sábado, 27 de fevereiro de 2016

Perturbação que sentimos pós-morte ! Visão espírita


Perturbação que sentimos pós-morte ! 

Visão espírita



163. Deixando o corpo, a alma tem imediata consciência de si mesma?

— Consciência imediata não é o termo: ela fica perturbada por algum tempo.

164. Todos os Espíritos experimentam, no mesmo grau e pelo mesmo tempo, a perturbação que se segue à separação da alma e do corpo?

— Não, pois isso depende da sua elevação. 

Aquele que já está depurado se reconhece quase imediatamente, porque se desprendeu da matéria durante a vida corpórea, enquanto o homem carnal, cuja consciência não é pura, conserva por muito tempo mais a impressão da matéria.

165. O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração maior ou menor da perturbação?

— Uma grande influência, pois o Espírito compreende antecipadamente a sua situação; mas a prática do bem e a pureza de consciência são o que exerce maior influência.

Comentário de Kardec:-
- No momento da morte, tudo, a princípio, é confuso; a alma necessita de algum tempo para se reconhecer; sente-se como atordoada, no mesmo estado de um homem que saísse de um sono profundo e procurasse compreender a sua situação. 

A lucidez das idéias e a memória do passado lhe voltam à medida que se extingue a influência da matéria de que se desprendeu, e que se dissipa essa espécie de nevoeiro que lhe turva os pensamentos.

A duração da perturbação de após morte é muito variável: pode ser de algumas horas, como de muitos meses e mesmo de muitos anos. 

Aqueles em que é menos longa são os que se identificaram durante a vida com o seu estado futuro, porque então compreendem imediatamente a sua posição.

Essa perturbação apresenta circunstâncias particulares, segundo o caráter dos indivíduos e sobretudo de acordo com o gênero de morte. 

Nas mortes violentas, por suicídio suplício, acidente, apoplexia, ferimentos etc. o Espírito é surpreendido, espanta-se, não acredita que esteja morto e sustenta teimosamente que não morreu. 

Não obstante, vê o seu corpo, sabe que é dele, mas não compreende que esteja separado Procura as pessoas de sua afeição, dirige-se a elas e não entende por que não o ouvem. 

Esta ilusão mantém-se até o completo desprendimento do espírito, e somente então ele reconhece o seu estado e compreende que não faz mais parte do mundo dos vivos.

Esse fenômeno é facilmente explicável. Surpreendido pela morte imprevista, o Espírito fica aturdido com a mudança brusca que nele se opera. 

Para ele, a morte é ainda sinônimo de destruição, de aniquilamento; ora, como continua a pensar, como ainda vê e escuta, não se considera morto. 

E o que aumenta a sua ilusão é o fato de se ver num corpo semelhante ao que deixou na terra, cuja natureza etérea ainda não teve tempo de verificar. 

Ele o julga sólido e compacto como o primeiro e, quando se chama a sua atenção para esse ponto, admira-se de não poder apalpá-lo.

Assemelha-se este fenômeno ao dos sonâmbulos inexperientes que não crêem estar dormindo. 

Para eles, o sono é sinônimo de suspensão das faculdades; ora, como pensam livremente e podem ver, não acham que estejam dormindo. 

Alguns Espíritos apresentam esta particularidade, embora a morte não os tenha colhido inopinadamente; mas ela é sempre mais generalizada entre os que, apesar de doentes, não pensavam em morrer. 

Vê-se então o espetáculo singular de um Espírito que assiste aos próprios funerais como os de um estranho, deles falando como de uma coisa que não lhe dissesse respeito, até o momento de compreender a verdade.

A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem; é calma e em tudo semelhante à que acompanha um despertar tranqüilo. 

Para aquele cuja consciência não está pura, é cheia de ansiedades e angústias.

Nos casos de morte coletiva, observou-se que todos os que pereceram ao mesmo tempo nem sempre se revêem imediatamente. 

Na perturbação que se segue à morte, cada um vai para o seu lado ou só se preocupa com aqueles que lhe interessam.

Fonte: Livro dos Espíritos


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