sexta-feira, 29 de maio de 2015

A Falsa Despedida de Gabriel Garcia Marquez


A Falsa Despedida de Gabriel Garcia Marquez

“Si por un instante Dios se olvidara de que soy una marioneta de trapo y me regalara un trozo de vida, posiblemente no diría todo lo que pienso, pero en definitiva pensaría todo lo que digo.”

Um texto que circula na Internet – uma carta de despedida de Gabriel Garcia Márquez aos seus amigos – é falso. 

Aquilo que é conhecido pela expressão inglesa hoax. 

No texto, o escritor afirma sofrer de um cancro linfático e escreve um poema de despedida aos amigos. 

(Ele nunca escreveu nenhum poema, que eu saiba). 

Mas aquilo comoveu milhares de pessoas, que inundaram todos os sites e blogues onde foi publicado com profundas manifestações de pesar e carinho pelo escritor.

Quem não achou muita graça foi o próprio Garcia Márquez, que leu o poema e comentou:-
- “Mais valia morrer com um câncer linfático do que ter escrito uma carta de despedida daquelas”.

A carta é bonita, mas pouco tem a ver com o que já li de Garcia Márquez

É demasiado sentimental, um bocado piegas, até, demasiado adjetivada. 

Márquez é contido no uso de adjetivos. 

Foi durante muitos anos jornalista e isso, acredite-se ou não, molda a escrita das pessoas. 

Uma leitura mais apressada – ainda por cima em castelhano – pode levar algumas pessoas ao engano.

O engraçado é que esta brincadeira criou raízes– e, mesmo assim, voltou a pegar. 

O texto – o título original é La Marioneta – foi escrito em 1999 e, logo aí, atribuído a Márquez:-
- Estava a morrer e aquela era a sua carta de despedida. 

De fato, nesse ano, o escritor dera entrada num hospital de Bogotá com sintomas que, a princípio, se supunham ser provocados por esgotamento físico mas que, afinal, tinham origem num câncer linfático. 

Acontece que o escritor reagiu bem aos tratamentos e acabou por sair do hospital em franca recuperação.

 Continua vivo.

Quem foi, afinal, o autor do texto? 

Segundo o investigador Raúl Trejo Delabre, foi escrito por um ventríloquo mexicano chamado Johnny Welch como parte de um espetáculo da sua marioneta “El Mofles”. 

Depois foi o que se sabe:-
- Alguém terá pensado que uma marionete não era suficiente…

* * *

Mas, Apesar de Tudo, vale a Pena Ler o Texto 

"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida,possivelmente não diria tudo o que penso,mas ,certamente pensaria tudo o que digo. 

Daria valor às coisas, não pelo o que valem, mas pelo que significam.

Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. 

Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. 

Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate. 

Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma. 

Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. 

Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. 

Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas. 

Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida!... 

Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes- te amo, te amo.

Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor. 

Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. 

A uma criança,lhe daria asas,mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. 

Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. 

Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... 

Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. 

Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo do pai, o tem prisioneiro para sempre. 

Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. 

São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo."

Gabriel Garcia Marquez

https://www.facebook.com/blogcidadaodomundo/posts/362145860542428

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