domingo, 6 de abril de 2014

A Vontade de Deus


A Vontade de Deus



A chuva caiu forte. 

Todo o povoado comentava que era vontade de Deus.

E, como de outras vezes já ocorrera, o enorme tronco de uma figueira se atravessou na estrada, despencando do morro, e deixou totalmente isolada aquela comunidade.

Pedras se deslocaram, rolando morro abaixo. 

A enxurrada varria as ruas, com violência.

Enquanto cada um lamentava e entrava em sua casa para racionar a comida para os próximos dias, o menino da casa de flores amarelas saiu em disparada para o meio do mato.

Não lhe importava a chuva que continuava caindo, embora menos intensa. 

Habitualmente, era ali, debaixo da copa das árvores, que ele dialogava com seu anjo, da mesma forma que o fazia, à noite, em suas orações, antes de dormir.

Meio sem jeito, Pedro perguntou o motivo daquela chuva, daquele tronco, tudo de novo, como de outras vezes passadas. 

Seus pais estavam cansados daquilo, seus amigos também.

Mas o anjo confirmou:-
- Foi Deus mesmo quem mandou a chuva.

Aquilo incomodou o garoto. 

Ele saiu dali e foi em direção ao tronco. 

Atirou-se na lama e se pôs a empurrar a enorme figueira tombada.

Os mais velhos esbravejavam, cada um em sua porta. 

E diziam da inutilidade daquilo. 

O anjo ficou à frente do seu pupilo e o incentivou:-
- Você consegue. 
- Não pare. 
- Continue.

Com os braços tremendo e as mãos arranhadas, alguns minutos depois, Pedro olhou para o lado. 

Todas as crianças da vila haviam se juntado a ele e empurravam.

Enquanto faziam força, riam dos seus escorregões, da lama em seus corpos, da cara suja. 

E brincavam, deixando que a chuva lhes lavasse as manchas da roupa. 

Empenhavam-se como irmãos.

Com o insucesso de retirar os filhos do tronco deitado, as mães e as avós resolveram participar da fantasia dos meninos. 

Logo, os homens se mobilizaram.

Largaram seus copos de café, que esquentavam seus corpos, e se colocaram à disposição do que consideravam uma causa perdida, uns em respeito às suas esposas, outros pelos seus filhos.

Depois de muito esforço, conseguiram deslocar a figueira para o lado. 

O caminho estava livre.

A seguir, providenciaram a retirada das grandes pedras do meio das ruas.

Aqueles momentos conectaram para sempre aquela gente. As faltas foram perdoadas, as desculpas foram aceitas.

Eram todos companheiros, empenhados num único propósito.

A discórdia deu lugar à união, o desespero à esperança, a tristeza à alegria, as trevas à luz e a dúvida à fé.

Finalmente, a comunidade havia entendido a vontade de Deus. 

Ele mandara a chuva, que desencadeara o episódio da derrubada da figueira e o deslocamento das grandes pedras.

Contudo, a união de todos, o esforço conjugado, resolvera a dificuldade.

Pedro descansava na lama, agora, enquanto sentia o afago de seus pais.

E todos haviam aprendido que o êxito é uma bênção de forças conjugadas da natureza, enquanto a força é ato, que significa compromisso no bem ou no mal, é a palavra que edifica ou destrói.

A oportunidade é a nossa porta de luz, no sagrado momento que passa.



Redação do Momento Espírita, com base no artigo A vontade de Deus e A figueira do caminho, da Revista Cultura Espírita, de janeiro.2014, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, Rio de Janeiro; nos verbetes Êxito, Força e Oportunidade, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier

Fonte:- Centro Espírita Caminhos de Luz
Pedreira - SP
Brasil

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