segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Razões da Vida


Razões da Vida

Indagas, muita vez, alma querida e boa:-
–“Meu Deus, por que essa dor que me atormentar o ser?” 

E segues, trilha afora, em pranto oculto, 
De sonho encarcerado, a lutar e a sofrer. 

Anhelas outro clima, outro lar e outros rumos, 
Entretanto, o dever te algema o coração dorido 
Ao campo de trabalho que abraçaste, 
Atendendo, na Terra, a divino sentido. 

Antes de renascer, os seres responsáveis 
Notam as próprias dívidas quais são 
E suplicam a Deus lhes conceda no mundo 
O caminho que os leve à redenção. 

Não recalcitres, pois, contra os próprios encargos 
Que te pareceu fardos de problemas, 
Encontras-te no encalço da conquista 
De bênçãos imortais e alegrias supremas. 

A lágrima que vertes padecendo 
Longas tribulações, entre lutas e crises, 
É um remédio da vida, em nossos olhos, 
Que nos faculte ver os irmãos infelizes. 

O abandono dos seres que mais amas, 
Criando-te a aflição em que choras e anseias, 
É um curso de lições em que aprendemos 
Quanto custam na estrada as angústias alheias. 

Familiares que te contrariam 
Trazem-nos à lembrança os gestos rudes 
Com que outrora ferimos entes caros 
No fel de nossas próprias atitudes. 

Afeição de outras eras que descubras, 
Querendo-lhe debalde a presença e a união, 
E instrumento de amor que te inspira a renúncia 
Para o trabalho da sublimação. 

A experiência humana é breve aprendizado 
E essa tribulação que te fere e domina 
É recurso dos Céus, em nosso amparo, 
Zelo, defesa e luz da Bondade Divina. 

Sofre sem reclamar a prova que te coube, 
Mesmo que a dor te espanque, atingindo apogeus... 
E, um dia, exclamarás, ante os sóis de outra vida:- 
– “Bendita seja a Terra!... Obrigado, meu Deus!...” 


Livro:- A Vida Conta 
Maria Dolores
 Francisco Cândido Xavier

Nenhum comentário:

Postar um comentário