"Ver vendo"
Quantas vezes passei por locais maravilhosos e não me dei conta de suas existências...
Quantas vezes disse Bom Dia e não olhei os olhos a quem cumprimentava...
Quantas vezes as oportunidades bateram à minha porta e eu deixei de aproveitá-las, de lhes dar o devido valor, por estar preocupado com um amanhã material, que poderia não se concretizar, esquecendo algo do agora, do olhar em volta, do sentir o cheiro das coisas...
Do não perceber o perfume das flores ou o sabor dos vinhos...
Do ter prazer em olhar o brilho da Lua refletindo o Sol...
Da alegria do sorriso de uma criança - honesto, simples e verdadeiro - ao ganhar uma pequena lembrança ou um doce ou uma palavra de amor e de carinho...
Dei-me conta do que estou perdendo por me preocupar tanto...
Do querer viver hoje um amanhã que não me pertence...
Dei-me conta de que preciso olhar e ver...
"Ver Vendo"...
...De tanto ver, a gente banaliza o olhar...
Vê não-vendo...
Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver...
Parece fácil, mas não é...
O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade...
O campo visual da nossa rotina já nos é como um vazio...
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta...
Se alguém lhe perguntar o que você vê no seu caminho, você não sabe...
De tanto ver, você não vê...
O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem...
Mas há sempre o que ver...
Gente, coisas, bichos...
E vemos?...
Não, não vemos...
Uma criança vê, o que um adulto não vê...
Tem olhos autênticos e limpos para o espetáculo do mundo...
O poeta é capaz de ver pela primeira vez, o que, de tão visto, ninguém vê...
Há pai que nuca vê o próprio filho...
Marido que nunca vê a própria mulher (e desconhece os seus segredos e desejos), isso existe às pampas...
Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos...
É por aí que se instala no coração, a indiferença...
Otto Lara Rezende
www.otimismoemrede.com
Música:- True Love
Montagem:-
maricarusocunha@terra.com.br
www.pranos.com.br
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