Egoísmo e Trabalho
Kardec, o sistematizador dos ensinos
espíritas na Terra, comenta: “(…) a propriedade que resulta do trabalho é
um direito natural tão sagrado quanto o de trabalhar e de viver.?”
E as
Vozes do Céu, sob a direção do Espírito de Verdade, afirmam:-
- “Não disse
Deus:-
- ‘Não roubarás?’
E Jesus não disse:-
- ‘Dai a César o que é de
César?’”¹
A avareza não deve ser entendida apenas
como um ‘‘defeito” ou uma “falha” humana a ser corrigida de modo
compulsório, mas precisa, naturalmente, ser compreendida em sua origem
mais profunda.
A falta de generosidade e a
insensibilidade em relação às necessidades dos outros têm raízes numa
defesa psicológica que desencadeia nos indivíduos uma ruptura na conexão
entre o seu conteúdo emocional e o seu conteúdo intelectual.
A criatura sovina isola-se em si mesma.
Nada tem importância para ela, a não ser a contenção doentia e
generalizada em relação à sua própria vida interior, e não só em relação
aos outros como se pensa habitualmente.
A mesquinhez pode manifestar-se
ou não com a acumulação de posses materiais, como também pode aparecer
como um “refreamento de sentimentos” ou um “autodistanciamento do
mundo”.
Como a matriz interior se fundamenta numa necessidade reprimida
da pessoa que não consegue se relacionar com outras, nem mesmo delas se
aproximar para permuta de experiências e afetividade, ela se sente
solitária e, assim, compensa-se, acumulando bens.
Constrói torres e
muralhas imensas para se proteger do empobrecimento que ela mesma
vivencia, inconscientemente, há muito tempo — a escassez e a inibição da
aproximação social e afetiva.
Cria toda uma atmosfera de autonomia por
possuir valiosos objetos exteriores destinados a suprir a sensação de
vulnerabilidade que sente ao lidar com as pessoas.
Na atualidade, tenta-se resgatar essa
sensação do vácuo interior, existente na intimidade da alma humana, com
uma reivindicação do desejo, cada vez maior, de possuir bens materiais.
O
grande fluxo de indivíduos que buscam os consultórios de psiquiatria e
as clínicas das mais diversas especialidades médicas se deve a esse
clima de insatisfação e de vazio existencial, que nada mais é que a
colheita dos frutos do egoísmo – incapacidade de se relacionar,
repressão dos sentimentos de amor e de fraternidade e a inconsciência de
uma vida interna e eterna.
A indiferença e a frieza emocional, a
apatia e o apego patológico, bem como o distanciamento das privações dos
outros, são características marcantes das criaturas que alimentam uma
paixão egoística pelos bens materiais.
São conhecidas como sovinas,
mesquinhas ou usurárias.
O trabalho interior sempre melhora a
qualidade de nossa vida pois passamos a conhecer a nós mesmos e o
Universo como um todo, visto que somos levados também por um propósito
precípuo cuja função é a de aprender a amar incondicionalmente.
Procuremos então viver, não como proprietários definitivos de nossas posses, mas apenas como usufrutuários delas.
A técnica para aprendermos a amar;
usando de generosidade e desprendimento, é empregarmos nossos
sentimentos e emoções com equanimidade, o que quer dizer, dar-lhes igual
importância ou utilizá-los com imparcialidade.
A seguir, faremos breves
anotações, cuja observação acurada poderá nos fornecer dados
importantes para comportamo-nos com racionalidade:-
- caridade sem salvacionismo;
- humildade sem baixa autoestima;
- determinação sem atrevimento;
- obediência sem submissão;
- bondade sem anulação da personalidade;
- compaixão sem sentimentalismo;
- segurança sem impulsividade;
- perseverança sem obstinação.
A avareza é o produto de uma necessidade
que se encontra na intimidade da psique humana.
Ela tenta enfeitar ou
distrair o conflito com a busca de bens perecíveis, mas nunca consegue
suprir a sensação de carência íntima.
Em síntese, o altruísmo é o amor
desinteressado, resultado do “enriquecimento da vida interior”, enquanto
a avareza é filha da “pobreza do mundo interior”, acarretando uma
desumanização e uma obstrução da capacidade de amar.
¹ O Livro dos Espírito, Questão 882:-
- Tem o homem o direito de defender os bens que haja conseguido juntar pelo seu trabalho?
Não disse Deus:-
- ’Não roubarás?’
E Jesus não disse:-
- ‘Dai a César o que
é de César?’”
O que por meio do trabalho HONESTO, o homem junta
constitui legítima propriedade sua, que ele tem o direito de defender,
porque a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, tão
sagrado quanto o de trabalhar e de viver.
Livro:- As Dores da Alma
item Esgoísmo,
Espírito Hammed
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto
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