domingo, 3 de junho de 2012

O Tempo


"O Tempo"



Todas as criaturas gozam o tempo – raras aproveitam-no.

Corre a oportunidade – espalhando bênçãos.

Arrasta-se o homem – estragando as dádivas recebidas.

Cada dia é um país – de vinte e quatro províncias.

Cada hora é uma província – de sessenta unidades.

O homem, contudo, é o semeador – que não despertou ainda.

Distraído cultivador, pergunta:-
 – que farei?

E o tempo silencioso responde, com ensejos benditos:-
- De servir – ganhando autoridade.
- De obedecer – conquistando o mundo.
- De lutar – escalando os céus.

O homem, todavia, – voluntariamente cego.

Roga sempre mais tempo – para zombar da vida,

Porque se obedece – revolta-se orgulhoso,

Se sofre – injuria e blasfema,

Se chamado a conta – lavra reclamações descabidas.

Cientistas – fogem da verdadeira ciência.

Filósofos – ausentam-se dos próprios ensinos.

Religiosos – negam a religião.

Administradores – retiram-se da responsabilidade.

Médicos – subtraem-se à medicina.

Literatos – furtam-se à divina verdade.


Estadistas – centralizam a dominação.

Servidores do povo – buscam interesses privados.

Lavradores – abandonam a terra.

Trabalhadores – escapam do serviço.

Gozadores temporários – entronizam ilusões.

Ao invés de suar no trabalho – apanham borboletas da fantasia.

Desfrutam a existência – assassinando-a em si próprios.

Possuem os bens da Terra – acabando possuídos.

Reclamam liberdade – submetendo-se à escravidão.

Mas chega, um dia – porque há sempre um dia mais claro que os outros, em que a morte surge – reclamando trapos velhos…

O tempo recolhe, então, apressado – as oportunidades que pareciam sem fim…

E o homem reconhece – tardiamente preocupado,

Que a Eternidade infinita – pede contas do minuto…


                                        ANDRÉ LUIZ
                               Do livro “Coletânea do Além”, 
                                   Francisco C. Xavier 
                                     Autores Diversos

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