O
Santuário da palavra é formação divina e semente de luz que Deus
depositou nos escrínios da alma.
Ele, o Pai Celestial, tudo fez na
sequência do amor, para que seus filhos se eternizassem na felicidade.
Deixou para nós a regulagem de nossos dons, que haveremos de buscar na
natureza, nas experiências, através dos canais da dor, para que possamos
cumprir a nossa parte na vida, perante ela.
O gorjeio de sons, emitidos pelo nosso
dom de falar, é uma das grandes maravilhas que nos cabe domesticar.
Quem
fala demais vai aos poucos perdendo o sentido das ideias alinhadas na
conversa, ocupando todo o seu tempo e o seu parceiro, achando que está
agradando, sem se colocar no lugar de quem ouve.
Falar demais é um
hábito que facilmente passa a vício, e deste à enfermidade que, no
começo, requer branda disciplina.
É como um filete de água que ainda não
se tornou cachoeira, porém, se a Providência não acudir a tempo, o
desgaste de energias e a perda de capacidade tornar-te-ão pessoa
indesejada no meio em que vives, e tornarás muito mais difícil a
educação da tua voz.
O filete de água passará à cachoeira de proporções
indescritíveis, requerendo esforços sobrenaturais para o domínio
conveniente.
Façamos como os engenheiros hidráulicos
que distribuem a água em uma metrópole através dos canos, com a
disciplina das torneiras.
A fala é um manancial que deve ser cuidado, no
sentido de beneficiar a todos os que nos ouvem.
Coloquemos, pois, uma
torneira na boca para que não ocorra o desperdício da água da palavra,
que, é por excelência, de ordem celestial.
A energia que consumimos no palavreado é
cota sagrada que pertence ao suprimento universal e que, depois de usada
como veículo de comunicação, volta ao manancial infinito com a mensagem
que nela imprimimos, pelas mãos dos sentimentos e pela força do verbo.
Sabendo disto, o que deves fazer de agora em diante com o teu dom de
falar?
O conselho seguinte é do grande orador evangélico, Paulo de
Tarso, quando instruía os filipenses:-
- “E a maioria dos irmãos, estimulados no
Senhor por minhas palavras, ousaram falar com mais desassombro a palavra
de Deus”.
Filipenses, 1:14
Paulo era falante, mas falava com
equilíbrio, na hora certa e no momento exato, aproveitando o dom de que
Deus lhe deu, nas bênçãos de Jesus Cristo.
Quem fala com amor no coração
estimula aos que o ouvem a também conversar com mais desassombro acerca
das coisas elevadas, silenciando sem desprezo aos que lhe interrogam ou
estimulam para conversações de nível inferior orando por eles em
degredo, para que não se sintam humilhados, como pessoas que ainda não
acertaram o caminho da luz.
É da máxima popular “quem fala demais dá
bom dia a cavalo”, e certamente é assim porque não é entendido e por não
existir entendimento nas suas conversações, que o animal não vai
responder o cumprimento endereçado a ele; assim é que o ser humano, de
certa superioridade, não vai responder à fala provinda da imundície da
razão mal educada; fica calado, esperando que Deus e o tempo possam
despertar aquele que fala mal e que tem as possibilidades de algum dia
falar bem, usando o tesouro da palavra como fonte divina, para a divina
elevação de outros dons que dormitam.
Meu filho, convidar Jesus para assistir
as tuas conversações, sem que a consciência te condene, é o mesmo que
colocar uma estrela na boca, que brilhará dia e noite em teu próprio
benefício.
Não fales em demasia, nem fiques calado como uma múmia;
conversa como um sábio, que sabe que nada sabe, mas cuja sabedoria é
como sal nos alimentos de bom sabor.
Livro Horizontes da Fala
cap. 45
Espírito Miramez
João Nunes Maia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário