segunda-feira, 19 de maio de 2014

A Descoberta


A Descoberta

 Espiritualidade para Crianças

Toninho, de nove anos, era um menino diferente e, por isso, causava muitas preocupações aos seus pais.

Frequentava a escola, mas não gostava de estudar e apresentava dificuldades em acompanhar a classe.

Apreensivos com seu futuro, os pais tentavam de todas as maneiras fazer com que Toninho se interessasse por alguma coisa. 

Mas, qual nada! 

Ele gostava mesmo era de brincar.

À medida que o tempo passava, os pais do menino ficavam cada vez mais aflitos. 

Já haviam tentado de tudo.

Procuraram despertar-lhe interesse pela música. 

Foi um desastre. 

Piano, Toninho não tinha paciência para suportar os monótonos exercícios. 

Violão, ele ficava irritado e colocava tanta força no manejo que em pouco tempo arrebentava as cordas. 

Violino, nem pensar. 

Bateria, ele não gostava de barulho. 

Enfim, para a música, não tinha vocação, nem ritmo e nem sensibilidade, deixando os professores desanimados.
— Já que você não tem tendência para a música, meu filho, quem sabe outra arte? 

A pintura, por exemplo. 

Veja o exemplo dos grandes gênios da pintura. 

É fascinante!

— Está bem. 

Vou tentar.
  
Ficava entediado, e logo desistiu.
— Se você não gosta de estudar, nem de música ou de pintura, quem sabe se interessa por algum esporte? 

Poderia talvez jogar futebol!  

— Considerou a mãezinha dedicada.

— Nem pensar. 

Gosto de assistir aos jogos, mas não de correr atrás de uma bola.

— Bem, talvez então alguma modalidade de atletismo?

— Corrida, salto a distância, arremesso de peso... nada disso faz o meu gênero.

— Tênis?

— Nem pensar.

— Talvez vôlei?

— Não tenho altura suficiente.

— Natação?

— Gosto de ir à piscina, mas entro na água apenas para refrescar o corpo do calor do sol.

— Basquete?

— Não tenho pontaria.

Enfim, tentaram todas as modalidades de esporte. 

Nada.

Os pais, cada vez mais preocupados. 

Toninho contava agora quinze anos. 

Crescera, transformando-se num rapaz alto e magro. 

Porém ainda não descobrira nada que o interessasse.

Experimentaram a informática, mas ele usava o computador apenas para divertir-se com os jogos.

A mãe de Toninho estava cada vez mais aflita, mas o pai insistia em afirmar:-
— Fique calma, querida. 

Todas as pessoas têm habilidade ou tendência para alguma coisa. 

Nosso filho não é diferente. 

Ele vai acabar descobrindo do que gosta.

— Será? 

Tenho pedido tanto a Deus que ilumine nosso filho! 

— dizia a mãezinha um tanto desanimada.

Certo dia, Toninho encontrava-se passeando num parque. 

Sentou-se à borda do lago e pôs-se a pensar. 

Aquela situação também não era agradável para ele. 

Tinha vontade de fazer alguma coisa, mas não sabia o quê. 

Nesse momento, lembrou-se de Deus e orou com fervor suplicando ajuda e proteção. 

Sentia-se inútil e sem objetivos na vida. 

Abaixou a cabeça e chorou sentidamente.

Sentiu-se mais reconfortado. 

De repente, Toninho olhou em torno e viu um pedaço de madeira ali perto. 

Teve o impulso de pegá-lo nas mãos. 

Revirou-o para todos os lados, observando-o. 

Interessante! 

Pareceu-lhe ver a imagem de um pássaro de asas fechadas naquela madeira. 

No mesmo instante, Toninho pegou um canivete de estimação que trazia sempre no bolso e começou a trabalhar.

Com habilidade, esculpiu a cabeça, colocou os olhos no lugar, trabalhou as asas. 

Depois, modelou as pernas e os pés, que se apoiavam num pedaço de galho.

Toninho não viu o tempo passar. 

Quando terminou, ele ficou extasiado diante da pequena escultura, obra de suas mãos.
Correu para casa. 

Queria contar a novidade.

 Chegando, mostrou a escultura.

— Vejam! 

Papai, você tinha razão. 

Todos nós temos potencialidades ignoradas e habilidades insuspeitas. 

Descobri que minhas mãos servem para alguma coisa.

Também posso ser útil e criativo.

— Mas, quando foi que aprendeu a esculpir em madeira? — indagou o pai, intrigado.

— Não sei. 

Parece-me que já aprendi e que estou apenas recordando!

Era imensa a perplexidade e a alegria dos pais. 

Finalmente, Toninho descobrira uma razão para viver!

Desse dia em diante, Toninho como que tivera sua vista alargada. 

Tudo o que via, enxergava com outros olhos, vislumbrando sempre o que poderia fazer, modificar, transformar, esculpir.  

Tornou-se um grande artista. 

Seus trabalhos eram muito procurados e suas exposições bastante concorridas. 

Ficou conhecido no Brasil e no exterior, mas jamais deixou de ser a criatura simples que era.

Agora, porém, tinha um objetivo. 

Ajudar crianças, passando seus conhecimentos e ensinando a elas que somente nos sentiremos felizes quando trabalharmos com amor, fazendo aquilo de que gostamos.

Agradecia sempre a Deus, que o ajudara quando mais precisava, indicando-lhe o caminho que deveria trilhar.   
TIA CÉLIA
Fonte:- Revista "O Consolador"

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