domingo, 25 de maio de 2014

A Solidão como Companheira


A Solidão como Companheira

Hoje, ele não apareceu. 

Já faz alguns dias que não o vejo mais naquele banco da praça, sentado sozinho, vendo as pombas voarem a sua volta. 

Cada dia estava ali. 

Com dias frios ou não, sentava ele a olhar o nada, preso as suas lembranças, visualizando aqueles tempos onde era jovem, feliz algumas vezes, mas vivo e um lutador da vida… desperta de suas lembranças pelo ruídos dos pássaros diante dele naquela manhã cinzenta de janeiro.

O sol brilha, a gente se movimenta de um lado ao outro, ela está sentada num banco, frágil, pequena, tomando o sol daquela manhã de primavera, sozinha, apoiada em sua bengala e em suas lembranças. 

Olha para um lado e outro, vendo a agitação da vida. 

Ela não tem mais pressa, não precisa ir ao mercado correndo para fazer a comida para seus filhos e marido… não tem ninguém esperando a sua volta…ela tem todo o tempo do mundo…observa o burburinho da vida… sozinha com seu passado.

Observo pela janela aquele jovem bem vestido buscando no lixo os restos de coca-cola nas latinhas que estavam ali da festa anterior. 

Depois de colher algumas, juntou todas e colocou numa única garrafa e, assim, saiu buscando mais delas para saciar sua sede de dignidade e vida.

Esta manhã, não podia mais com sua vida. 

Tudo era muito grande, insuportável, insustentável, sufocava as lembranças de seus fracassos, suas dívidas, suas dores. 

Então, preferiu buscar o caminho do alívio, não aguentava mais esta dor no peito que não deixava respirar. 

Então, numa fração de segundo, a janela foi sua iluminação. 

Um salto à liberdade e, voando para sua libertação, acabou aterrorizando no chão, para nunca mais voar. 

Agora voa no sonho eterno da morte.

Cada dia, vemos ou ouvimos o quanto a solidão começa a tomar forma e a ser um amigo constante das pessoas. 

A solidão, amiga fiel, aquela que escurece nossa alma, nos acalenta com a dor no peito. 

E nos diz, a cada instante, que só para ela somos visíveis, que ela se interessa por nós, pois, para o resto do mundo, somos invisíveis.

Até quando vamos permitir que todo este avanço tecnológico nos afaste das relações humanas, do abraço apertado, do sorriso desinteressado, do aperto de mão amigável, do encontro alegre e feliz de amigos a contar histórias de suas travessuras? 

Até quando seremos escravos do celular, do computador, da televisão? 

Quantos idosos e pessoas jovens, hoje em todo mundo, vivem sozinhos? 

Milhares não tem sequer a ajuda de alguém para auxiliá-lo nas suas necessidades mais básicas, ou simplesmente em ouvi-las.

Devemos nos preocupar em tentar auxiliar esse idoso, ou aquela pessoa que está sozinha no banco da praça tomando sol, ou o jovem que não sai de seu quarto, e perguntar a cada um deles como podemos ajudá-los, ou se não nos é possível, sentar ao lado deles, olhar em seus olhos, sorrir e perguntar:-
- Como vai você?

Quem sabe, com um pequeno gesto desses, acabamos fazendo mais amigos e escutando milhares de histórias incríveis do passado, aprendamos um método novo de fazer alguma coisa ou, simplesmente, nos damos conta de que a nossa vida não é tão ruim assim. 

Agradecer a Deus por estarmos vivos, saudáveis, pois aquele que muitas vezes está diante de nós carrega um fardo muito mais pesado que o nosso.

Afinal, qual é o objetivo de estarmos aqui, a não ser o de fazermos nossa transformação pessoal? 

Ajudar outras pessoas a seguir, também faz parte de nossa missão aqui nesse planeta, pois todos dependemos de todos. 

E, por mais difícil que seja uma situação, quando somos amparados, tudo fica mais leve, nos dando coragem para o dia seguinte.

Pensemos nisso!

Então, você já sorriu para alguém hoje?

Sonia Maria Pughermanal

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