sábado, 29 de dezembro de 2012

Francisco Cândido Xavier




Chico Xavier
Centenário
No dia 02/04/1910 nascia para este plano físico, na cidade de Pedro Leopoldo (Minas Gerais), o médium Francisco Cândido Xavier

Caso estivese encarnado, estaria completando hoje 100 anos.
 
Este post tenta homenageá-lo trazendo um texto escrito pelo próprio Chico, onde o mesmo fala um pouco a respeito de sua vida e trabalho na mediunidade. 

O texto está presente no livro “Parnaso de Além-Túmulo”, primerio livro publicado através da sua faculdade mediúnica de psicografia.


Chico, agradecemos pela sua dedicação à prática mediúnica e pelos exemplos de amor, respeito, caridade, disciplina, fé e humildade, que tanto nos ensinaram e ensinam até hoje. 

Que Jesus o ilumine sempre!



* * *

Palavras Minhas

Nasci em Pedro Leopoldo, Minas, em 1910. 

E até aqui, julgo que os meus atos perante a sociedade da minha terra são expressões do pensamento de uma alma sincera e leal, que acima de tudo ama a verdade; e creio mesmo que todos os que me conhecem podem dar testemunho da minha vida repleta de árduas dificuldades, e mesmo de sofrimentos.

Filho de um lar muito pobre, órfão de mãe aos cinco anos, tenho experimentado toda a classe de aborrecimentos na vida e não venho ao campo da publicidade para fazer um nome, porque a dor há muito já me convenceu da inutilidade das bagatelas que são ainda tão estimadas neste mundo.

E, se decidi escrever estas modestas palavras no limiar deste livro, é apenas com o intuito de elucidar o leitor; quanto à sua formação.

Começarei por dizer-lhe que sempre tive o mais profundo pendor para a leitura; constantemente, a melhor boa vontade animou-me para o estudo.

Mas, estudar como? 

Matriculando-me quando contava oito anos, num grupo escolar, pude chegar até ao fim do curso primário, estudando do apenas uma pequena parte do dia e trabalhando numa fábrica de tecidos, das quinze horas às duas da manhã; cheguei quase a adoecer com um regime tão rigoroso; porém, essa situação modificou-se em 1923, quando então consegui um emprego no comércio, com um salário diminuto, onde o serviço dura das sete às vinte horas, mas onde o trabalho é menos rude, prolongando-se esta minha situação até os dias da atualidade.

Nunca pude aprender senão alguns rudimentos de aritmética, história e vernáculo, como o são as lições das escolas primárias. 

É verdade que, em casa, sempre estudei o que pude, mas meu pai era completamente avesso à minha vocação para as letras, e muitas vezes tive o desprazer de ver os meus livros e revistas queimados.

Jamais tive autores prediletos; aprazem-me todas as leituras e mesmo nunca pude estudar estilos dos outros, por diferençar muito pouco essas questões.
Também o meio em que tenho vivido foi sempre árido, para mim, neste ponto. 
 
Os meus familiares não estimulavam, como verdadeiramente não podem, os meus desejos de estudar, sempre a braços, como eu, com uma vida de múltiplos trabalhos e obrigações e nunca se me ofereceu ocasião de conviver com os intelectuais da minha terra. 
 
O meu ambiente, pois, foi sempre alheio à literatura; ambiente de pobreza, de desconforto, de penosos deveres, sobrecarregado de trabalhos para angariar o pão cotidiano, onde se não pode pensar em letras. 
 
Assim tem-se passado os dias sem que eu tenha podido, até hoje, realizar as minhas esperanças.

Prosseguindo nas minhas explicações, devo esclarecer que minha família era católica e eu não podia escapar aos sentimentos dos meus. 

Fui pois criado com as teorias da Igreja, freqüentando-a mesmo com amor, desde os tempos de criança; quando ia às aulas de catecismo era para mim um prazer.

Até 1927, todos nós não admitíamos outras verdades além das proclamadas pelo Catolicismo; mas, eis que uma das minhas irmãs, em maio do ano referido, foi acometida de terrível obsessão; a medicina foi impotente para conceder-lhe uma pequenina melhora, sequer. 

Vários dias consecutivas foram, para nossa casa, horas de amargos padecimentos morais. 

Foi quando decidimos solicitar o auxílio de um distinto amigo, espírita convicto, o Sr. José Hermínio Perácio, que caridosamente se prontificou a ajudar-nos com a sua boa vontade e o seu esforço.

Verdadeiro discípulo do Evangelho, ofereceu-nos até a sua residência, bem distante da nossa, junto à sua família, onde então, num ambiente totalmente modificado, poderia ela estudar as bases da doutrina espírita, orientando-se quanto aos seus deveres, desenvolvendo, simultaneamente, as suas faculdades mediúnicas. 

