sábado, 6 de julho de 2013

Egoísmo e Trabalho


Egoísmo e Trabalho

Kardec, o sistematizador dos ensinos espíritas na Terra, comenta: “(…) a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural tão sagrado quanto o de trabalhar e de viver.?”

E as Vozes do Céu, sob a direção do Espírito de Verdade, afirmam:-
- “Não disse Deus:-
- ‘Não roubarás?’ 

E Jesus não disse:-
- ‘Dai a César o que é de César?’”¹

A avareza não deve ser entendida apenas como um ‘‘defeito” ou uma “falha” humana a ser corrigida de modo compulsório, mas precisa, naturalmente, ser compreendida em sua origem mais profunda.

A falta de generosidade e a insensibilidade em relação às necessidades dos outros têm raízes numa defesa psicológica que desencadeia nos indivíduos uma ruptura na conexão entre o seu conteúdo emocional e o seu conteúdo intelectual.

A criatura sovina isola-se em si mesma. 

 Nada tem importância para ela, a não ser a contenção doentia e generalizada em relação à sua própria vida interior, e não só em relação aos outros como se pensa habitualmente. 

A mesquinhez pode manifestar-se ou não com a  acumulação de posses materiais, como também pode aparecer como um “refreamento de sentimentos” ou um “autodistanciamento do mundo”. 

Como a matriz interior se fundamenta numa necessidade reprimida da pessoa que não consegue se relacionar com outras, nem mesmo delas se aproximar para permuta de experiências e afetividade, ela se sente solitária e, assim, compensa-se, acumulando bens. 

Constrói torres e muralhas imensas para se proteger do empobrecimento que ela mesma vivencia, inconscientemente, há muito tempo — a escassez e a inibição da aproximação social e afetiva.

Cria toda uma atmosfera de autonomia por possuir valiosos objetos exteriores destinados a suprir a sensação de vulnerabilidade que sente ao lidar com as pessoas.

Na atualidade, tenta-se resgatar essa sensação do vácuo interior, existente na intimidade da alma humana, com uma reivindicação do desejo, cada vez maior, de possuir bens materiais. 

O grande fluxo de indivíduos que buscam os consultórios de psiquiatria e as clínicas das mais diversas especialidades médicas se deve a esse clima de insatisfação e de vazio existencial, que nada mais é que a colheita dos frutos do egoísmo – incapacidade de se relacionar, repressão dos sentimentos de amor e de fraternidade e a inconsciência de uma vida interna e eterna.

A indiferença e a frieza emocional, a apatia e o apego patológico, bem como o distanciamento das privações dos outros, são características marcantes das criaturas que alimentam uma paixão egoística pelos bens materiais. 

São conhecidas como sovinas, mesquinhas ou usurárias.

O trabalho interior sempre melhora a qualidade de nossa vida pois passamos a conhecer a nós mesmos e o Universo como um todo, visto que somos levados também por um propósito precípuo cuja função é a de aprender a amar incondicionalmente.

Procuremos então viver, não como proprietários definitivos de nossas posses, mas apenas como usufrutuários delas.

A técnica para aprendermos a amar; usando de generosidade e desprendimento, é empregarmos nossos sentimentos e emoções com equanimidade, o que quer dizer, dar-lhes igual importância ou utilizá-los com imparcialidade. 

A seguir, faremos breves anotações, cuja observação acurada poderá nos fornecer dados importantes para comportamo-nos com racionalidade:-
- caridade sem salvacionismo;
- humildade sem baixa autoestima;
- determinação sem atrevimento;
- obediência sem submissão;
- bondade sem anulação da personalidade;
- compaixão sem sentimentalismo;
- segurança sem impulsividade;
- perseverança sem obstinação.

A avareza é o produto de uma necessidade que se encontra na intimidade da psique humana. 

Ela tenta enfeitar ou distrair o conflito com a busca de bens perecíveis, mas nunca consegue suprir a sensação de carência íntima.

Em síntese, o altruísmo é o amor desinteressado, resultado do “enriquecimento da vida interior”, enquanto a avareza é filha da “pobreza do mundo interior”, acarretando uma desumanização e uma obstrução da capacidade de amar.

¹ O Livro dos Espírito, Questão 882:-
- Tem  o homem o direito de defender os bens que haja conseguido juntar pelo seu trabalho?
  Não disse Deus:-
- ’Não roubarás?’ 

E Jesus não disse:-
- ‘Dai a César o que é de César?’”   

O que por meio do trabalho HONESTO, o homem junta constitui legítima propriedade sua, que ele tem o direito de defender, porque a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, tão sagrado quanto o de trabalhar e de viver.


Livro:- As Dores da Alma
 item Esgoísmo,
Espírito Hammed 
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto

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