sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Aprendendo a desprender-se


 Aprendendo a desprender-se

Bonnie foi internada duas semanas antes do Natal, para uma cirurgia e estava muito preocupada. 

Além dos quatro filhos para cuidar, ela pensava nas compras, presentes e enfeites a providenciar.

Quando abriu os olhos, após a cirurgia, olhou ao redor e viu algo semelhante a uma floricultura.

Buquês de flores se enfileiravam sobre o parapeito da janela. 


Cartões se empilhavam sobre a mesinha de cabeceira.

O marido lhe disse que os Amigos haviam preparado refeições para a família e se ofereceram para cuidar das quatro crianças.

Mais flores, disse a enfermeira, entrando no quarto e interrompendo os pensamentos da convalescente.

Acho que vamos ter de mandar a senhora para casa, disse sorridente. 


Não temos mais espaço aqui.

Enquanto Bonnie lia os cartões, ouviu alguém dizer:-

- Gostei das flores.

Era a companheira de quarto. 


Uma mulher de mais ou menos quarenta anos, portadora de Síndrome de Down.

Ginger gostava de falar e não se cansava de dizer que estava ali para que o doutor desse um jeito no seu pé. 


Contou que morava em companhia de outras pessoas e desejava voltar a tempo para poder participar da festa de Natal.

Enquanto Ginger foi para a cirurgia, Bonnie ficou olhando o quarto. 


O seu lado estava florido. 

O outro lado, nada. 

Nenhum cartão, nenhuma flor.

Vou oferecer a ela algumas de minhas flores, pensou.

Foi até a janela e escolheu um arranjo de flores vermelhas. 


Mas, recordou que o arranjo ficaria muito bonito em sua mesa de Natal.

E continuou encontrando desculpas:-

- As flores estão começando a murchar... 

A amiga que ofereceu ficaria ofendida... 

Poderia enfeitar a casa com aquele arranjo...

Resultado:-

- Ela não conseguiu se desfazer de nenhuma. 

Voltou para a cama e pensou que, no dia seguinte, quando a loja abrisse, iria pedir para que entregassem algumas flores à companheira.

Ginger voltou da cirurgia e uma funcionária do hospital lhe trouxe uma guirlanda verde de Natal, com um enfeite vermelho, colocando-a pendurada acima da sua cama.

No dia seguinte, a enfermeira retornou para dizer a Ginger que ela iria para casa.

Ela ficou feliz. 


Arrumou os seus pertences enquanto Bonnie se entristeceu. 

A floricultura do hospital só iria abrir dali a duas horas.

Será que ela deveria oferecer uma das suas flores?

Ginger se sentou na cadeira de rodas para ser conduzida pela enfermeira. 


Mas, apanhou a guirlanda verde, aproximou-se de Bonnie e, levantando-se com certa dificuldade, a abraçou, deixando o enfeite em seu colo.

Bonnie não conseguiu dizer nada. 


Segurou a pequena guirlanda nas mãos, com os olhos úmidos. 

O único presente de Ginger e ela o tinha oferecido.

Então ela entendeu que Ginger possuía muito mais coisas do que ela mesma.

Há muita gente escravizada ao que não tem e muita alma livre do que possui.

Verifique onde você se enquadra e busque se transformar em anjo da ação bem dirigida, convertendo o que lhe chegue às mãos em bênçãos e alegrias mantenedoras da vida.

Redação do Momento Espírita

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