sábado, 23 de junho de 2012

Voltei a Viver - Psicografia de Marcinha

"Voltei a Viver"


"Foram 3 anos presa a um corpo deteriorado, o tumor no cérebro, inoperável, me deixava cada dia mais fraca, me impedindo de fazer as coisas simples que me faziam feliz.
Através da vidraça do quarto de hospital, onde passei o último ano de minha vida encarnada, via as pessoas indo e vindo e sentia uma pontinha de inveja daquela liberdade, que só agora eu dava o devido valor, é engraçado e triste ao mesmo tempo.
Quando temos um corpo saudável não nos lembramos da importância que isso tem, importância fundamental, ao contrário, ficamos procurando coisinhas para implicar, exigências bobas, futilidades que não fazem o menor sentido quando não temos saúde.

Foram 3 anos muito difíceis, no início não queríamos aceitar o diagnóstico, após infinitos exames, muitos deles bastante dolorosos, após visitar inúmeros especialistas, a realidade caiu como uma bomba atônica em nossa família.
Papai Pedro, meu irmão João Afonso e minha mãe Emília, ficaram destruídos. 
Embora chorassem muito sem que eu visse, em minha frente mostravam força e diziam:-
- Não acabou, vamos vencer!
Era uma esperança que todos tínhamos.
Eu estava com 18 anos, iria iniciar faculdade de advocacia, que era meu sonho.
Tudo parou, minha vida ficou cinza, o sonho da faculdade deu lugar ao pesadelo do câncer e ao diagnóstico frio e sombrio de que eu tinha no máximo 2 anos de vida.
Os remédios eram todos muito caros, papai se desfez dos bens para pagar o tratamento.
Mamãe se mantinha firme ao meu lado.
Voltei a ser um bebê e minha mãe me alimentava com sopinhas na boca, me dava banho, escolhia meu pijama e cantava para eu dormir.
Eu sentia muitas dores, tontura o tempo inteiro e enjôos terriveis. 

Eu nunca havia me lembrado de Deus, como a maioria dos jovens, achava que era imortal, achava que eu me bastava, além do mais minha vida era só festa, farra com amigos, balada, compras e muitas outras ilusões que alimentavam meu ego "anti-Deus".
Minha mãe tentava falar de Deus para mim, mas eu sempre brigava com ela por causa disso, com o tempo, para evitar essas brigas, minha mãe não tocou mais no assunto comigo.
Naquele dia, naquela cama, sentindo a vida escapar do meu corpo, o filme da minha vida passava.
Recordei com lágrimas nos olhos as vezes que eu maltratei meus pais.
Certa vez chamei meu pai de velho covarde, disse-lhe coisas que hoje sei, doeram-lhe a alma.
Eu no meu egoísmo, querendo sair para uma balada que ficava em outra cidade, meu pai me proibiu, não percebi que meu pai estava apenas zelando por mim, já que eu pegaria carona com um certo amigo que costumava abusar da bebida.
Fiquei uma semana sem dirigir a palavra a meu pai.
Ah pai!!!
Como me arrependo!!!
Me perdoe meu pai!!!
Meu amigo!!!

Já fazia 1 ano que eu estava naquela cama.
As amigas de balada, como dizem as adolescentes, 'minhas best friendes', sumiram, as visitas foram ficando escassas, os telefonemas eram cada vez mais breves...
Eu fui ficando só, me sentia mais triste ainda. 
Eu estava esquálida, feia, pálida, olhos fundos...
Era uma sombra, um nada! 
E aquela indiferença de minhas amigas me deixava mais triste, tornando meus dias longos e amargos.
Nesse dia de imensa dor, me sentindo rejeitada, chamei minha mãe e pedi que ela me falasse sobre Deus, pedi a ela que rezasse.
Minha mãe, chorando, se ajoelhou o lado da cama e começou a rezar, era uma linda prece, pela primeira vez, no meio daquele tormento eu chorei, chorei tão alto que meu irmão entrou correndo no quarto seguido por meu pai, eles correram até mim e nós nos abraçamos...   

Ficamos assim por muito tempo, nós quatro, eu e meus únicos amigos no mundo, papai, mamãe, meu irmão...
Teve uma hora em que eu adormeci, dessa vez foi um sono calmo, eu não sentia dor, nem cansaço, sentia apenas paz e uma certa ansiedade, foi quando vi vovó Nica, que havia falescido quando eu era pequena.
Ela estava me estendendo os braços.
Eu não me assustei, fiquei surpresa e muito feliz.
Ela me levou para um lugar maravilhoso, tinha portões enormes, jardins imensos...
Havia muitos jovens...
Eu fui abraçada por um grupo de meninas que apreciam muito felizes em me ver.
Era tudo tão real e eu me sentia tão saudável que chorei para não voltar.
Me lembro que vovó me disse:-
- "MARCINHA, LOGO VOCÊ VOLTARÁ PARA CÁ.
VEJA, AQUI ESTÁ DEUS, EM TUDO QUE VOCÊ VÊ!"
Foi quando um ser que tinha grandes asas me pegou no colo e voamos.
Acordei e tive a certeza de que eu estaria bem.
Agora eu sabia que Deus não estava me punindo e que eu precisava dele e sabia que ele estava comigo.
No dia seguinte minha condição se complicou eu tive que ser internada, agora não mais sairia do hospital, estava tranquila, a fé me deixava calma e me dava certezas.
Desencarnei durante o sono, meus pais e meu irmão estavam comigo.
Vovó veio me buscar e eu desencarnei com um sorriso no rosto.
Já se passaram 3 anos.
Aqui voltei a viver, estudo, tenho amigos e vovó que acompanha meu progresso.
A doença me fez abrir os olhos para as coisas espirituais, valorizar a vida e a família.
Estive algumas vezes em casa, eles estão reconstruindo a vida, o que me deixa muito feliz, no canto da sala tem um vaso com margaridas, uma vela e minha foto, o restante das coisas que deixei, mamãe doou.
Minha família se uniu muito depois de tudo, essa união e amor torna a casa um lar repleto de energias benéficas, onde espíritos de luz fazem visitas cada vez que mamãe reza.
A casa é agradável e uma brisa leve e perfumada invade todos os cômodos.
É devido ao equilíbrio e maturidade espiritual deles que sempre obtenho permissão e posso visitá-los.
Obrigada por isso também meus amores! 
Obrigada meu Deus, por todas as dádivas, pelas pérolas que recebi de ti sem mesmo ter méritos.

"Obrigada mamãe, papai e João, meus exemplos de vida, meus amigos..."

Marcinha

PSICOGRAFIA RECEBIDA NA REUNIÃO DO NOSSO GRUPO ITENERANTE ANJOS MENSAGEIROS.

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