O Dilema da Verdade
Apólogo*
Data de tempos imemoriais que a
Verdade, cansada de tanto ver os homens sofrerem por ignorância,
decidiu vir pessoalmente à Terra avaliar a situação.
Encontrou a
humanidade engolfada em inúmeras contendas:-
- Guerras por supremacia
econômica e conquista territorial.
Intermináveis querelas religiosas
engessando a fé.
Governos tirânicos.
Injustiças, costumes perversos,
fome, pobreza avassaladora, doenças, enfim, toda sorte de desequilíbrios
morais e sociais, resultantes da mais crassa ignorância espiritual.
Voltou entristecida ao seu
centro de atividade nos cumes celestiais e, convencida que se deveria
falar claramente aos homens sobre o seu destino, resolveu pedir ao
Criador permissão para encarnar na Terra e trazer a mensagem de forma
direta.
Atencioso, o Senhor do Mundo,
lembrou à Verdade que a obra de disseminação das claridades celestes era
uma tarefa do governo colegiado do planeta e convocou o Conselho para
ouvir a sua tese.
Expôs a Verdade para o Conselho os seus objetivos,
tendo ouvido algumas discordâncias, mas, como estava impregnada de boa
fé e de alta resolução, o seu pedido foi aprovado.
Até então, havia se limitado a
inspirar os seus mensageiros.
Porém, agora realizaria ela mesma a sua
obra.
Desceu então confiante e, materializada, começou a pregar em todos
os lugares entre os povos mais adiantados.
Depois, estes cuidariam de
guiar os restantes.
Este era o seu plano.
Não demorou, entretanto, a
observar que os homens pouco lhe davam atenção e em muitas ocasiões
inclusive zombavam dela.
Resolveu, então, intensificar o seu discurso a
fim de torná-lo mais realista e disse aos homens que eles eram muito
endurecidos de espírito e impuros de coração.
E que o reino dos céus era
dos humildes e dos que procuravam seguir a verdade.
Foi o bastante para que
começasse a sofrer perseguição e assacassem contra ela as mais
implacáveis injúrias, acusando-a, entre outras coisas, de impostora,
herética e subversiva.
Exausta e frustrada, desistiu procurar o Criador
em busca de orientação.
Estava assim a lamentar-se quando um antigo e
experiente Arcanjo, há muito tempo lidando com os seres humanos sob
diversas condições, pediu licença para dela se aproximar e segredou-lhe
com humildade:-
- Irmã Verdade, os homens não
gostam de ouvir falar de seus defeitos.
Preferem a companhia do Egoismo e
do Orgulho, que os mantêm iludidos, do que ver a sua própria luz.
Por
que a senhora não se disfarça de parábola?!
Diz-se nos anais do Firmamento
que, a partir daquele dia, toda vez que a Verdade vem à Terra, por
precaução procura servir-se de símbolos, metáforas, apólogos e
parábolas, a fim de falar aos homens com segurança.
Estes continuam a
não lhe prestar atenção, mas, por outro lado, também deixaram-na de
perseguir.
Satisfeita, observou a Verdade que os que tinham 'olhos de ver e ouvidos de ouvir' não só a compreendiam como a amavam.
E concluiu que tudo tem a sua hora de ser!
* Apólogo:- É uma
narrativa que busca ilustrar lições de sabedoria ou ética, através do
uso de personalidades de índole diversa, imaginárias ou reais, com
personagens inanimados.
Bem parecido com a fábula em sua estrutura, o Apólogo é um tipo de narrativa que personifica os seres inanimados, transformando-os em personagens da história.
Exemplo do uso da palavra Apólogo:
Há um Apólogo na Bíblia, chamado de Apólogo de Jotão. Encontra-se em Juízes 9.7-21.
Fonte:-
- http://www.dicionarioinformal.com.b/significado/ap%C3%B3logo/4975/
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