa transparecer um ar de sarcasmo e ironia em seu
olhar, para ocultar dos outros seu precário contato com a felicidade.
Acreditamos que, apesar de a inveja e o
ciúme possuírem definições diferentes, quase sempre não são
diferenciados ou corretamente percebidos por nós.
As convenções
religiosas nos ensinaram que jamais deveríamos sentir inveja, pelo fato
de ela se encontrar ligada à ganância e à cobiça dos bens alheios.
Em
relação ao ciúme, os padrões estabeleceram que ele estaria,
exclusivamente, ligado ao amor.
É por isso que passamos a acreditar que
ele é aceitável e perfeitamente admissível em nossas atitudes pessoais.
Analisando as origens atávicas e inatas
da evolução humana, podemos afirmar que a emoção da inveja não é uma
necessidade aprendida.
Não foi adquirida por experiência nem por força
da socialização, mas é uma reação instintiva e natural, comum a qualquer
criatura do reino animal.
O agrado e carinho a um cão pode provocar
agressividade e irritação em outro, por despeito.
Nos adultos essas manifestações podem ser
disfarçadas e transformadas em atos simulados de menosprezo ou de
indiferença.
Já as crianças, por serem ingênuas e naturais, mordem,
batem, empurram, choram e agridem.
A inveja entre irmãos é perfeitamente
normal.
Em muitas ocasiões, ela surge com a chegada de um irmão
recém-nascido, que passa a obter, no ambiente familiar, toda a atenção e
carinho.
Ela vem à tona também nas comparações de toda espécie, feitas
pelos amigos e parentes, sobre a aparência física privilegiada de um
deles.
Muitas vezes, a inveja manifesta-se em razão da forma de
tratamento e relacionamento entre pais e filhos.
Por mais que os pais se
esforcem para tratá-los com igualdade, não o conseguem, pois cada
criança é uma alma completamente diferente da outra.
Em vista disso, o
modo de tratar é consequentemente desigual, nem poderia ser de outra
maneira, mas os filhos se sentem indignados com isso.
A emoção da inveja no adulto é produto
das atitudes internas de indivíduos de idade psicológica bem inferior à
idade cronológica, os quais, embora ocupem corpos desenvolvidos, são
verdadeiras almas de crianças mimadas, impotentes e inseguras, que
querem chamar a atenção dos maiores no lar.
O Mestre de Lyon interroga as Vozes do
Céu:-
- “Será possível e já ter existido a igualdade absoluta das
riquezas?”
E elas, com muita sabedoria, informam: “(…)
Há, no entanto,
homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade (…) São
sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja (…)”¹
A necessidade de poder e de prestígio
desmedidos que encontramos cm inúmeros homens públicos nas áreas
religiosa, política, profissional, esportiva, filantrópica, de lazer e
outras tantas, deriva de uma “aspiração de dominar” ou de um “sentimento
de onipotência”, com o que tentam contrabalançar emocionalmente o
complexo de inferioridade que desenvolveram na fase infantil.
Encontramos esses indivíduos, aos quais
os Espíritos se reportam na questão acima, nas lutas partidárias, em
que, só aparentemente, buscam a igualdade dos “direitos humanos”,
prometem a “valorização da educação”, asseguram a melhoria da “saúde da
população” e a “divisão de terras e rendas”.
Sem ideais alicerçados na
busca sincera de uma sociedade equânime e feliz, procuram, na realidade,
compensar suas emoções de inveja mal elaboradas e guardadas desde a
infância, difícil e carente, vivida no mesmo ambiente de indivíduos
ricos e prósperos.
Tanto é verdade que a maioria desses
“defensores do povo”, quando alcança os cumes sociais e do poder,
esquece-se completamente das suas propostas de justiça e igualdade.
Eis alguns sintomas interiorizados de inveja que podemos considerar como dissimulados e negados:-
- Perseguições gratuitas e acusações sem lógica ou fantasiada;
- Inclinaçõcs superlativas à elegância e ao refinamento, com aversão à grosseria;
- Insatisfação permanente, nunca se contentando com nada;
- manifestação de temperamento teatral e pedantismo nas atitudes;
- Elogios afetados e amores declarados exageradamente;
- Animação competitiva que leva às raias da agressividade.
O caráter invejoso conduz o indivíduo a
uma imitação perpétua à originalidade e criação dos outros e, como
consequência lógica, à frustração.
Isso acarreta uma sensação crônica de
insatisfação, escassez, imperfeição e perda, além de estimular sempre
uma crescente dor moral e prejudicar o crescimento espiritual das almas
em evolução.
¹ O Livro dos Espíritos, Questão 811:-
- Será possível e já terâ existido a igualdade absoluta das riquezas?
Não; nem é possível.
A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres.
O Livro dos Espíritos, Questão 811-a:-
- Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade.
Que pensais a respeito?
São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja.
Não
compreendem que a igualdade com que sonham seria a curto prazo desfeita
pela força das coisas.
Combatei o egoísmo, que é a vossa chaga social, e
não corrais atrás de quimeras.
Livro:- As Dores da Alma, item Inveja
Espírito Hammed
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto
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