Como amr um pai que nunca me amou ?
Anote:- "Nunca é Tarde !"
Estávamos no enterro do meu avô.
Meu pai olhava com tristeza e
carinho para o caixão.
E foi nesse momento que ele começou a me contar,
com voz baixa, sua história:-
- Durante minha infância, juventude e boa parte da vida adulta, nunca
conheci meu pai suficientemente nem confiei nele.
Ele era um homem duro
que não manifestava carinho aos seus filhos nem à minha mãe.
Ainda muito
jovem, fui embora de casa; evitei meu pai durante anos, pois ele me
remetia a ressentimentos que eu desejava verdadeiramente superar.
Meu pai era para mim uma referência de medo, temperamento irracional e
autoridade tirânica, que sempre exigiu de mim obediência forçada como a
de um escravo, e não a obediência livre que nasce do amor de um filho.
Demorei muitos anos para superar isso, contando especialmente com a
ajuda da sua mãe.
Finalmente, decidi perdoá-lo, como um importante degrau em minha
superação espiritual e psicológica.
E foi a partir desta decisão que eu
me surpreendi recordando vivências através das quais pude ver os traços
de bondade que existiam nele.
Senti muita paz quando percebi que honrar é
uma forma de amar.
O tempo passou, minha mãe faleceu, meu pai foi se debilitando e eu
decidi levá-lo para minha casa e cuidar dele.
Saíamos para passear todas
as tardes, conversávamos sobre temas cotidianos, sem nenhuma referência
à nossa complicada relação do passado.
Certa vez, ele encontrou um dos
seus amigos e me apresentou sem disfarçar com seu orgulho.
Em um ambiente de amor, seu avô foi mudando pouco a pouco, e esta é a
parte da história que você viveu, vendo-o como avô nobre e bondoso.
Ele
aprendeu que “Amor com Amor se paga”, e percebi que ele se esforçou
bastante nesta tarefa.
Isso curou minhas antigas feridas.
Um dia, com muita dificuldade, com voz quebrantada e frases curtas,
ele me contou da sua vida, da dureza na qual havia crescido, de como
havia repetido comportamentos errôneos e de qual arrependido estava.
Compreendi que esse era o seu jeito de pedir perdão.
Pouco tempo depois,
ele faleceu.
Meu pai ficou em silêncio enquanto seu olhar percorria o caixão, até
fixar-se no crucifixo que estava na parede, e se recolheu em oração.
Meu pai foi capaz de dar o que não havia recebido.
Abracei-o com Amor e Gratidão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário