domingo, 18 de janeiro de 2015

Lenda da Rosa Encantanda




Lenda da Rosa encantada
 
Toda a riqueza e o conforto de que dispunha não faziam daquela jovem princesa uma pessoa plenamente feliz. 

Faltava-lhe algo!

Havia um imenso e angustiante vazio em sua vida.

Aflita, a herdeira do trono mandou chamar um ancião, conhecido por sua sapiência. 

Confessou-lhe a sua inquietação e rogou-lhe ajuda.

O velho sábio, afagando os cabelos da jovem, sorriu e lhe falou:-
- Está bem, Alteza, daqui a três luas nascerá no jardim, ao amanhecer, a mais bela flor que os seus verdes olhos já viram...

Será uma rosa encantada que trará em si a beleza, o perfume e o encantamento que lhe darão a alegria de que sentis tanta falta.

A jovem sorriu, agradecida.

Mas o velho advertiu:-
- Tende cuidado! 

A flor é sua e cabe-lhe o dever de cuidar dela... 

Caso contrário, perder-se-á a flor... 

Perder-se-á o encanto!

A jovem aguardava, ansiosa, o momento de conhecer a flor encantada...

Todos os dias ela ia até o jardim, para ver se já não teria nascido a sua rosa... 

Entretanto, encontrava apenas as flores comuns.

Mas, na data prevista, aos primeiros raios do amanhecer, fez-se um burburinho no jardim, bem sob a janela da jovem princesa.

Ela, irritada, levantou-se e foi à sacada para pedir silêncio.

Mas, ao abrir a janela, viu, em meio à grama, o motivo do falatório:-
- Uma flor como jamais houvera antes naquelas paisagens!

Era realmente uma flor sem igual! 

Não se assemelhava às outras, em nada:-
- Nem no tamanho, nem na cor, nem no aveludado de suas pétalas, nem em seu perfume...

A jovem vestiu-se às pressas e desceu as escadarias a passos rápidos.

Atirou-se de joelhos na grama, maravilhada com a beleza da flor... 

Beijou-lhe as pétalas suavemente, inalou seu perfume inefável.

Ordenou ao jardineiro que lhe desse tratamento especial:-
- O melhor adubo, a água mais fresca.

Quase todo o reino foi chamado a conhecer a flor encantada, desde os súditos até Sua Majestade, o grande rei. 

Todos queriam ver a rosa de que se falavam tão grandes coisas.

Por isso, a jovem mandou chamar a guarda, para que houvesse sempre um soldado ao lado da flor, evitando que alguém a maltratasse ou roubasse.

Mesmo assim, muitos curiosos se amontoavam em torno da flor, observando-a, inalando o seu perfume, apreciando a sua beleza.

Um dia, aborrecida com tantos visitantes, a princesa dispensou o soldado e aguardou o anoitecer.

Quando a noite estendeu seu manto negro por sobre o castelo, ela voltou ao jardim e arrancou dali a sua rosa encantada.

Levou-a para seu quarto e plantou-a num vaso de ouro cravado de gemas de valor, trabalhado pelo mais competente ourives de todo o reino.

Enfim - pensou a princesa, sorrindo - agora a rosa é só minha! 

E passou toda a madrugada acarinhando a flor.

Não recebia criados, amigos, nem mesmo seus pais...

Estava feliz! Finalmente, a rosa era sua!

Todavia, logo ao cair da tarde daquele dia a flor começou a apresentar mudanças... 

Seu perfume alterou-se. 

Sua cor escureceu. 

Suas pétalas enrugaram.

Todas as tentativas para reavivá-la foram em vão. 

Na manhã seguinte, a rosa estava morta!

Infeliz, a jovem princesa chorou, tardiamente arrependida. 

* * * * *

Diante da flor amada, fonte de alegrias de nossas vidas, o ciúme é sempre mau companheiro.

Encantamo-nos com sua beleza, com seu perfume, com seu sorriso, com seu olhar, mas tentamos policiar-lhe os gestos, os pensamentos, as atenções.

A beleza das nuvens, o encanto das borboletas, a perfeição da águia, a graça das estrelas, a formosura das ondas, devem-se à sua liberdade.

Podemos capturar o pássaro, mas não a alegria do voo. 

Podemos armazenar a água, jamais as ondas!

A borboleta, aprisionada, morre!

Aquele que ama o sorriso não exige semblante fechado.

Vale sempre lembrar a máxima:-
- Quem ama, liberta!

Redação do Momento Espírita,
à partir de adaptação do texto "Lenda da rosa encantada",
de autoria de Fábio Azamor

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