sábado, 2 de abril de 2016

Indulgência


Indulgência

Queremos falar hoje da indulgência, sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos, mas do qual bem poucos fazem uso.
A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los. 
Ao contrário, oculta-os, a fim de que se não tornem conhecidos senão dela unicamente, e, se a malevolência os descobre, tem sempre pronta uma escusa para eles, escusa plausível, séria, não das que, com aparência de atenuar a falta, mais a evidenciam com pérfida intenção.
A indulgência jamais se ocupa com os maus atos de outrem, a menos que seja para prestar um serviço; mas mesmo neste caso, tem o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. 
Não faz observações chocantes, não tem nos lábios censuras; apenas conselhos e, as mais das vezes, velados. Quando criticais, que consequência se há de tirar das vossas palavras? 
A de que não tereis feito o que reprovais, visto que estais a censurar; que valeis mais do que o culpado. 
Ó homens! 
Quando será que julgareis os vossos próprios corações, os vossos próprios pensamentos, os vossos próprios atos, sem vos ocupardes com o que fazem vossos irmãos? 
Quando só tereis olhares severos sobre vós mesmos?
Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros. 
Lembrai-vos daquele que julga em última instância, que vê os pensamentos íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas que censurais, ou condena o que relevais, porque conehce o móvel de todos os atos. 
Lembrai-vos de que vós, que clamais em altas vozes: anátema! 

Tereis, quiçá, cometido faltas mais graves.
Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita.
INDULGENCIA
 José, Espírito protetor. 

(Bordéus, 1863). 
Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo X 
 Bem-Aventurados os que são Misericordiosos

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