sábado, 15 de março de 2014

O que temos feito com nosso afeto?



 

Os desajustes humanos, na área da afetividade, queridos leitores têm sido a causa de uma imensa gama de sofrimentos morais e materiais da vida.

Estendendo a amargura de seus efeitos ao longo das diversas existências da alma, permitem que antigos adversários no afeto se reencontrem nas experiências traumáticas de grupos familiares obrigados a viver sob o mesmo teto para que se reajustem, decorrendo daí inúmeras divergências no seio da parentela próxima.

Traindo e sendo traídas, as pessoas se garantem, para o futuro, novos reencontros para a renovação dos compromissos desrespeitados, carregando para a estrutura da comunidade familiar, na condição de pais, filhos, filhas e irmãos, os antagonismos e conflitos iniciados nas experiências ancestrais da alma, em corpos diferentes.

Desgastando os centros energéticos nas condutas desregradas e levianas em uma determinada vida física, quando voltam à Terra, para futuras reencarnações, as novas organizações biológicas são modeladas. 

Tais almas implementam no arcabouço carnal que estão modelando os mesmos desajustes que lhes imporão desequilíbrios mentais, hormonais, metabólicos, como herança negativa de suas experiências abusivas nas diversas áreas do afeto.

Doenças uterinas ou testiculares, dificuldades de fecundação, desajustes emocionais que beiram os desequilíbrios mentais ou comportamentais denotam a marca indelével dos compromissos com práticas afetivas inapropriadas no ontem recente ou longínquo.

Daí ser tão importante a compreensão de tais mecanismos porque, com o conhecimento sobre tal processo, poderemos melhorar nossa conduta e entender o porquê da impropriedade da conduta leviana afetivamente irresponsável em nossos compromissos físicos.

Considerando que encontraremos em nossos caminhos todos aqueles que ajudamos ou exploramos, é bom que, já no presente, nossas atitudes, ainda que não possam espelhar, repentinamente, a elevação da santidade, sejam canalizadas para a estrada reta da seriedade afetiva, a sustentar o edifício das uniões.

Não um discurso moralista e de boas maneiras, a ameaçar com o inferno os devassos renitentes, mas a demonstração de que cada um encontrará em seu caminho o fruto de suas opções, estampado como a marca registrada de suas decisões, no bem tanto quanto no mal.

Não se trata, obviamente, de uma informação que agrade àqueles que estão acostumados a fazer da afetividade um pasto para o exercício de todas as mais baixas atitudes. 

Em plena época do prazer desenfreado, as vozes que se levantem para mostrar os efeitos desastrosos dessa falta de freios podem ser consideradas indesejáveis ou inoportunas.

Longe de nós a intenção de conduzir os homens e mulheres de hoje ao silêncio opressor dos claustros antigos, vestidos de roupas rústicas a se ferirem com espinhos e chicotes com o intuito de afastarem de si mesmos a tentação e a falta de pudor.

Apenas desejamos ressaltar que o equilíbrio e a moderação, a responsabilidade do sentimento sincero correspondem a uma estrada mais segura do que a leviandade à qual o ser humano está se entregando, porquanto, como a morte é o veículo que recolherá todas as almas, na hora em que tivermos que nos defrontar com o resultado de nossas atitudes na dor e na vergonha diante do túmulo, não poderemos culpar o mundo com seus mecanismos de devassidão e de facilitação ao vício como o responsável pelos nossos erros. 

Não terá sido, o mundo, o responsável pela nossa viciação moral por nos garantir a rota da promiscuidade como o exercício do direito à expressão da liberdade absoluta, sem ninguém para alertar que esse caminho não era o melhor.

Não! 

Isso não poderá ser dito.

Nós estamos aqui, buscando alertar que tal estrada é perigosa, tal alimento é podre, que o prazer desmedido do corpo é fonte de sofrimento desmedido para a alma.

Estamos aqui para dizer, repetindo antigo conceito, que
AQUILO QUE PARECE, NÃO É.

E AQUILO QUE NÃO PARECE, É!

Aquilo que parece um bem desejável pelas sensações que desencadeia, não é um bem desejável, realmente. 

Tanto quanto aquilo que corresponda a algo menos estimulante menos agradável, menos excitante, não é a expressão do sofrimento mas, sim, o bom investimento que remunera as renúncias de hoje com os vantajosos juros do equilíbrio e da ventura para aqueles que souberam se conter e se direcionar. 

Aos nossos interesses imediatos, muitas vezes a estrada mais reta não é a melhor.

No entanto, não nos esqueçamos de que a mais reta é, sempre, a mais curta.

Observe-se, interiormente, nestes instantes de meditação solitária.

Avalie o quanto tem sido sincera a sua demonstração de afeto para com aqueles que o rodeiam.

O quanto seus objetivos imediatos não estão contaminados pelos modismos, pelas imposições sociais, pelos conceitos da sensualidade opressora.

Veja qual o grau de comprometimento de seus pensamentos com assuntos sexuais, e o quanto tal tema escraviza suas palavras e comentários. 

Pergunte-se se você é somente isso. 

Se seu afeto é exprimido somente pelas secreções de seu corpo, no clímax dos relacionamentos íntimos. 

Quantas vezes você tem demonstrado carinho que não seja para atingir o ato sexual com alguém que lhe interesse.

Já sabemos que a Bondade Divina é incompatível com a existência física de um Céu ou de um Inferno, representando, sim, apenas estados de consciência de paz ou de culpa. 

No entanto, façamos a experiência hipotética de observar se, com o teor de nossos pensamentos, sentimentos e atitudes, nos qualificaríamos para ingressar no Paraíso.

Se, porventura, por seus defeitos e más inclinações, você reconheceu a impossibilidade de ingressar no Paraíso, será que percebeu que é você mesmo quem está construindo o próprio inferno íntimo?

Lutemos com clareza de propósitos para combatermos aquilo que cria trevas interiores nos erros e angústias que nos arrastam para sentimentos de vergonha e pessimismo, abrindo brechas para os processos de obsessão e influenciação promovidos por Espíritos viciosos.

Passemos a procurar aquilo que nos seja a garantia do equilíbrio e da paz interior, facultando-nos o exercício da sexualidade como um dos instrumentos do carinho verdadeiro, de um para com o outro.

Livro:- Despedindo-se da Terra
Cap. 34
Espírito Lúcius 
Psicografia de André Luiz Ruiz

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