Nunca fui de muitos amigos.
É verdade que conheço muitas pessoas, mas amigo mesmo…
Nunca fui de tê-los.
O problema pode estar em mim.
Talvez, porque amigos de bar, de balada, somente, nunca quis.
Sempre
acreditei na constância dos sentimentos verdadeiros, como uma amizade
sincera.
Então, de que adiantaria ter amigos apenas enquanto estivesse
bem, com grana no bolso, participando de alguma festa, etc?
Talvez pelo fato de não viver lembrando o quanto gosto de alguém,
pelo fato de não adubar muito bem minhas amizades. Sou de gostar e
pronto.
Não!
Não pensem que acho isso certo, mas sou do jeito que sou.
Além do mais, ninguém é perfeito e a vida é assim.
Também não pensem que
aceito isso.
Claro que tento mudar, melhorar meu modo de ser.
Tento
manter mais contato, tento mandar e-mail, um telefonema de vez em
quando…
Estou aprendendo e melhorando, mas não é do dia para a noite que
se muda algo arraigado há anos…
Talvez nunca tenha sido de muitos amigos por ser deveras reservado.
Minhas coisas, quanto aos sentimentos, sempre foram muito minhas,
guardadas a sete chaves, o recôndito de minha alma quase que
inatingível.
As pessoas confiam em mim, contam seus mais protegidos
segredos, mas eu nunca fui disso.
Sou muito falante, é certo, mas não no
tocante a meus sentimentos.
Abrir-me é tarefa das mais difíceis.
Nunca
tive satisfação pelo contar.
Somente pelo saber.
Contar não.
Talvez por
isso a credibilidade e confiança que têm em mim…
Mas eu não sou de me
abrir, não mesmo.
Bem…
O fato é que nunca fui de muitos amigos.
Tudo bem que sou bem
quisto por muitos.
Sou uma pessoa simpática, extrovertida, sem
frescuras, super alegre, sei estar em todos os lugares e com todo tipo
de pessoas…
Tudo bem…
Eu sei…
Mas amigo…
Será que tive algum dia na
vida?
Acho que não.
E o pior é que continuo achando que nunca terei.
Vários dos meus supostos amigos dizem:-
- “Isso é coisa de sua cabeça.
Claro que você tem amigos.
Eu, por exemplo.”
É… Talvez seja coisa de
minha cabeça.
Talvez sim, talvez não.
A verdade é que nunca um tema me remeteu tanto à frase “Só sei que
nada sei”, de Sócrates, quanto a amizade.
Se me perguntarem se tenho
amigos, apenas direi:-
- não sei.
Entretanto, sei muito bem as pessoas que
considero como amigas, as pessoas pelas quais tenho amizade, as que
quero muito bem.
Haja o que houver sempre estarei ao lado delas quando
precisarem ou não, porque sou para sempre, para todas as horas, boas e
ruins.
Isso eu sei.
Mas se tenho amigos, sinceramente não sei.
E talvez
nunca saiba…
Ah, esse “talvez”.
Desde que ouvi o Veríssimo dizer que “pior que a
convicção do não é a incerteza de um talvez”, prometi que não viveria
mais a pensar sobre esse talvez.
Mas como livrar-me dele?
A incerteza
faz parte da vida.
Afinal, como saber de tudo?
Como ter todas as
respostas?
Simplesmente não sou dono de todas as coisas, nem tenho
resposta para todas as minhas dúvidas.
Então, para não enlouquecer com
elas, o melhor é seguir em frente, continuar caminhando.
Assim, algumas
dúvidas desaparecem, outras não, mais dúvidas surgem, etc.
Desta forma é
a vida.
Então, se tenho amigos, não sei, e acho que nunca saberei.
De
qualquer forma, continuarei fazendo o melhor que posso pelos que quero
bem.
Quem sabe muitos sejam meus amigos e eu nem saiba.
É…
Quem sabe…
Cirilo Veloso Moraes.
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