Canção das Mulheres!
Que o outro saiba quando estou com medo e me
tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando
preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não
o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo
com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva
saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba
minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu
faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também
preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o
outro não pense logo que estou nervosa ou doente ou agressiva, nem diga
que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dói a ideia da perda e
ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.
Que se
estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem
dizendo:-
- ´Olha que estou tendo muita paciência com você!'´
Que quando
sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o
outro não me exponha nem me ridicularize.
Que se eventualmente perco a
paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me
ache linda e me admire.
Que o outro não me considere sempre disponível,
sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou
podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às
vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas
uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e
audaciosa - uma Mulher.
Lya Luft
Nenhum comentário:
Postar um comentário