Autodoação
Aprende a doar-te, se desejas atingir a prática legítima do Evangelho.
Pregador que se
alça à tribuna dourada, derramando conceitos brilhantes, mas não se
gasta nos labores que propõe é apenas máquina de falar, inconsciente e
inconsequente.
O verdadeiro aprendiz da Boa Nova está sempre a postos.
Se convidado a dar
algo, abre a bolsa humilde e, recordando-se da parábola da viúva pobre,
oferta o seu óbolo sem constrangimento.
Se chamado a dar-se, empenha-se
no trabalho, gastando-se em amor, consumindo as energias, recordando o
Mestre na carpintaria nobre.
Há muita gente nas
fileiras do Cristianismo que ensina com facilidade, utilizando linguagem
escorreita, falando ou escrevendo, mas logo que é convocada a dar ou
doar-se recua apressadamente ferida no amor próprio.
Prefere as posições
superiores de mando, distante das honrosas situações do serviço.
Pode
ser comparada a parasitas em alta posição na árvore de que se nutrem,
inúteis.
Em comezinhos exemplos, encontrarás, no quotidiano, o ajudar gastando-se.
A pedra que afia a lâmina consome-se no mister.
A grafite que escreve, desaparece enquanto registra.
O sabão que higieniza, dissolve-se, atendendo ao objetivo.
Em razão disso, não receies sofrer nas tarefas a que te propões.
São os maus que de ti necessitam, Os enfermos te aguardam e os infelizes confiam em ti.
Pede a ti mesmo
algo por eles e, embora o teu verbo não tenha calor nem a tua pena seja
portadora da fraseologia retumbante, haverá sempre muita beleza em teus
atos e muita bondade em teus gestos quando dirigidos àqueles para quem,
afinal, a Boa Nova está no mundo, recordando que Jesus, após cada
pregação sublime, dava-se a si mesmo para a felicidade geral.
A estes oferecia a palavra de Alento e Paz.
Àqueles ministrava, compassivo, lições de vida e gestos de amor.
A uns abria os
olhos fechados ou os ouvidos moucos.
A outros lavava as mazelas em forma
de pústulas ou recuperava a paz, afastando os Espíritos infelizes.
E a todos se doava,
sem cessar, cantando a Boa Nova e vivendo-a entre os sofredores até a
Cruz, que transformou em ponto de luz na direção da Vida imperecível.
Obra:- Espírito e vida
Ed. Leal
Joanna de Ângelis
Divaldo Pereira Franco
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