Aí, sob os seus caridosos cuidados e da sua Exma. esposa D.Cármen Pena Perácio, médium dotada de raras faculdades, minha irmã hauria, para nosso beneficio, os ensinamentos sublimes da formosa doutrina dos mensageiros divinos; foi nesse ambiente onde imperavam os sentimentos cristãos de dois corações profundamente generosos, como o são os daqueles confrades a que me referi, que a minha mãe, que regressara ao Além em 1915, deixando-nos mergulhados em imorredoura saudade, começou a ditar-nos os seus conselhos salutares, por intermédio da esposa do nosso amigo, entrando em pormenores da nossa vida íntima, que essa senhora desconhecia. 

Até a grafia era absolutamente igual à que a nossa genitora usava, quando na Terra.

Sobre esses fatos e essas provas irrefutáveis solidificamos a nossa fé, que se tornou inabalável.

 Em breve minha irmã regressava ao nosso lar cheia de saúde e feliz, enterrada no conhecimento da luz que deveria daí por diante nortear os nossos passos na vida.

Resolvemos, então, com ingentes sacrifícios, reunir um núcleo de crentes para estudo e difusão da doutrina, e foi nessas reuniões que me desenvolvi como médium escrevente, semimecánico, sentindo-me muito feliz por se me apresentar essa oportunidade de progredir; datando daí o ingresso do meu humilde nome nos jornais espíritas, para onde comecei a escrever sob a inspiração dos bondosos mentores espirituais que nos assistiam (1).

Daí a pouco, a nossa alegria aumentava, pois o nosso confrade José Hennínio Perácio, em companhia de sua esposa, deliberou fixar residência junto a nós, e as nossas reuniões tiveram resultados melhores, controladas pela sua senhora, alma nobilíssima, ornada das mais superiores qualidades morais e que, entre as suas mediunidades, conta com mais desenvolvimento a clariaudiência. 

Nossas reuniões contavam, assim, grande número de assistentes, porém, a moral profunda que era ensinada, baseada nas páginas esplendorosas do Evangelho de Jesus, parece que pesava muito, como acontece na opinião de grande maioria de almas da nossa época, quase sempre inclinadas para as futilidades mundanas, e, decorridos dois anos, os assistentes de nossas sessões de estudos escassearam, chegando ao número de quatro ou cinco mil pessoas, o que perdura até hoje.

Não desanimamos, contudo, prosseguindo em nossas reuniões, constituindo para nós uma fonte de consolações isolarmo-nos das coisas terrenas em nosso recanto de prece, para a comunhão com os nossos desvelados amigos do Além.

Continuei recebendo as idéias dos mesmos amigos de sempre, nas reuniões, psicografando-as, e que eram continuamente fragmentos de prosa sobre os Evangelhos. Somente duas vezes recebi comunicações em versos simples.

Em agosto, porém, do corrente ano, apesar de muito a contragosto de minha parte, porque jamais nutri a pretensão de entrar em contacto com essas entidades elevadas, por conhecer as minhas imperfeições, comecei a receber a série de poesias que aqui vão publicadas, assinadas por nomes respeitáveis.

Serão das personalidades que as assinam? – é o que não posso afiançar. 

O que posso afirmar categoricamente, é que, em consciência, não posso dizer que são minhas, porque não despendi nenhum esforço intelectual ao grafá-las no papel. 

A sensação que sempre senti, ao escrevê-las, era a de que vigorosa mão impulsionava a minha. 

Doutras vezes, parecia-me ter em frente um volume imaterial. 

Onde eu as lia e copiava; e, doutras, que alguém mas ditava aos ouvidos, experimentando sempre no braço, ao psicografa-las, a sensação de fluidos elétricos que o envolvessem, acontecendo o mesmo com o cérebro, que se me afigurava invadido por incalculável número de vibrações indefiníveis.

Certas vezes, esse estado atingia o auge, e o interessante é que parecia-me haver ficado sem o corpo, não sentindo, por momentos, as menores impressões físicas. 

É o que experimento, fisicamente, quanto ao fenômeno que se produz freqüentemente comigo.

Julgo do meu dever declarar que nunca evoquei quem quer que fosse; essas produções chegaram-me sempre espontaneamente, sem que eu ou meus companheiros de trabalhos as provocássemos e jamais se pronunciou. em particular, o nome de qualquer dos comunicantes, em nossas preces.

Passavam-se às vezes mais de dez dias, sem que se produzisse escrito algum, e dia houve em que se receberam mais de três produções literárias de uma só vez. 

Grande parte delas foram escritas fora das reuniões e tenho tido ocasiões de observar que, quanto menor o número de assistentes, melhor o resultado obtido.

Muitas vezes, ao recebermos uma destas páginas, era necessário recorrermos a dicionários, para sabermos os respectivos sinônimos das palavras nela empregadas, porque tanto eu como os meus companheiros as desconhecíamos em nossa ignorância, julgando minha obrigação, frisar aqui também, que, apesar de todo o meu bom desejo, jamais obtive outra coisa, fenomenologia espírita, a não ser esses escritos.

