terça-feira, 21 de junho de 2016

A dependência da opinião alheia e o uso do Facebook


A dependência da opinião alheia e o uso do Facebook
 
"O que os outros pensam de nós teria pouca importância se não influenciasse tão profundamente o que pensamos de nós mesmos quando tomamos conhecimento da opinião alheia". Jorge Santayana
 
"À medida que superamos a imprescindível fase de cuidados na infância, e nos tornamos adultos, a dependência passa a ser fator de limitação, atraso ou bloqueio no processo de evolução do ser dotado de inteligência e notável capacidade de expansão da consciência.
 
A limitação à dependência da opinião alheia fragiliza emocionalmente e transfere a responsabilidade para terceiros, impedindo que o agente de sua própria história de vida assuma compromisso com a autorresponsabilidade.
 
Há três anos, um estudo da Universidade de Berlim, na Alemanha, revelou que pessoas com altos níveis de atividade na área do cérebro associada à recompensa, são mais propensos a serem usuários assíduos do Facebook.
 
"Essencialmente, um elo neurobiológico foi feito entre a atividade do cérebro para recompensas sociais associadas à reputação e à intensidade de uso do Facebook", afirma Dar Meshi, pesquisador-chefe
 
Durante o estudo, feito com 31 voluntários, os cientistas observaram que o núcleo acúmbens (parte do cérebro que é ativada quando as pessoas recebem recompensas) ficava mais estimulado quando a pessoa recebia um comentário positivo sobre conteúdo que havia postado no Facebook
 
Meshi ainda completa:-
- "Quanto mais sensível ficar o núcleo acúmbens de uma pessoa ao saber que a sua reputação é boa, mais provável é que ela desenvolva uma relação intensa com o Facebook". 
 
Quem vive sob o jugo da opinião alheia fica na dependência de elogios ou na expectativa de que as informações veiculadas das mídias formem a sua opinião a respeito de determinado fato para sentir-se seguro. 
 
Pessoas assim não se dão conta de que as opiniões dos outros, ou que as mensagens transmitidas pelas mídias, sem o filtro do senso crítico e a busca de informações em outras fontes, não traz segurança e sim dependência.
 
O artigo, "Confissões de um dependente", publicado por Adriano Silva, na revista Época, traz um interessante depoimento. 
 
É o que veremos a seguir.
 
"Confesso que sou um dependente da aprovação alheia.
 
 Preciso me sentir amado para me sentir bem. 
 
E sofro crise de abstinência quando as pessoas ao redor são pouco carinhosas comigo. 
 
Sem o aplauso, sem o sorriso cúmplice, sem o ambiente acolhedor eu não vivo. 
 
O mero tratamento neutro me soa sempre como agressão, como postura hostil. 
 
Os dependentes da aprovação alheia se tornam, com o tempo, seres frágeis. 
 
Patéticos até em sua hipersensibilidade, em seu melindre crônico. 
 
Ao colocarem sua felicidade em mãos alheias, se tornam pessoas facilmente manipuláveis.
 
Ao definir sua tranquilidade em relação a elas mesmas a partir do olhar dos outros, abrem uma brecha enorme em sua autoestima. 
 
Não falta no mundo gente que perceba porta aberta e a use para jogar com a carência de afeto. 
 
Trata-se dos predadores emocionais. 
 
É preciso manter cuidado com eles. 
 
Gente que faz desse assédio afetivo uma afiada arma de competição, de ascensão social, de exercício de poder sobre o outro.
 
Por isso admiro quem não dá a mínima para os outros.
 
Quem nasceu blindado contra o poder da opinião alheia, do que possam pensar ou sentir ou dizer a seu respeito. 
 
Pessoas assim se respeitam mais, preservam-se mais. 
 
Resolvem suas inseguranças de outro modo, sem expor o traseiro nu na janela. 
 
Com isso, imagino, sofrem menos.
 
Essas pessoas sabem que no fundo estamos todos sozinhos neste mundo. 
 
E que a opinião que realmente conta sobre elas é delas mesmo".
 
No entanto, em relação à sobrevivência da espécie, não somos seres autossuficientes, mas codependentes. 
 
Portanto, ouvir outras pessoas pode ser interessante, mas para atender o desejo do outro deve haver sempre uma deliberação. 
 
Atender dicas e conselhos pode ser positivo para avaliar estas dicas e tomar a decisão por si mesmo.
 
Outras pessoas podem colaborar conosco, nossa riqueza de cognições, pensamentos e informações vem do quanto somos permeáveis ao mundo externo, mas essas ideias deixam de ser do outro e passam a ser nossas quando avaliamos uma por uma e chegamos à nossa própria conclusão, que pode ser totalmente oposta ao que foi sugerido inicialmente.
 
Neste complexo contexto existencial, que inclui muitas vidas do espírito imortal, a minha experiência na terapêutica interdimensional aponta para o "velho" padrão emocional-comportamental que trazemos de outras vidas como fator de associação da dependência emocional com a aprovação ou opinião alheia.
 
São espíritos que não amadureceram emocionalmente, e se for acionado este "gatilho" por experiências traumáticas na infância, o sentimento potencializa e se mantém por tempo indeterminado, até a pessoa buscar uma forma de ajuda.
 
Neste sentido, a meditação é excelente ferramenta de autoajuda. 
 
Mergulhar nas profundezas da própria alma em busca de si mesmo é arte que merece atenção e dedicação.
 
Quando a pessoa se conhece, podem emitir delas as opiniões mais contraditórias que ela não se deixa impressionar, nem iludir, pois sabe da sua realidade.
 
Nesses dias que as mídias tentam criar protótipo de beleza física, e enaltecer a juventude do corpo como único bem que merece investimento, não se deixe iludir. 
 
Você vale pelo que é, e não pelo que tem ou aparenta ser. 
 
A verdadeira beleza é da alma. 
 
A eterna juventude é atributo do espírito imortal.
 
O importante mesmo é que você se goste. 
 
Que você se respeite, que se cuide e se sinta bem. 
 
A opinião de alguém só deve fazer sentido e ter peso, se alguém estiver realmente interessado na sua felicidade e bem-estar."
 
 
 
Autor:- Flávio Bastos
 

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