O Divórcio
O divórcio é lei
humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está
separado.
Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que
os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em
conta a lei divina.
Se fosse contrario a essa lei, a própria Igreja
seria obrigada a considerar prevaricadores aqueles de seus chefes que,
por autoridade própria e em nome da religião, hão imposto o divórcio em
mais de uma ocasião.
E dupla seria aí a prevaricação, porque, nesses
casos, o divórcio há objetivado unicamente interesses materiais e não a
satisfação da lei de amor.
Mas,
nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento.
Não disse ele:-
- “Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés
permitiu despedísseis vossas mulheres?”
Isso significa que, já ao tempo
de Moisés, não sendo a afeição mútua a única determinante do casamento, a
separação podia tornar-se necessária.
Acrescenta, porém:-
- “No princípio,
não foi assim”, isto é, na origem da Humanidade, quando os homens ainda
não estavam pervertidos pelo egoísmo e pelo orgulho e viviam segundo a
lei de Deus, as uniões, derivando da simpatia, e não da vaidade ou da
ambição, nenhum ensejo davam ao repúdio.
Vai
mais longe:-
- Especifica o caso em que pode dar-se o repúdio, o de
adultério.
Ora, não existe adultério onde reina sincera afeição
recíproca.
É verdade que ele proíbe ao homem desposar a mulher
repudiada; mas, cumpre se tenham em vista os costumes e o caráter dos
homens daquela época.
A lei mosaica, nesse caso, prescrevia a lapidação.
Querendo abolir um uso bárbaro, precisou de uma penalidade que o
substituísse e a encontrou no opróbrio que adviria da proibição de um
segundo casamento.
Era, de certo modo, uma lei civil substituída por
outra lei civil, mas que, como todas as leis dessa natureza, tinha de
passar pela prova do tempo.
O Evangelho segundo o Espiritismo
Cap. XXII
Item 5
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