Á Frente do Desespero
Dias há nos quais tens a impressão de que mesmo a luz do sol parece
débil, sem que consiga fulgir nos panoramas do teu caminho.
Tudo são
inquietações e ansiedades que pareciam vencidas e que retornam como
fantasmas ameaçadoras, gerando clima de sofrimento interior.
Nessas
ocasiões, tudo corre mal.
Acontecem insucessos imprevistos e
contrariedades surgem de muitas situações que se amontoam,
transformando-se em óbice cruel de difícil transposição.
Surgem
aflições em família que navegava em águas de paz, repontam problemas de
conjuntura grave em amigos que te buscam socorros imediatos e, como se
não bastassem, a enfermidade chega e se assenhoreia da frágil esperança
que, então, se faz fugidia.
Nessa
roda-viva, gritas interiormente por paz e sentes indescritível
necessidade de repouso.
A morte se te afigura uma bênção capaz de
liberar-te de tantas dores!...
Refaze, porém, a observação.
Tudo são testemunhos necessários à fortaleza ritual'>espiritual, indispensáveis à fixação dos valores transcendentes.
Não fora isso, porém, todas essas abençoadas oportunidades de resgate, e
a vida calma amolentaria o teu caráter, conspirando contra a paz
porvindoura, por adiar o instante em que ela se instalaria no teu imo.
Quando tudo corre bem em volta de nós e de referência a nós não nos dói
a dor alheia nem nos aflige a aflição do próximo.
Perdemos a percepção
para as coisas sutis da vida ritual'>espiritual, a mais importante, e
desse modo nos desviamos da rota redentora.
Não te agastes, pois, com os acontecimentos afligentes que independem de ti.
A família segue adiante, o amor muda de domicílio, a doença desaparece,
a contrariedade se dilui, a agressão desiste, a inquietude se acalma se
souberes permanecer sereno ante toda dor que te chegue, enquanto no
círculo de fé sublimas aspirações e retificas conceitos.
Continua fiel no posto, operário anônimo do bem de todos, e espera.
Os ingratos que se acreditaram capazes de te esquecer lembrar-se-ão e
possivelmente volverão:-
- Os amigos que te deixaram, os amores que te não
corresponderam, aqueles que te não quiseram compreender, quantos
zombaram da tua fraqueza e ridicularizaram tua dor envolta nos tecidos
da humildade, os que investiram contra os teu anelos voltarão, tornarão
sim, pois ninguém atinge a plenitude da montanha sem a vitória pelo vale
que necessita vencido.
Tem calma! Silencia a revolta!
Refugia-te na palavra clarificadora do Evangelho Consolador e enxuga
tuas lágrimas com as suas lições.
Dos seus textos extrai o licor da
vitalidade e tece com as mãos da esperança a grinalda da paz para o
coração lanhado e sofrido.
Se conseguires afogar todas as penas na
oração de refazimento, sairás do colóquio da prece restaurado, e
descobrirás que, apesar de tudo acontecer em dias que tais, Jesus luze
intimamente nas províncias do teu espírito.
Poderás, então,
confiar e seguir firme, certo da perene vitória do amor.
Joanna de Ângelis
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