"Nosso olhar indiferente"
Nosso olhar indiferente pelas ruas vagas.
Descrente?
Nosso olhar indiferente já se acostumou a ver criaturas...
Indigentes.
Nosso olhar indiferente...
Ah!!!
Nosso olhar indiferente, que tanto poderia ser indulgente, não quer perceber esta gente, temerosa do quanto lhe poderá ser duro o futuro, ainda mais do que já lhe é um infortúino o presente.
E o nosso olhar...
Sempre indiferente.
Indiferente o nosso olhar,
Olha, mas não vê...
Porque não quer.
Indiferente o nosso olhar de mães observa filhos de outras mulheres...
Tão carentes!!!
Pais dão guloseimas ao filhos em locais de infantil diversão.
E negam tudo aos semelhantes.
"Dá-me um tostão, moça, para comprar um pão?"
Já nem há nosso olhar, então.
Afastamo-nos.
Depressa.
Munidos de nenhuma compaixão.
Ou fechamos o vidro de nossos carros, e de nossos corações blindados.
E dizemos que estas mães preguiçosas...
Usam os filhinhos para comover-nos.
E se fôssemos nós os flanelinhas,
- os que esmolam
- os que mendigam,
- os que se atormentam, em noites de fomes?
Teríamos ainda este olhar glacial?
Por que gente?
Prementes?
Porque o nosso olhar se habituou com a exclusão social?
Por que esta maneira de olhar...
Fatal?
Sim, pois o nosso olhar mata.
Bane, exclui.
Impunemente.
Constatamos, tristemente, que o nosso lado humano é menos forte que o nosso lado animal.
Somos feras!!!
Instintivamente defendemos os que nos saem do próprio ventre, ou do próprio sêmen, ou do próprio orgulho.
Esquecidos de que a ira dos outros, deles, daqueles para quem lançamos nosso olhar indiferente, agita-se em um caldeirão de revolta.
E o mundo dá tantas voltas!!!
Pobres de nós!!!
Ou mudaremos plenamente...
Ou ainda mais punidos seremos pelo....
Nosso olhar indiferente!!!
Imagens:- Google
Texto:- Eliana Crivellari
Formatação:- adsrcatyb@terra.com.br
www.momentos-pps.com.br
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