sábado, 15 de fevereiro de 2014

Alerta aos encarnados – ação dos obsessores


 

Juvenal e Gabriel, obsessores experientes, transmitem um pouco do seu conhecimento para o novato Aleijado, que iniciava-se na “arte” de obsediar…

- A noite é uma fabriquinha de horrores – exprimiu-se Juvenal, irônico, no que foi acompanhado pela risada divertida de Gabriel, demonstrando ansiedade para perguntar como é que funcionava aquele processo de interferência no mundo dos “caveiras vestidas”, como costumavam referir-se aos seres encarnados.

- Ora, Aleijado, vai tranquilo que hoje você vai receber uma aula do Chefe, para aprender como é que as coisas acontecem no mundo dos mortos vivos, aqueles que pensam que estão vivos, mas estão mais mortos do que nós, os verdadeiramente vivos.

- Credo, que confusão, Juva, morto com vivo, não entendi nada.
- Ora, como não? 

Quem está vivo é quem manda e quem está morto é quem obedece. 

Nós colocamos as coisas na mente dos imbecis e eles obedecem, achando que são donos da verdade e das próprias vontades. 

Quer coisa mais de morto do que isso? 

São uns bonecões sacolejando seus esqueletos por aí, bancando os importantes, os bacanas, escondendo-se atrás de copos e maços de cigarro, drogas e prazeres, dos quais somos nós os que mais gozamos, sugando tudo aquilo que eles nos oferecem.  

Se você perceber bem, eles são como vaquinhas que nos dão o leite de cada dia sem que precisemos pagar nada por ele.

Basta achar o cara certo e dizer-lhe o que deseja escutar que, a partir daí, fica fácil que nos sirva até o esgotamento. 

Quem é que está morto e quem é que está vivo?

Olhando o amigo que se divertia com os conceitos que manipulava para seu entendimento, Gabriel sorriu meio encantado e falou, desconjuntado:-
- É mesmo, Juva, pensando desse jeito, até que a gente é mais esperto do que eles, né?

- Claro, seu bobão… é por isso que nós temos que atacá-los e afastá-los de tudo o que possa abrir seus olhos para a sua condição real, porque cada um que nos abandona, deixa de nos servir como fonte de alimentos. 

Assim, temos que prejudicar todas as pessoas que se dedicam a esse negócio de falar com os defuntos, perturbando suas vidas, atrapalhando seus negócios, fazendo tudo para que se desequilibrem e desistam de seguir com essa coisa de esclarecimento, de aprendizado, de reforma íntima.

- É isso mesmo – concordava Gabriel, para agradar o amigo que estava se exaltando.

- Se esse negócio de passeata e manifestação funcionasse por aqui, sairia com uma faixa escrita:-
- “MATEMOS OS MÉDIUNS”, 
- “FOGO NOS CENTROS ESPÍRITAS”, 
- “MORTE AOS FALSOS CORDEIROS”, 
para fazermos um movimento que nos defenda o direito de nos alimentarmos dos vivos que nos querem servir por gosto próprio.

Imagine, Aleijado, o que seria de nós se todas as pessoas parassem de beber, de fumar, de usar drogas, de roubar, de abusar do sexo, onde é que nós ficaríamos, como nos sentiríamos se as nossas vaquinhas abandonassem os nossos currais e fossem embora? 

E o nosso leite, nosso queijo, nosso filé mignon, nossos prazeres, onde ficariam? 

Esse movimento de esclarecimento das consciências é um verdadeiro atentado aos nossos mais sagrados interesses pessoais e não podemos permitir que isso avance sem fazer algo para parar com essas loucuras. 

Se acreditam no Bem e nesse negócio de Jesus, que escolham um outro mundo, desses que estão pendurados por aí, e que se mudem para lá, deixando para nós este, que já nos pertence há muito tempo. 

Vão fingir bondade em outro lugar.



Livro:- Despedindo-se da Terra
Cap. 16
Espírito Lúcius
 André Luiz Ruiz

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