O auto-castigo
Deus não castiga o suicida, pois é o próprio suicida quem se castiga.
A noção do castigo divino é profundamente modificada pelo ensino espírita.
Considerando-se que o Universo é uma estrutura de leis, uma dinâmica de ações e reações em cadeia, não podemos pensar em punições de tipo mitológico após a morte.
Mergulhado nessa rede de causas e efeitos, mas dotado do livre arbítrio que a razão lhe confere, o homem é semelhante ao nadador que enfrenta o fatalismo das correntes de água, dispondo de meios para dominá-las.
Ninguém é levado na corrente da vida pela força exclusiva das circunstâncias.
A consciência humana é soberana e dispõe da razão e da vontade para controlar-se e dirigir-se.
Além disso, o homem está sempre amparado pelas forças espirituais que governam o fluxo das coisas.
Daí a recomendação de Jesus:-
-“Orai e vigiai”.
A oração é o pensamento elevado aos planos superiores – a ligação do escafandrista da carne com os seus companheiros da superfície – e a vigilância é o controle das circunstâncias que ele deve exercer no mergulho material da existência.
O suicida é o nadador apavorado que se atira contra o rochedo ou se abandona à voragem das águas, renunciando ao seu dever de vencê-las pela força dos seus braços e o poder da sua coragem, sob a proteção espiritual de que todos dispomos.
A vida material é um exercício para o desenvolvimento dos poderes do Espírito.
Quem abandona o exercício por vontade própria está renunciando ao seu desenvolvimento e sofre as consequências naturais dessa opção negativa.
Nova oportunidade lhe será concedida, mas já então ao peso do fracasso anterior.
Cornélio Pires, o poeta caipira de Tietê, responde à pergunta do amigo através de exemplos concretos que falam mais do que os argumentos.
Cada uma de nossas ações provoca uma reação da vida.
A arte de viver consiste no controle das nossas ações (mentais, emocionais ou físicas) de maneira que nós mesmos nos castigamos ou nos premiamos.
Mas mesmo no auto-castigo não somos abandonados por Deus, que vela por nós em nossa consciência.
J. Herculano Pires
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