quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Amor e Justiça


Amor e Justiça

Houve, séculos atrás, uma tribo cujo chefe era tido como superior aos de todas as demais.
 
Naquela época, a superioridade era medida pela força física. 
 
A tribo mais poderosa era a que tinha o chefe mais forte.
 
Mas esse chefe não tinha somente força física. 
 
Era também conhecido por sua sabedoria.
 
Desejando que o povo vivesse em segurança, criou leis abrangendo todos os aspectos da vida tribal.
 
Eram leis severas que ele, como juiz imparcial, fazia cumprir com rigor.
 
Certa feita, pequenos furtos começaram a acontecer.
 
Ele reuniu o povo e, com tristeza no olhar, frisou que as leis tinham sido feitas para os proteger, para os ajudar. 
 
Como todos tinham o de que necessitavam para viver, não havia necessidade de furtos. 
 
Assim, estabeleceu que o responsável teria o castigo habitual aumentado de dez para vinte chibatadas.
 
Os furtos, entretanto, continuaram. 
 
Ele voltou a reunir o grupo e aumentou o castigo para trinta chibatadas.
 
Os furtos não cessaram.
 
Por favor, pediu o chefe. 
 
Estou suplicando. 
 
Para o bem de todos, os furtos precisam parar. 
 
Eles estão causando sofrimento entre nós.
 
E aumentou o castigo para quarenta chibatadas.
 
Naquele dia, os que estavam próximos dele, viram que uma lágrima escorreu pela sua face, quando dispersou o grupo.
 
Finalmente, um homem veio dizer que tinha identificado o autor dos furtos. 
 
A notícia se espalhou e todos se reuniram para ver quem era.
 
Um murmúrio de espanto percorreu a pequena multidão, quando a pessoa foi trazida por dois guardas. 
 
A face do chefe empalideceu de susto e sofrimento.
 
Era sua mãe. 
 
Uma senhora idosa e frágil.
 
E agora? 
 
 O povo começou a questionar se ele seria, ainda assim, imparcial. 
 
Será que faria cumprir a lei? 
 
Seria o amor por sua mãe capaz de o impedir de cumprir o que ele mesmo estabelecera?
 
Notava-se a luta íntima dele que, por fim, falou:-
- Meu amado povo. 
 
Faço isso pela nossa segurança e pela nossa paz. 
 
As quarenta chibatadas devem ser aplicadas, porque o sofrimento que esse delito nos causou foi grande demais.
 
Acenou com a cabeça e os guardas fizeram sua mãe dar um passo à frente.
 
     Um deles retirou o manto dela, deixando à mostra as costas ossudas e arqueadas. 
 
O carrasco, armado de chicote, se aproximou e começou a desenrolar o seu instrumento de punição.
 
Nesse momento, o chefe retirou o próprio manto e todos puderam ver seus ombros largos, bronzeados e firmes.
 
Com muito carinho, passou os braços ao redor de sua querida mãe, protegendo-a, por inteiro, com o próprio corpo.
 
Encostou o seu rosto ao dela e misturou as suas com as lágrimas dela. 
 
Murmurou-lhe algo ao ouvido e então, fez um sinal afirmativo para o encarregado.
 
O homem se aproximou e desferiu, nos ombros fortes e vigorosos uma chibatada após outra, até completar exatamente quarenta.
 
Foi um momento inesquecível para toda a tribo que aprendeu, naquele dia, como se podem harmonizar com perfeição, o amor e a justiça.
 
                                         *   *   *
O amor é vida, e a compaixão manifesta-lhe a grandeza e o significado.
 
O amor tudo pode e tudo vence, encontrando soluções para as situações mais difíceis e controvertidas.
 
Enfim, o amor existe com a finalidade exclusiva de tornar feliz aquele que o cultiva, enriquecendo aqueloutro a quem se dirige.
 
Redação do Momento Espírita
 

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