O
fato de existirem oportunistas em todas as religiões cristãs não
transformou Jesus em uma mentira.
E se falarmos acerca do Divino Mestre,
dentre as inúmeras coisas lindas que Ele fez, estão as inumeráveis
curas físicas, sem que necessitasse de qualquer tipo de instrumento para
atuar em favor dos mais desajustados ou perturbados na carne.
A mesma coisa acontece em todas as
religiões da Terra, caminhos de aprendizagem ou de despertamento que nos
educam a respeito das grandes possibilidades da alma, ao contato com as
forças superiores do Espírito.
Quando o doente vitimado por qualquer
enfermidade entende que a doença não é a manifestação da vontade do
Criador, mas ao contrário, o reflexo das equivocadas experiências da
ignorante criatura, ele, o doente, passa a compreender que foi do que já
fez um dia que decorreram os efeitos nocivos no presente.
E se isso é
assim, do que ele fizer hoje, decorrerão os dias melhores no futuro.
Desse jeito, as conseqüências suportadas
são fatores positivos na conscientização dos deveres de agora, em
relação aos frutos do amanhã.
Se não aprendêssemos com os nossos erros,
jamais deixaríamos de realizá-los, uma vez que tudo o que nós
procuramos fazer está ligado, diretamente, à sensação de bem-estar que
todos buscamos.
Bem-estar no vício, no abuso do garfo, nos excessos do
sexo, na volúpia da mentira, no prazer da usura, na satisfação
propiciada pela vingança, na vitória com a destruição do adversário, na
conquista do que pertence a outros, no sucesso dos empreendimentos
egoísticos, na capacidade de iludir ou de ser cobiçado pela ilusão dos
demais, no gosto bom de causarmos inveja em nossos vizinhos.
Tudo isso,
em nosso mundo emocional, corresponde a boas sensações que produzem
sofrimentos a nós ou a alguém.
E se isso não chegasse a nos fustigar em
nós mesmos um dia certamente que continuaríamos, indefinidamente, a agir
sempre da mesma maneira, pouco nos importando com esclarecimentos, com
aulas de boa conduta, com conceitos de correção ou de conveniência.
Enquanto não recebêssemos em nós tudo o que fizemos os outros passarem,
não nos conscientizaríamos de que aquele comportamento que adotamos era,
realmente, inadequado.
E nesse campo, a Doutrina Espírita tem um grande legado de lições esclarecedoras a nos oferecer.
Quando nos ensina que Deus não deseja o
nosso sofrimento, mas ao contrário, o nosso despertamento, nos anuncia a
chegada da grande alvorada da Esperança.
Além do mais, nos fala de que
tudo o que nos está acontecendo é a expressão da Justiça a entregar aos
autores, aos semeadores, o exato teor daquilo que fizeram ou semearam, a
fim de que avaliem o grau de insanidade, de loucura, de insensatez a
que se permitiram chegar.
No entanto, a doutrina de Amor que o
Espiritismo representa nos dá a idéia de que é a Misericórdia que
governa a Justiça, ensinando que, quando o culpado dá sinais verdadeiros
de arrependimento, quando seus esforços pessoais demonstram a
modificação de seus rumos, quando as atitudes perversas de outrem dão
lugar a atos generosos de reparação, de reconstrução dos erros
cometidos, os piores efeitos do mal praticado outrora podem ser
atenuados a fim de que o interessado repare o equívoco pelo trabalho no
Bem e não pela lágrima de desespero.
Que coisa mais bela do que essa pode
existir, na qual a Bondade prefere ver o filho equivocado trabalhando do
que vê-lo cair sob o peso de chicotes, envolvido pelas grades do
sofrimento vingativo?
Livro:- Esculpindo o Próprio Destino
Cap. 24
Espírito Lúcius
André Luiz Ruiz
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