O Significado e o Método da Vida
A ciência e a razão têm prometido vários paraísos na terra, mas eles não foram realizados.
Dizemos isto, não para combater ou subestimar o imenso passado e o esforço atual, heróico e justo, do mundo, para se colocar numa nova ordem, mas para acrescentar-vos que a nova civilização, que não pode ser senão a do espírito, não poderá efetivar-se antes, cada qual, individualmente, não modificar a sério a sua concepção e o seu sistema de vida.
Se o mundo não se transformar, de fato, através de cada um dos seus componentes; se, não somente em palavras, mas também na realidade da vida, não se inaugurar, em vasta escala, uma nova tábua de valores, uma nova civilização não se formará.
Assim como hoje se ri do senso de honra da Idade Média, que consistia em passar a fio de espada os inimigos, assim os séculos futuros haverão de rir de alguns dos nossos conceitos de respeitabilidade e de honra, baseados na riqueza, nos títulos e nas posições sociais, filhos da egoísta luta individual.
O problema da felicidade, - logo se deverá compreender -, não se resolve com o bem-estar material, mas somente atingindo, além daquele, um elevado grau de consciência, de que aquele não é mais do que meio.
Enquanto fizermos da riqueza um fim em si mesmo, ela continuará envenenada e envenenará quem a possuir.
A felicidade não é uma forma de abastança, mas uma íntima satisfação do espírito, um equilíbrio moral, "uma harmonia individual na harmonia cósmica".
O homem possui também, indiscutivelmente, um espírito que não pode iludir-se e satisfazer-se somente com vantagens e gozos materiais.
Além destas aquisições há todo um outro mundo, com mais vastos horizontes.
O espírito sente por instinto, a necessidade de orientação conceptual, de finalidade das ações, de coordenação dos seus próprios esforços para a meta de si mesmo no todo.
Sente a necessidade de realizar qualquer coisa de sério e imperecível, para quando tiver chegado ao fim da vida.
Se o homem não possui também estas coisas imponderáveis, sente-se freqüentemente, sem saber como explicar, insatisfeito, infeliz.
Enquanto o mundo se ocupar das construções materiais, antes das construções espirituais, e não se ocupar destas como coisas principais, a vida será desperdiçada, as leis biológicas serão traídas, e será insensato, nesse regime de insensatez, pretender colher felicidade ao invés de desesperação.
Pode-se sorrir com ceticismo e expulsar o enfadonho pregador dessa verdade, mas o dilema é hoje tremendo:-
- Ou criar uma nova civilização ou retornar à barbárie.
As leis da vida exigem e fazem pressão para resolver dois milênios de preparação e de espera, e não há lugar para a inconsciência dos que dormem ou gozam.
Se não houver o esforço para se criar uma nova civilização, a barbárie de substância, não importa se envernizada de civilização mecânica, será uma punição para todos.
Trechos do livro “História de um Homem”
Pietro Ubaldi
Nenhum comentário:
Postar um comentário