terça-feira, 19 de abril de 2016

Pureza Doutrinária no Espiritismo - Um Alerta


 

Entendo por pureza doutrinária o fato de praticarmos somente o que aprendemos na doutrina espírita. 
Muito importante, se somos espíritas, seguir aquilo que abraçamos. 
Isso não implica em alimentar preconceito e atitudes insensatas. 
Vejamos um exemplo. 
Toca o telefone da Sra. Aparecida, palestrante espírita. 
Eis o diálogo que se estabelece:-
-Alô...
-Bom dia... Gostaria de falar com a Sra. Aparecida.
-Sou eu mesma. 
Do que se trata?
-Que bom tê-la encontrado, Sra. Aparecida! 
Será que a senhora tem um dia disponível para fazer uma palestra no Centro do qual sou participante? 
Gostaríamos que a senhora discorresse sobre um capítulo do Livro dos Espíritos.
-Depende, minha filha, depende... qual é o Centro?
-Trata-se do Centro de Umbanda Pai Jacó.
-Filha, sinto muito, eu só falo em Centros Espíritas seguidores dos ensinos de Allan Kardec. 
Centro de Umbanda não é minha praia.
-Bem, então... mesmo assim, muito obrigada pela atenção.
O diálogo termina por aí. 
Aparecida é ferrenha defensora da pureza doutrinária dentro do Espiritismo. 
E pensar que a presidente do Centro de Umbanda Pai Jacó estava tentando estimular os frequentadores do Centro a se entrosarem com o Livro dos Espíritos... 
Que chance maravilhosa Aparecida perdeu!
Em Espiritismo, a expressão pureza doutrinária, vem tomando vulto de forma a provocar preconceito e falta de solidariedade. 
Mentes vêm se cristalizando e sem que percebam estão a fugir dos intentos de Allan Kardec. 
Posições exclusivistas prejudicam os objetivos mais puros do Espiritismo, representados pelo amor sem precedentes aos que são e aos que não são espíritas, compreendendo-os e ajudando-os.
Num livro psicografado por mim, Reforma Íntima, (http://mnilceialivros.blogspot.com.br/2015/09/reforma-intima.html) cujo autor é o espírito Dr. Flávio Pinheiro, ele narra que no plano espiritual levou um grupo de jovens a assistir uma missa, estimulando-os a viver a fraternidade em relação a outros credos. 
A recordação deste fato relatado no livro me fez lembrar de outro, vivido aqui no Plano Físico mesmo, o qual narro prazerosamente:-
- Um simpático padre da cidade em que moro, há vários anos, resolveu procurar integrantes das várias religiões. 
Como espírita que sou, fui solicitada a recebê-lo em minha residência juntamente com a equipe de evangelizadoras da paróquia. 
Foi um encontro bastante positivo. 
Trocamos ideias e explicações. 
Fico hoje a questionar-me:- 
-Será que os católicos estão evoluindo mais rapidamente que os espíritas? 
Devemos refletir sobre posicionamentos antagônicos e radicais que vêm sendo adotados por alguns espíritas. 
Não é isso que Kardec deseja, não é isso que ele ensinou.
No Livro:- Os Dragões, de Maria Modesto Cravo, tendo como médium Wanderley Oliveira, página 122, lemos palavras que devem ser por nós assimiladas:-
- “Os próprios espíritas se agredirão para defender uma linha filosófica de pensamentos. 
Tomarão o texto de Kardec como uma nova bíblia, como se ali a doutrina estivesse pronta e acabada, quando o próprio codificador deixou seus apontamentos como o marco inicial de uma interminável investigação em assuntos da alma.”
Urge analisar e colocar amor e caridade nos corações. 
Boas palavras cabem em qualquer lugar, numa tribuna espírita ou fora dela.
E aqui vai o vermelho para o fanatismo e para o preconceito.


Maria Nilceia

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