Devo salientar o precioso concurso da bondosa médium Sra. Cármen P. Perácio, que através da sua maravilhosa clariaudiêncía me auxiliou muitíssimo, transmitindo-me as advertências e opiniões dos nossos caros mentores espirituais, e ainda o carinhoso interesse do distinto confrade Sr. M. Quintão, que tem sido de uma boa vontade admirável para comigo, não poupando esforços para que este despretensioso volume viesse à luz da publicidade.

E aqui termino. 
 
Terei feito compreender, a quem me lê, a verdade como de fato ela é?

Creio que não. 

Em alguns despertarei sentimentos de piedade e, noutros, rizinhos ridiculizadores. 

Há de haver, porém, alguém que encontre consolação nestas páginas humildes. 

Um desses que haja, entre mil dos primeiros, e dou-me por compensado do meu trabalho.

A todos eles, todavia, os meus saudares, com os meus agradecimentos intraduzíveis aos boníssimos mentores do Além, que inspiraram esta obra, que generosamente se dignaram não reparar as minhas incontáveis imperfeições, transmitindo, por intermédio de instrumento tão mesquinho, os seus salutares ensinamentos.


Pedro Leopoldo, dezembro de 1931.
Francisco Cândido Xavier.


(1) Só nos últimos dias de 1931, com a graça de Deus, desenvolveram-se em mim, de maneira clara e mais intensamente, a vidência, a audição e outras faculdades mediúnicas. 

(Nota do médium para a 4º edição, em 1944.)

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Ao escrever estas palavras, o Autor não se lembrou de que as suas relações constantes com Espíritos desencarnados, mantidas desde os 5 anos de idade, pertencem igualmente à fenomenologia espírita. 

Pensou em fenomenologia somente como prática consciente da mediunidade das sessões espíritas; mas todas as pessoas de sua intimidade sabem que ele, desde a infância, confunde os habitantes dos dois mundos e muitas vezes pergunta ao amigo que esteja passeando com ele:-
"Estás vendo ali um homem de barbas brancas, etc.?" Pela resposta do companheiro é que ele fica sabendo se está diante de um habitante do nosso mundo ou de habitante do mundo espiritual. 

Também isso são fenômenos espíritas. 

 (Nota da Editora – 9ª edição, 1972.)



Extraído do livro Parnaso de Além
Túmulo
Primeiro livro psicografado por Chico Xavier
Poesias Mediúnicas 
Vários Autores
Edição Comemorativa 
70 anos, FEB
 2002 - página 31.


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Assista ao vídeo do 'Programa Transição', no qual o médium Divaldo Franco fala sobre a vida de Chico Xavier – CLIQUE AQUI.


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Joanna de Ângelis (espírito), enviou uma mensagem, em julho de 2002, psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco e publicada na Revista Reformador do mês seguinte, na qual informa que, após a desencarnação, o espírito de Chico Xavier fora recebido no mundo Espiritual por Jesus. Confira o texto dessa mensagem no blog Manancial de LuzCLIQUE AQUI.

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“A Igreja Católica reconhece a grandeza do homem Chico Xavier e seu empenho em ajudar, sobretudo, aos sofridos, mesmo com a distância entre as duas doutrinas. 

Mas um ponto nos une:-
a caridade. 

É comum entre todos aqueles que têm Jesus Cristo como seu Salvador e Deus a pratica da caridade. 

Agradecemos a Deus pela passagem deste homem que só soube fazer o bem.”


Monsenhor José Albérico Bezerra de Almeida - Vigário geral da Arquidiocese do Recife e Olinda


“Todos aqueles que entendem o plano de Deus para sua criação se preocupam com o bem estar dos que estão a sua volta. 

Eles se dedicam a fazer a maior caridade: dar conhecimento sobre a realidade que transcende a matéria, o conhecimento espiritual, para que todos possam progredir rumo ao abrigo supremo e eterno, Deus. 

Chico Xavier foi um espírito que enquanto homem viveu estritamente segundo esses princípios, mostrando factualmente o quanto era elevado e realizado espiritualmente. 

É um exemplo a ser seguido e uma mostra do quanto o amor pode fazer pela humanidade.”


Yamunacarya das - Pres. da Sociedade Internacional Para Consciência de Krishna no Brasil


“Se falar em religião no Brasil, sem mencionar Chico Xavier, é não falar em nada. 

Ele empunha a bandeira da caridade e da humanidade. 

Não pregava o apartheid das religiões e sim a união e por isso era respeitado. 

Os depoimentos dele sempre unificavam, falavam de um Deus, único, unificado. 

Uma vez falou que a Umbanda era uma religião linda. 

Agora eu falo que Chico foi um templo da religião viva”.

Pai Luiz Santos - Conselho Nacional de Umbanda

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Veja algumas postagens anteriores do blog Espírita na Net, a respeito de Chico Xavier:

Histórias do Chico...

Ah, o Chico...

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“Ah... mas quem sou eu senão uma formiga, das menores, que anda pela terra cumprindo sua obrigação...” Chico Xavier




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