Como
uma mulher aferrada aos conceitos volúveis da vida poderia aceitar
abdicar de tudo o que ela julga tão certo, tão indispensável, tão
agradável ao seu estilo de viver, se não fosse obrigada a encarar a vida
pela janela da enfermidade que dilacera os seus tolos princípios?
Não encontrando mais qualquer recurso
para manter essa farsa da beleza indestrutível, é obrigada a buscar
novas formas de viver, meditando na transitoriedade das coisas,
sentindo-se mais vulnerável às ocorrências degeneradoras do corpo,
observando que, de uma hora para outra, toda a base de seu mundinho de
fantasias vai deixar de existir, que perderá os afetos que tem, se é que
construiu algum durante o caminho de encantamento ególatra que escolheu
trilhar.
Tudo isso é fator de reforma que se impõe pelas circunstâncias.
Quantas vezes essa mesma pessoa não
escutou de algum amigo, de algum parente que a alertava, o chamamento
sobre a necessidade de modificar a abordagem que dava à vida?
Quantos
não a aconselharam a mudar o teor de suas preocupações, a esquecer o mal
que lhe tenham feito, a trabalhar no bem ajudando os que sofriam, a ser
solidária com a necessidade alheia, empenhando um pouco de seus
recursos na melhoria de outras vidas?
Quantos milhões de mulheres não se
desgastam todos os dias no esforço da manutenção da beleza artificial?
Seja nas cirurgias plásticas que a vaidade solicita, seja nos cremes,
nos tratamentos, nas ações cosméticas da aparência, nas roupas, nos
modismos?
Já pensou, Rosimeire, quantos milhões vão para o ralo da
inutilidade diariamente?
E não me refiro aos casos em que a
estética natural, a manutenção da higiene e da boa aparência são
consideradas expressões naturais e bem-vindas da auto-estima.
Certamente que Deus não criou a beleza
para que ela fosse relegada a desprezível situação de algo sem valor,
interditando às pessoas a possibilidade de buscá-la ou mesmo de
preservá-la.
No entanto, as próprias pessoas passaram a
cultuar o exterior de seus corpos como se estes amontoados de carne
fossem verdadeiros deuses, ao mesmo tempo em que os meios de comunicação
fazem muitas mulheres viverem baseadas em estereótipos que devem ser
impostos, imitados, seguidos cegamente, como maneira de copiar aquilo
que alguns manipuladores dizem ser a beleza ideal.
Tudo isto acontece pelo despreparo
espiritual, pelo adormecimento da pessoa em relação à sua própria
essência.
E neste caso, posso lhe afirmar sem qualquer medo de equívoco:-
- Somente o recurso drástico da dor que nós produzimos em nós mesmos nos
facilita esse despertamento.
Livro:- Esculpindo o Próprio Destino
Cap. 24
Espírito Lúcius
Psicografia de André Luiz Ruiz
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